terça-feira, 20 de abril de 2021

NASCE EM BISSAU: O "MOVIMENTO MINDJER IKA TAMBUR"

 

Fonte:Binta Mané


O Movimento Mindjer Ika Tambur ( MIKAT), é uma organização não governamental e apartidária sem fins lucrativos, que visa conscientizar a sociedade Guineense sobre os direitos humanos das mulheres, metigar as violências com base no Género, através de incentivo das denúncias à práticas nocivas e violentas contra mulheres e meninas na Guiné-Bissau, anuncia abertura de inscrições para novos membros ou voluntários, com interesse e convicção de fazer parte do movimento.
Para mais informações contacte-nos pelos números: 955764203/ 955544813/ 955421653/ 955937358.
Desde já agradecemos à vossa atenção e disponibilidade de compor a equipa de Mindjer ika Tambur.
Bissau, 30 de Março de 2021
A Coordenação


MOVIMENTO MINDJER IKA TAMBUR

O Movimento Mindjer Ika Tambur (MIKAT), iniciou-se a formação de Nivelamento com os Associados, sobre o tema:
- O Género (Mito de Origem da Mulher, feminismo e machismo).
No Liceu Dr. Agostinho Neto, formação orientada pela coordenadora Yolanda Victor Garrafão e Adama Baldé Secretária-Geral.
De salientar, que vai continuar esta formação para os novos associados até final de Maio, para todos os Domingos, no Liceu Dr. Agostinho Neto, às 15H:30mn.
Bissau, 18 de Abril de 2021
A Coordenação
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Yolanda Victor Monteiro Garrafão
Entrevista da Coordenadora do Movimento Mindjer Ika Tambur Alusivo a 08 de Março
Nome: Yolanda Victor Monteiro Garrafão
Socióloga e Docente Universitária
Meu Sonho: um mundo mais justo e igualitário
A data de 8 de março de 1857 exige de mim grande decodificação pensando no tempo e no espaço, não obstante foi um evento social extremamente condenável de um lado e por outro, nessa mesma época corpos negros e da mulher negra em especial nesse mesmo contexto eram considerados objetos, ou seja, nem se quer o estatuto da mulher tinham, nos olhos da escravidão.
Digo isto, visto que enquanto as mulheres brancas reivindicavam melhoria de condições de trabalho as mulheres negras nem tinham voz é claro, na escravidão não se pode ter voz afinal “objetos” não podem falar.
Estou problematizando essas questões pelo seguinte fato: As datas internacionalizadas geralmente partem do ocidente, não é? Isso demonstra a homogenia do mesmo, ou seja, por mais que sejamos todas mulheres mais o tratamento é diferenciado. Isso me lembra os estupros em massa, genocídio das mulheres que aconteceram em alguns cantos do continente Africano, essas tragédias foram internacionalizadas? Que eu saiba não!
Quero demonstrar com essa afirmação que por mais que o patriarcado nos atinge mundialmente é importante lembrar variante raça e classe, ademais esse marco histórico demonstra que as opressões que atingiram e ainda atingem as mulheres negras percorrem por diversas vias, ou seja de forma interseccional.
Apesar disso, não estou contra a essa data internacional, caso contrário eu estaria a usar mesmo modos operandi da hegemonia branca, mais sim quero trazer reflexões com olhar crítico decolonial, por mais que queiramos tornar essa luta internacional ou transacional é importante levar em conta o lugar da mulher preta, Africana e Guineense em especial.
Sendo assim zelamos pela Sororidade entre as mulheres mundialmente e sem esquecer das nossas especificidades, no Movimento Mindjer ika Tambur essa bandeira de luta é clara.
Essa data é oportuna para MINDJER IKA TAMBUR como data de profunda reflexão, debates sobre avanços e desafios das mulheres mundialmente e da Guiné Bissau em particular, para com isso pensar numa agenda eficiente, não obstante temos muitas ambições é claro, visto que o problema da mulher é extremamente complexo, sem perder de vista que o movimento está na sua fase embrionária, sendo assim estamos caminhando com passos lentos e seguros.
A respeito dessa data na Guiné-Bissau percebo que se tornou “tradição” jogar futebol feminino, que eu acho bom afinal pode ser uma grande estratégia como aprendemos com o Cabral, futebol ali pode não ser exclusivamente o ato de correr atrás da aquela bolinha risos mais pode ser um espaço de construção da unidade e solidariedade entre as mulheres para assim construir uma frente, afinal somos a maioria da população Guineense sendo assim como nossa grande ativista diásporica Angela Davis afirma, quando a mulher negra levanta a sociedade inteira se movimenta já pensou se as mulheres Bideras deixarem de ir ao mercado risos, ou se deixarem de dedicar a horticultura etc.
Portanto é necessário disseminar o espírito de luta entre as mulheres aliás não estamos a inventar a roda a luta da emancipação da mulher se funda com a construção do estado nação Guineense, as mulheres sempre estiveram presentes com bala na cabeça e crianças nas costas.
Na Atualidade observamos um desvio total da aquilo que foi a ideologia do nosso grande aliado da luta Amílcar Cabral, parafraseando o mesmo quem está lutando contra opressão do regime colonial Português, que oprime as mulheres ou esta conivente com esse ato, está agindo pior que o Regime em questão. Para finalizar Movimento Mindjer ika tambur simplesmente está dando continuidade da aquilo que já tinha sido fundado.

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