O economista guineense Carlos Lopes disse hoje, em Lisboa, que as grandes expetativas geradas pelas eleições na Guiné-Bissau acabam goradas pelo comportamento dos políticos, admitindo que o cenário se repita nas presidenciais de 24 de novembro.
"Têm trazido sempre grandes expetativas que depois são goradas por causa do comportamento de alguns atores políticos", disse Carlos Lopes.
O economista adiantou que o próximo "processo eleitoral tem alguns elementos que podem permitir estabilidade", mas ressalvou que "isso não é garantido".
"Depende muito do comportamento dos atores políticos", reforçou.
O representante da União Africana para as negociações com a União Europeia comentava hoje, instado pelos jornalistas, em Lisboa, à margem de uma conferência sobre os desafios da agenda para África, as próximas eleições presidenciais na Guiné-Bissau, marcadas para 24 de novembro.
Questionado sobre os receios manifestados recentemente pelo ex-Presidente da Nigéria e antigo mediador para a Guiné-Bissau Olusegun Obasanjo de que, em caso de derrota, o atual chefe de Estado se recuse a deixar o poder, Carlos Lopes rejeitou a ideia de uma escalada da situação.
"Não vamos chegar a uma escalada, porque já estamos bastante baixos no patamar. O que se pode antecipar é que a Guiné-Bissau precisa de uma estabilidade que é difícil de conseguir através das instituições que tem neste momento", disse.
"Temos que passar por um processo de reformas muito ambiciosas e espero que tenham lugar o mais depressa possível.
Carlos Lopes considerou, por outro lado, que o problema do narcotráfico no país é precisamente uma manifestação "da ausência da capacidade governativa e do Estado".
"Há necessidade de criar as condições para que o Estado exista de forma mais consentânea com aquilo que é um processo de desenvolvimento. Temos tido uma pauperização do Estado devido a vários conflitos que só agravam a situação e permitem, de facto, essa promiscuidade entre o que é publico e privado", disse.
As eleições presidenciais estão previstas para 24 de novembro e a segunda volta, caso seja necessária, será em 29 de dezembro.
A campanha eleitoral tem início em 01 de novembro.
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) deverá anunciar em 15 de outubro os candidatos aprovados para participar no escrutínio, mas o período pré-eleitoral está já a ser marcado por uma escalada verbal de acusações entre candidatos.
Conosaba/Lusa
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