Nortenho por nascimento, portista por
obrigação. Bebeu no leite materno e no exemplo paterno valores e sentimentos,
mas foi em Canchungo que aprendeu as palavras com que se dizem, sustentam e
vigoram.
Foi lá que aprendeu entender a vida e a
entender-se que afirmou conceitos e a prática de cidadania.
Sorte de principiante. Não se lembra ao certo
de quando começou a jogar futebol. Desde cedo andava com bola no pé, em grandes
partidas na escola. Descobrindo-lhe o talento, e dai ao convite para jogar no
clube da sua cidade natal, e não hesitou com 14 anos, assinou contrato por duas
épocas e em 1979 emigrou-se para Portugal, e onde começou a jogar em
Vila-Novense (Gaia), porém no mesmo ano o Porto convenceu-o a mudar para escola
de formação. Sete anos volvidos, com o futebol clube do Porto.
Apesar de não jogar no porto, construiu uma
sólida carreira profissional e onde esteve nos grandes clubes portugueses,
nomes como: Aguida, Varzim, Guimarães, Marítimo,
Estrela de Amadora, Boavista e Estados Unidos. Qualquer treinador com
ambições no mundo de futebol gostaria de treinar este craque, médio defensivo
exemplar, forte na marcação, consciente na forma como sobe no treino e sem
pontos fracos no seu jogo, ele é o típico atleta que encarou a carreira com
seriedade louvável e como a principal prioridade da vida. Abençoado pela forte
estrutura física, foram poucas as lesões que o apoquentaram, permitindo-lhe
estar sempre ativo.
Falar
do Bobo é sinónimo: raça, força, versatilidade e técnica. Este médio de
compleição física invejável. Inteligente, sentido táctico e capacidade de
liderança. Em Mauritânia apelidei o homem de maratona devido à excelente
condição física, revelou-se o complemento ideal do Ciro, Bebe, e Sidico Queta no meio campo de luxo da selecção. Que lhe valeu a conquista
do melhor jogador do torneio de 1983.
Era fundamental na selecção, para organizar as
ideias dos mais novos, para puxar a carroça em campo, quando ela pretendia
desviar quer para o individualismo, quer para desorganização colectiva. Por
dentro e fora, a influência dele era determinante.
Um profissional espectacular. Nunca vi nele
um sinal de arrogância, e nem sinal de dissidência pelo contrário, em campo foi
sempre verdadeira extensão do treinador, pela experiência que trazia na
selecção.
Ele era o craque, os craques estão num recanto
muito especial, o craque é uma garantia de rendimento. Joga, faz jogar e
aumenta a auto-estima do próprio clube, selecção, incute respeito nos rivais e
acende as televisões dos espectadores neutros do mundo inteiro.
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