Inês Rodrigues recebeu o galardão eco-cidadã. Fotografia:D.R.
O projeto ‘Tabanca Solar’, desenvolvido por Inês Rodrigues, venceu a 7ª edição do Prémio Terres de Femmes Portugal.
Inês Rodrigues constrói aldeias solares na Guiné Bissau, e a energia consumida é conseguida por uma lâmpada, forno, desidratador e painel solar. Este projeto ‘Tabanca Solar’, venceu a 7ª edição do Prémio Terres de Femmes Portugal, iniciativa que todos os anos destaca um projeto em curso levado a cabo por uma mulher portuguesa, anunciou quarta-feira, em Lisboa, a Fundação Yves Rocher.
O “Tabanca Solar” surgiu no âmbito da atividade de Inês Rodrigues enquanto professora e formadora, confrontada com as histórias de vida de alguns alunos oriundos de países africanos. A partir dessas histórias, idealizou um conceito de aldeia solar onde a iluminação das casas, a confeção das refeições e a conservação dos alimentos dispensasse qualquer tipo de fio elétrico.
Através da simples reutilização de garrafas de água, Inês Rodrigues conseguiu iluminar as habitações de duas aldeias da Guiné, como se de lâmpadas de 50W se tratassem.
Para evitar acidentes domésticos causados pela utilização de fogo e panelas no chão, bem como o abate diário de árvores para obtenção de madeira, Inês criou também um forno solar que permite confecionar uma refeição para uma família de cinco pessoas em cerca de uma hora.
Com o objetivo de dar resposta à falta de meios de conservação alimentar, o que resulta na escassez de provisões para a população, o projeto de Inês Rodrigues criou ainda um desidratador solar, equipamento que permite a secagem e conservação de frutas e legumes sem que estes percam as suas qualidades e valores proteicos durante o período de dois anos,
Recorrendo à energia solar, Inês trabalhou também na criação de um sistema fotovoltaico que permite iluminar centros de saúde e escolas, permitindo a assistência à população durante a noite, bem como a alfabetização após a jornada de trabalho.
Para executar o seu projeto, Inês Rodrigues criou a Educafrica, Organização Não Governamental à qual preside, cujos voluntários estudam e desenvolvem soluções para problemas reais diagnosticados na Guiné-Bissau, país onde posteriormente são implementadas.
O galardão de eco-cidadã foi assim entregue a Inês Rodrigues, e ao seu projeto inovador, bem como um prémio pecuniário no valor de 10 mil euros. Agora o projeto entra na corrida ao Prémio Internacional que disputará com outros oito países, bem como ao Prémio do Público, no valor de 5 mil euros, sujeito a votação online, de 9 a 27 de março.
Menção especial
O projeto ‘Cabaz de Peixe’, da autoria da bióloga Catarina Grilo, recebeu também uma menção especial no valor de três mil euros.
Este projeto está a ser desenvolvido em Sesimbra e pretende, através do envolvimento das comunidades piscatórias na comercialização do produto da sua atividade, reduzir o desperdício de peixe ao mesmo tempo que disponibiliza ao consumidor um produto de origem local a um preço mais reduzido.
Ao comercializar o peixe sob a forma de cabaz, com a particularidade do consumidor receber regularmente uma quantidade fixa de pescado, o projeto de Catarina Grilo permite que espécies desconhecidas da população e com baixo valor comercial sejam assim aproveitadas de forma ambientalmente eficiente.
As dezenas de projetos submetidos à 7.ª edição do Prémio Terre de Femmes Portugal foram avaliados por um Júri nacional independente constituído por representantes da Liga para a Proteção da natureza (LPN); Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território; e Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL).
Criado há 15 anos pela Fundação Yves Rocher, o Prémio Terre de Femmes visa distinguir, dar visibilidade e apoiar financeiramente projetos de mulheres eco-cidadãs que trabalham por uma pegada cada vez mais positiva.
dinheirovivo.pt/Conosaba
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