Tema da reunião magna de Malabo é 'erradicar a pobreza e a fome numa geração', mas extremistas islâmicos geram preocupação. Guiné Bissau volta a participar, após dois anos de suspensão
"A agricultura e a segurança alimentar são uma prioridade para África. Se atuarmos corretamente, existe potencial para nos ajudar a erradicar a pobreza e a fome numa geração e também para contribuir para a industrialização do continente" no que se refere ao processo agrícola, declarou a presidente da Comissão da União Africana - Nkosazana Dlamini Zuma, na abertura da reunião de chefes de diplomacia que antecedeu a cimeira, na capital da Guiné Equatorial.
Duplicar a produtividade no setor, conseguir um crescimento anual sustentado do produto interno bruto agrícola de pelo menos seis por cento e criar oportunidades de emprego na agricultura para 30% dos jovens são objetivos indicados pela UA. Durante os trabalhos, que terminam sexta-feira, a cimeira deve adotar uma Declaração sobre Crescimento da Agricultura e Objetivos até 2025. Os chefes de Estado e de Governo africanos estão ainda a analisar propostas de alterações em órgãos como o Parlamento Panafricano e o Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos e a discutir o projeto de estatutos do Fundo Monetário Africano.
As situações de guerra na República Centro Africana e no Sudão do Sul e os atos de terrorismo na Nigéria e no Quénia são outros dos assuntos a abordar. Nesta cimeira, outro destaque vai para o regresso da Guiné-Bissau, na sequência da progressiva normalização em curso, resultante da realização de eleições legislativas e presidenciais. O país lusófono foi readmitido na UA a semana passada, depois de ter estado suspenso devido ao golpe de Estado de abril de 2012.
Para além do tema da agricultura, esta cimeira da União Africana pretende debater também a questão do terrorismo e o aumento da atividade de grupos extremistas islâmicos no continente. Para o Professor Paulo Gorjão- do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança, as organizações terroristas atentam contra a figura do Estado e devem ser combatidas, tendo em conta a sua natureza criminosa. Os Chefes de Estado e de Governo da UA devem ainda analisar o projeto do Tribunal Africano de Justiça e dos Direitos Humanos. Um projeto que, a concretizar-se, pode substituir o muito criticado Tribunal Penal Internacional, mas que não dá garantias, de acordo com o comentador da RDP África - Eduardo Fernandes.
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