Alteração climática tem suscitado vários debates em todo mundo. Essa discussão em torno das mudanças e aumento das temperaturas e dos níveis das águas do mar tem criado em mim várias veias de preocupações. No princípio, fui arrastado por essa onda climática europeia e mais tarde por uma menina sueca de nome Greta Thunberg. Fui levado às cegas por acreditar que o futuro das crianças e do Mundo como disse ela e mais pessoas está em perigo. E é bem verdade. Não há como pensar o futuro sem pensar no espelho desse futuro, as crianças.
A planeta terra só tem significado para nossa espécie enquanto tiver a quem viver nele, o que me leva a não crer nesse discurso burguês do aquecimento global. Não podemos fugir da nossa responsabilidade social enquanto parte constituinte desse mundo.
Mas esse discurso da preocupação do nosso planeta é tanto caviar quanto manipulador.
É caviar por se tratar de uma luta por um futuro que não engloba todo mundo. A luta de muitas pessoas que vivem em situações de guerra, não é o futuro, mas é buscar sobreviver a cada dia, a cada instante das suas vidas em lugares geopoliticamente condenados. Muitos conflitos, o caso da Líbia, Síria, Iraque da Somália para falar de algumas e a onda dos emigrantes que buscam a Europa via mar, são efeitos das políticas ocidentais mas seu ruído em termos de uma onda solidaria não é universalizado para não falar do aumento do número dos xenófobos.
Nível de vida para muitas pessoas em muitos países africanos, latinos americanos e asiáticos é de uma constante luta com fome e miséria, não de um futuro que não sabem se podem chegar, se bem que a morte e a fome, andam sempre aos lados das suas vidas. Algo que a Greta e muitas crianças não sabem, porque já nasceram salvos por pertencerem ao lado dominante do o preço do amanhã[1], e muitos desses movimentos ecológicos desconhecem ou fazem vista grossa ao que passa com crianças além zonas da memória ocidental . A preocupação com aquecimento global, me parece uma preocupação burguês. Aquilo que Boaventura chama de reinventar, acredito, essa humanidade tosca que estamos vivendo, precisa reinventar outra vez. É muito tosco toda essa onda da
[1] Referência ao filme onde sua vida é medida no tempo, para alguns a vida é questão de tempo para outros é décadas.
preocupação do planeta, se todos os dias fechamos os vidros dos nossos carros á aquelas pessoas que ficam na estrada pedindo só para comprar um prato da comida, de uma mãe que pede só para que o filho/a possa não morrer de fome, das proibições dos barcos de salva vida aos emigrantes, mas nas redes sociais ou lugares públicos tornamos todos filantropos. Que sintoma de um câncer social é esse? A cegueira com o presente já é oficial, agora é futuro seleto. Que admirável racionalidade filantrópica.
FIDJU DE DJINTI DA SILVA(FDS)
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