Navios de pesca chineses em regime de afretamento iniciaram no mês de Junho atividades de pesca nas águas territoriais guineenses para o abastecimento do mercado interno, e posterior exportação.
Na Guiné-Bissau, a China vai passar a abastecer o mercado interno do país. Este é o resultado da venda de quatro licenças de pesca à empresa chinesa Shi Hai Bissau pelo governo de transição. A transação foi feita por um montante de mais de sessenta milhões de francos cfa, cerca de cem mil euros.
Interesses locais salvaguardados
Sebastião Pereira, Diretor Geral da Pesca Industrial guineense, disse que estão salvaguardados os interesses da população “com perspectivas de criar infraestruturas em terra para [as empresas] poderem conservar os seus produtos e posteriormente poderem exportar para o mercado internacional para além da utilização de mão-de-obra local. Sendo uma empresa privada também tem as suas contribuições. Vai pagar ao Estado e ajudar no equipamento de um laboratório para a certificação de produtos”, declara.
Vendedoras de peixe locais
Uma das atividades geradoras do rendimento das mulheres guineenses é a venda do pescado para o sustento da família.
Tchica Cassama, vendedora de peixe há mais de vinte anos, chama a atenção para a necessidade de se abastecer o mercado com pescado de qualidade com vista a facilitar a venda. “O que nos interessa é a qualidade do peixe porque é através da sua venda que ajudamos os nossos maridos que trabalham e não recebem os salários, pagamos propinas para os nossos filhos para poderem estudar e compramos medicamentos”, esclarece.
Por seu turno, Dona Mané, a mais nova na atividade, disse que a escassez do pescado obriga-lhes a recorrer ao mercado senegalês. “Temos grandes dificuldades neste momento. A Fripesca é a única empresa que abastece o mercado mas não na sua plenitude. Somos obrigadas a recorrer ao Senegal para a compra do peixe. Penso que a empresa vai ajudar-nos a sair desta crise.”
Baixas receitas de pesca
Apesar de ser uma obrigação no âmbito da venda das licenças da pesca, as empresas na Guiné-Bissau não abastecem regularmente o mercado interno. Optam, antes, pela exportação de grandes quantidades devido à qualidade do pescado guineense, no caso de cefalópodes (classe de moluscos marinhos a que pertencem os polvos, as lulas e os chocos).
Instado a pronunciar-se sobre a escassez do peixe no mercado nacional, o Diretor Geral da Pesca Industrial disse que o facto se deve à atual campanha da comercialização da castanha de cajú:
“Estamos mais ou menos no período de colheita da castanha de cajú. Os nossos pescadores não são pescadores profissionais. Na maioria são pescadores e agricultores ao mesmo tempo. Neste periodo do ano deparam com dificuldades em termos de desmbarque do pescado. Normalmente, o mercado nacional é abastecido através da pesca artesanal e não concretamente da pesca industrial.”
As receitas de pesca baixaram em 2013 de 40% para 5%, devido à falta de fiscalização e à suspensão do protocolo de acordo por parte da União Europeia, na sequência do golpe militar de 12 de abril de 2012.
DW.DE
Sem comentários:
Enviar um comentário