sábado, 17 de abril de 2021

Cabo Verde/Eleições: Em Bissau acreditam que o seu voto será decisivo para vitória do Mpd ou do PAICV

As sedes de campanha do MpD e do PAICV em Bissau estão com apoiantes entusiasmados de Ulisses Correia e Silva e Janira Hopffer Almada, com ambos a acreditarem na vitória nas eleições legislativas de domingo, em Cabo Verde.

Tanto na sede do Movimento para a Democracia (MpD), no bairro de Cupelão de Baixo, bem junto à mesquita, como na do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), junto à discoteca Tropicana, no bairro da Praça, a convicção é de que o voto do eleitor cabo-verdiano residente na Guiné-Bissau será decisivo.

O MpD fixou as suas bases numa sede emprestada pelo Partido da Renovação Social (PRS), terceira força política no parlamento guineense, mas que faz parte do atual Governo.

Na sede do MpD, que tem por fora a bandeira de Cabo Verde a flutuar, não é difícil encontrar imagens do PRS, mesmo que aqui e ali disfarçadas com cartazes, faixas em pano com informações sobre o partido cabo-verdiano e o rosto de Ulisses Silva.

Milton Miguel Duarte, coordenador do MpD na Guiné-Bissau, apresentou o PRS e outros partidos, como sendo “amigos que ajudaram a campanha” que hoje termina em Bissau com um encontro de militantes e apoiantes de Ulisses Correia e Silva.

Um estabelecimento hoteleiro de Bissau estava ao meio da tarde com apoiantes do MpD vestidos com a ‘t-shirt’ vermelha com o rosto de Ulisses Correia e Silva, a quem congratularam ao som da música emitida a partir de uma carrinha de caixa aberta, aos berros.

O proprietário do hotel é o coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15), segundo partido mais votado no parlamento guineense, atualmente no Governo.

Milton Duarte acredita que também com o voto dos eleitores no território guineense, Ulisses Correia e Silva voltará a ser primeiro-ministro de Cabo Verde, porque o seu Governo “cumpriu com tudo o que prometeu” aos cabo-verdianos residentes em Bissau.

“Demos a embaixada, subimos a pensão das nossas senhoras, que recebiam uma pensão muito miserável de 10 mil (escudos), subimos para 24 mil, depois destas eleições vão ser subidas, seguramente para 40 mil”, declarou Milton Duarte.

Aos jovens filhos ou descendentes de cabo-verdianos, Milton Duarte prometeu que com o MpD no Governo haverá mais bolsas de estudos tanto para estudar na Guiné-Bissau como em Cabo Verde.

Já o PAICV instalou a sua sede no centro de Bissau, onde são visíveis viaturas que o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) usou na sua última campanha eleitoral em 2019, ainda que ornamentadas com as imagens do partido homónimo de Cabo Verde.

João Cassiano Cardoso é um antigo dirigente de um partido na Guiné-Bissau, mas pela sua ligação a Cabo Verde aceitou assumir a direção de campanha do PAICV com o objetivo de fazer eleger Janira Hopffer Almada primeira-ministra nas eleições de domingo.

“Isso é prioritário, porque Janira veio para resgatar Cabo Verde, por exemplo se analisarmos as promessas de governação do MpD vemos claramente que o PAICV tem que assumir a liderança do país porque senão Cabo Verde vai afundar”, declarou à Lusa Cassiano Cardoso.

Para este ativista do PAICV, a situação de Cabo Verde “é grave”, dando o exemplo da companhia de bandeira TACV que, disse, foi completamente dilapidada pelo atual Governo que tinha prometido adquirir 11 aviões para a empresa.

Se o PAICV ganhar as eleições de domingo, Cassiano Cardoso vai propor ao Governo que melhore as condições dos seus cidadãos residentes na Guiné-Bissau, que dê mais bolsas de estudos para os jovens e que recupere uma antiga propriedade agrícola dos cabo-verdianos em Bambadinca, no leste do território guineense.

Tanto na sede do MpD como na do PAICV notam-se as presenças de caras que estiveram nas campanhas eleitorais de partidos guineenses, mas que agora se batem pelas eleições cabo-verdianas.

Numa coisa as duas candidaturas estão de acordo: É preciso dar documentos cabo-verdianos aos descendentes para que a comunidade passe dos atuais 350 eleitores para 800.

As eleições legislativas em Cabo Verde elegem em 18 de abril a Assembleia Nacional, composta por 72 deputados eleitos por sufrágio universal, direto, através de círculos eleitorais, em cada ilha e na diáspora, e contam com cerca de 393 mil eleitores.

Mais de 340,5 mil eleitores estão em Cabo Verde e 52,5 mil no estrangeiro.

Conosaba/Lusa

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