05 Out, 2019, 07:19 | Mundo
O candidato às eleições presidenciais guineenses Umaro Sissoco Embaló aponta o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) como beneficiário do tráfico de droga no país, pelos meios que ostenta nas campanhas eleitorais.
"Nós vimos nas legislativas, na campanha do PAIGC, UM Boeing 77300, só uma hora de voo são 30.000 euros. Fretaram um avião que fez três voos para a Guiné-Bissau, esse dinheiro veio de algum lado", diz o candidato apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15), em entrevista à agência Lusa, em Lisboa, considerando que "nenhum Estado hoje vai dar apoio para alugar um avião e financiar materiais de campanha para um partido político, sobretudo na Guiné-Bissau".
"Portanto, esse dinheiro veio de algum lado e uma semana depois é apreendido um camião que ia fazer o trânsito da droga", diz, referindo-se à apreensão de quase 800 quilos de cocaína, um dia antes das legislativas de 10 de março último.
Agora, pouco antes da campanha para as presidenciais, "há a maior apreensão da história da Guiné-Bissau", diz, sobre as cerca de duas toneladas de cocaína apreendidas em 02 de setembro, acrescentando que "há um candidato na Guiné que quer ser eleito Presidente a todo o custo" e que para isso está disposto a "passar por tudo, por todos os meios".
Questionado sobre se está a acusar diretamente Domingos Simões Pereira, o candidato do PAIGC, Umaro Embaló respondeu que não.
"Não estou a fazer o julgamento do Domingos Simões Pereira, eu conheço-o, até tenho respeito por ele como homem, mas não confio nele", disse, considerando que o líder do PAIGC "dividiu a sociedade guineense".
O candidato apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15), fundado por dissidentes do PAIGC, considera que "nunca como agora a Guiné-Bissau teve este ponto de violência verbal nas redes sociais com a criação de perfis falsos, aliciamento de pseudo-jornalistas para criarem blogues, insultar as pessoas", defendendo que "a política não se faz assim".
Questionado pela Lusa sobre a origem do financiamento da sua campanha, o ex-primeiro-ministro guineense (entre novembro de 2016 e janeiro de 2018) refere que é apoiado pelos "poucos, mas bons amigos" que tem e pelas "quotas do partido", garantindo que vai fazer uma "campanha modesta, casa a casa, porta a porta", tal como o partido fez nas eleições legislativas, quando, exemplifica, havia até "falta de camisolas".
"Nós nunca tivemos uma campanha extravagante porque nós somos pessoas de bem [...] é por isso que fomos vítimas [...] porque não estamos associados ao narcotráfico", diz, afirmando que tem "as mãos limpas e a consciência tranquila".
Sobre as acusações de que foi alvo de alegadas ligações ao terrorismo, Umaro Sissoco Embaló volta a referir Domingos Simões Pereira, considerando que as suas acusações não têm fundamento.
Em novembro de 2017, o líder do PAIGC e o presidente da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU - PDGB), Nuno Nabian, acusaram Umaro Embaló, então primeiro-ministro, de ligações ao terrorismo, porque os seus números de telemóvel constavam no telefone de um terrorista morto num país vizinho da Guiné-Bissau.
E Embaló faz ainda questão de explicar o motivo por que usa um turbante.
"Isso que eu uso é um símbolo de respeito [...] eu fiz uma peregrinação à cidade santa de Meca e este é o símbolo de responsabilidade, de idoneidade. É por isso que eu uso este lenço, não por uma questão de terrorismo", justifica.
Sobre se pretende com esta imagem, que já é adotada por muitos dos seus apoiantes, transmitir uma mensagem religiosa ao eleitorado muçulmano do país, o candidato respondeu que não, referindo que já usa turbante "há 20 anos" desde que foi trabalhar para a Líbia "com o coronel Kadhafi", o líder líbio morto em outubro de 2011.
"No deserto usávamos turbante e é também uma questão de gosto", justifica.
Além de Embaló e de Simões Pereira, entre os 19 candidatos às eleições presidenciais previstas para 24 de novembro próximo estão o atual Presidente, José Mário Vaz, o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, ambos como independentes, e Nuno Nabian, da APU-PDGB.
Conosaba/Lusa
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