Caros
leitores, este artigo de opinião não se trata de difamação da personalidade de
qualquer cidadão, cujo direitos garantidos na Constituição, assim como, demais
leis. Assim sendo, espero que se faça uma análise a luz da razão e não a partir
dos sentimentos movidos pela emoção. O artigo propôs apresentar algumas vozes
que foram silenciadas com nomeações políticas, dentre os quais: Calos Vamain,
Helder Vaz, Delfim da Silva, Victor Correia e em destaque Lesmes Monteiro.
A
par dos movimentos independentistas ou revolucionários com a ideologia da
libertação, emerge nos primórdios do século XXI os movimentos de intervenção ou
sociais contemporâneos em Guiné-Bissau, uns com viés social em defesa dos
valores da cidadania, assim como os problemas que afetam a vida dos citadinos,
por outro lado, os movimentos políticos com a máscara do social no sentido de
inverterem a visão da opinião pública.
Durante
os 5 anos a Guiné-Bissau viveu nas sombras da frustação e consequentemente o
florescimento do divisionismo político, jamais visto. A situação gerada pelo
protagonismo político e luta pela manutenção dos privilégios. Com a
efervescência da crise, surge o Movimento dos Cidadão Conscientes e
Inconformados (MCCI), com a voz ativada de Lesmes Monteiro, como sendo
porta-voz.
Antes
de adentrar nos demais movimentos que surgiram ao longo da crise, me permitam abrir
parêntese e trazendo um breve conceito de movimento social, de salientar que existem
inúmeras concpeções sobre referido ponto.
De
acordo com Gustavo Paccelli da Costa, “os movimentos sociais sempre
representaram mecanismos de contestação, construção e reconstrução da vida em
sociedade. Através de suas lutas, realizam diagnósticos preciosos do mundo
social. Como consequência, os movimentos sociais se apresentam como
transformadores da dinâmica social na medida em que questionam a ordem vigente
propondo um modelo de construção plural da sociedade e buscando aprofundar a
democracia em seus diversos níveis”.
Nisso,
o Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados representa para muitos o
símbolo da juventude, tendo em conta várias manifestações promovidas em “defesa
do interesse do povo”. Por ter surgido no momento de grande agitação política,
o movimento atraiu e despertou atenção de inúmeros guineenses, que viam o José
Mário Vaz como o único responsável da crise. Ora, não resta dúvida que qualquer
movimento independentemente da ordem (social, político, religioso) apresenta a
centralidade da luta, mas quando se trata de movimento social, o verdadeiro
“inimigo” é o governo, não apenas uma entidade política.
Na
essência, o (MCCI) atuou contra as posições defendidas pelo Jomav. Diante desta
situação, a questão que se coloca é o seguinte; - Movimento dos Cidadãos
Conscientes e Inconformados, defendem as pautas do interesse nacional ou
atendem a agenda do partido africano da “dependência” da Guiné e Cabo avançado.
(PAIGC)? O que me leva a fazer este questionamento é que, o referido movimento
sendo Lesmes Monteiro protagonista nos primeiros momentos, não marchou contra
as posições do PAIGC, apenas Jomav.
A
partir desse questionamento surgem vários movimentos em contraposição das ideias
do (MCCI). Em destaque, aparece o movimento o Cidadão, desta forma, a avenida
combatente da liberdade da pátria configura no palco das emoções teatrais dos
movimentos, que lutam em defesa dos grupos políticos. Nos períodos subsequentes,
aparece o grupo denominado Estamos a Trabalhar militando no Jomavismo e sua
companhia, tendo como protagonista o engenheiro sem título Botche Candé.
Nesse
embate, a era que se vive em Guiné-Bissau é chamada de divisionismo, a mesma
também vai ser conhecida como silenciamento das vozes. Me permitam navegar no
tempo para sistematizar esta novela.
No
período da transição após a alteração da ordem constitucional feito pelo grupo
conhecido como comando militar, haviam várias vozes, críticos ao sistema. Nesse
momento destaco Carlos Vamain, o advogado difundia suas críticas numa das
rádios da capital Bissau, mas foi silenciado sendo nomeado ministro da função
pública no governo passa tempo (transição).
