[ENTREVISTA_semana 16_2021] O presidente do Sindicato de Base dos Trabalhadores da Imprensa Nacional-INACEP, Walter Mendonça revelou na terça-feira, 20 de abril de 2021, que o sindicato desconhece o paradeiro de 16 milhões de francos CFA disponibilizados pelo ministério das finanças para a conta bancária da INACEP e exige, por isso, explicações ao diretor-geral da empresa, Bamba Bandjai. Para além da exigência sobre o paradeiro dos 16 milhões de francos CFA, o sindicato quer ainda que a situação do dinheiro derivado da produção de passaportes e certificados seja esclarecida, porque ” sempre que questionamos o diretor diz que a receita não está a entrar”.
Walter Mendonça falava em entrevista exclusiva ao semanário O Democrata para abordar a situação salarial e da greve decretada pelos trabalhadores, na INACEP. Na entrevista, frisou que a paralisação dos serviços da Imprensa Nacional tem a ver com o não de pagamento de seis meses de salários em atraso desde que o atual diretor-geral assumiu a liderança da empresa, a melhoria de condições de trabalho e a demissão do diretor-geral, porque “tentamos falar com atual diretor de todas as formas possíveis, mas não conseguimos chegar a uma conclusão, que possa tirar a empresa da situação em que se encontra neste momento”.
O sindicalista informou que neste momento a INACEP está com falta de computadores, de impressoras e máquinas mais modernas para fazer face ao desafio e às exigências do mercado, porque “os materiais que a INACEP tem são do século passado”.
Segundo Walter Mendonça, desde que o atual diretor-geral da INACEP assumiu funções, herdou uma dívida de três meses, uma dívida de cinquenta e um milhões de francos CFA que o ministério das Finanças tinha mandado liquidar, mas Bamba Bandjai terá usado os 51 milhões para pagar salários a partir do momento em que começou a dirigir a INACEP, por isso “continua a dizer que tem apenas dívida de três meses aos funcionários”.
Questionado sobre o que deve ser feito para que a greve em curso possa ser levantada, Walter Mendonça não foi específico na sua resposta, mas disse que os funcionários da INACEP estão a exigir vários pontos, entre os quais, a melhoria de condições e a mudança do diretor-geral, porque “não tem projetos nem ideias para resgatar a Imprensa Nacional da situação em que se encontra”.
DIRETOR GERAL REVELA QUE TRABALHADORES TÊM NOVENTA E SEIS MESES DE SALÁRIOS ATRASADOS
Em reação, o diretor-geral da Imprensa Nacional (INACEP), Bamba Bandjai, disse que quando assumiu funções, herdou uma dívida de 96 meses de salários em atraso e os trabalhadores queriam que lhes pagasse quatro meses em atraso.
“Disse-lhes que aquela dívida não acontecera na minha administração e só a liquidaria se houvesse meios, de maneira que até ao momento só tenho três meses em atraso desde que assumi a liderança da empresa INACEP”, sublinhou.
O responsável máximo da INACEP informou que quando chegou à INACEP, constatou que os trabalhadores estavam com 96 meses de salários em atraso e 20 anos sem descontar a segurança social. Bandjai frisou que tudo isso aconteceu no passado, antes de a sua administração assumir as rédeas da INACEP.
Bamba Bandjai afirmou que a reivindicação que está a ser levada a cabo neste momento pelo sindicato de base e o número de meses que alegam estar em dívida não correspondem à verdade “é uma calúnia e intriga”.
Sobre os 16 milhões de francos CFA cujo paradeiro o presidente de sindicato de base diz desconhecer, Bamba Banjai explicou que o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) depositou 20 milhões de francos CFA na conta da INACEP. Deste montante, quatro milhões foram para pagamento de impostos ao ministério das Finanças. E dos 16 milhões que restaram 15 milhões foram canalizados para a compra de matéria prima em Dakar, para o funcionamento da empresa.
O diretor-geral da INACEP revelou na mesma entrevista que a INACEP tinha contraído um empréstimo de 85 milhões de francos CFA a um dos bancos comerciais de Bissau que deveriam ter sido pagos num prazo de 6 meses, mas por falta do cumprimento desse acordo, o banco passou a descontar qualquer dinheiro que entre na conta da empresa e “expliquei essa realidade a todos os funcionários, mas não percebo a intenção do sindicato”.
“Aquilo que está a acontecer é uma calúnia, porque uma simples reivindicação de um sindicato para exigir melhoria de condições de trabalho não chegaria ao ponto de pedir a exoneração do diretor-geral, isso já é política, porque são militantes e ativistas do PAIGC e é na sede dessa formação política que essa situação está a ser preparada”, acusou.
“Se Domingos Simões Pereira quer ganhar eleições neste país, deve deixar esse jogo com sindicatos de base através da internet”, afirmou.
Bamba Banjai aconselha, por isso, que quem quer fazer política deve deixar o sindicalismo, porque “o que está a acontecer na INACEP é uma vergonha”, indicou e anunciou que já está a preparar um processo judicial contra o presidente do sindicato de base dos trabalhadores para este provar as alegações conta a sua pessoa, “sendo homem de família e dirigente político, não posso admitir essa situação”.
Bamba Bandjai convida todo e qualquer indivíduo que tenha provas de corrupção contra a sua pessoa que as apresente nos fóruns judiciais, pois se isso acontecer “entregarei o meu pedido demissão no mesmo dia”.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A
Conosaba/odemocratagb
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