De
igual modo, o conhecido professor e inspiração de muitos alunos, também foi
condecorado com o silêncio, sendo nomeado ministro de negócios estrangeiros,
assim como, embaixador da Guiné-Bissau junto à ONU na era Jomav.
Em
2014 pela normalidade constitucional, o país realizou as eleições presidências onde
José Mário Vaz saiu como vencedor. Na disputa presidencial o debate entre Jomav
e Helder Vaz ficou conhecido com as seguintes palavras; Jomav ka tene nim um kilograma de
preparu pa sedu presidente; no ka precisa di djintis ku ta papia tchiu.
Mesmo
após a corrida presidencial, Helder Vaz ainda anunciava suas críticas,
infelizmente foi silenciado com o cargo de Embaixador da Guiné-Bissau em
Portugal.
Victor
Correia conhecido no mundo de futebol, naturalizou pela Guiné-Conacri e atuou
como profissional defendendo as cores desta república. Crítico e atento a situação
da Federação Nacional da Guiné-Bissau e apoiante de Domingos Simões Pereira, caiu
no silêncio ao assumir o cargo de coordenador de gabinete técnico estratégico
para os assuntos de futebol.
Por
fim, Lesmes Monteiro conhecido no mundo da música pelas suas críticas
intervencionais, tanto pelo governo, assim como a sociedade. Cidadão atento aos
problemas do seu país. Firmou seu posicionamento face a crise da era Jomavismo,
atribuindo o mesmo como o único responsável da crise. Junto com “seu” movimento
caminhou pelas vias da capital Bissau e não só. Ao longo de todo esse período,
Lesmes é conhecido como grande ativista, que defende apenas uma parte. Por mais
que não tenha deixado nítido seu posicionamento político, mas, suas atuações
nos mostra uma certa inclinação ao PAIGC, assim como, seu líder Domingos Simões
Pereira.
Como
recompensa da luta dos apoiantes do PAIGC recebeu o prémio de melhor ativista.
O prémio foi avaliado em esforço, dedicação e perseverança em defesa deste
misterioso partido e abre o caminho a mais uma voz em silêncio, tendo em conta
o cargo de acaba de assumir, 3° vogal no conselho de administração de
Petroguin.
Caro
Lesmes, nos últimos anos pela sua cidadania ativa, defendeu a ideia do concurso
público no aparelho de estado, entretanto, a sua nomeação se trata de uma
indicação política, sendo cooptado pelo sistema. Ao longo da sua trajetória
como ativista, em momento alguns apontou uma crítica de forma direta ao PAIGC,
entende-se que essa é a ideologia difundidada pelo vosso partido, menos crítica
e mais aplausos, em contraposição a recompensa. Por esta via, pressuponho que
serão nomeados vários jovens com viés dominguista.
A
partir desse ponto, me permitam apontar o exemplo dos cidadãos atividades que
lutaram em defesa da nação, em outros países da África e, sem o desejo de
recompensa.
Alcinda
Honwana, no seu artigo intitulado – juventude Waithood Protestos Sociais em África,
apresentou experiência dos jovens ativistas africanos que lutaram pelos diretos
civis em Moçambique, África do Sul, Tunísia e Senegal. No entanto, trago apenas
alguns exemplos. Em Maputo, (fevereiro 2008 e setembro 2010) os jovens saíram
as ruas contra o aumento de produtos da primeira necessidade. Na Tunísia os
jovens mobilizaram o povo e derrubaram o presidente Bem Ali, em janeiro de
2011.
Os
jovens senegaleses do movimento Y'en a Marre! (Basta!), desencadearam uma
campanha contra a reeleição do presidente Abdoulaye Wade em fevereiro de 2012.
Com a vitória de Macky Sall, os jovens do referido movimento foram chamados
para assumir cargo, no entanto, recusaram o convite, pois o objetivo da luta
não traduz em recompensa. Caro Lesmes Monteiro, esse é o verdadeiro sentido da
luta.
Em
suma, defendo a ideia da integração dos jovens no aparelho de estado e demais
espaço, mas não através de nomeações como símbolo de recompensa.
Na
Guiné-Bissau, vivem da política, mas não a fazem!
Tedse
Silva Soares da Gama, Licenciando em História – UNILAB/Brasil/Ceará.
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