terça-feira, 16 de maio de 2023

«Elis cu fala, hy ka Conosaba cu fala!» Maioria dos guineenses não acha que eleições resolvam problemas

O coordenador do Fórum da Sociedade Civil para a África Ocidental na Guiné-Bissau, Gueri Gomes, disse hoje que a maioria dos guineenses já perdeu a esperança e considera que as eleições não são solução para os problemas do país.

"Ao longo dos tempos a Guiné-Bissau organizou várias eleições que não surtiram o efeito desejável, houve sempre interferências que não permitiram a conclusão de mandatos, tanto dos deputados, como do Governo e do Presidente da República e as pessoas agora não têm esperança", afirmou Gueri Gomes, quando questionado sobre o distanciamento dos guineenses em relação às legislativas de 04 de junho.

A Guiné-Bissau, antiga colónia portuguesa, que declarou unilateralmente a independência em 24 de setembro de 1973, é considerada pelas organizações internacionais como um dos países pobres do mundo, assolado por sistemáticas crises de instabilidade política.

Segundo dados divulgados pelo Governo guineense, a taxa de pobreza na Guiné-Bissau, com cerca de dois milhões de habitantes, rondava os 66,6% em 2020, número que aumentou em relação a 2019 devido à pandemia de covid-19.

"A maioria das pessoas acredita que as eleições não são solução para a Guiné-Bissau", salientou o ativista guineense.

Para Gueri Gomes, é preciso que todos os intervenientes assumam as suas responsabilidades, principalmente os órgãos de soberania.

"Os órgãos de soberania têm de fazer com que as pessoas acreditem no processo das eleições, nas eleições como uma ferramenta importante num Estado de Direito democrático, e que depois das eleições, que não venha a acontecer o que tem acontecido até aqui, subversão da ordem constitucional, derrube do parlamento e instabilidade política", advogou.

"É preciso estabilidade para que as pessoas voltem a acreditar no sistema democrático e para as pessoas acreditarem é preciso que o processo tenha resultado e o resultado só é possível quando for permitido que os mandatos dados através do processo eleitoral sejam concluídos", insistiu o representante da organização não-governamental (ONG).

Nas declarações à Lusa, Gueri Gomes recomendou também aos líderes políticos guineenses para serem ponderados nas suas comunicações aos apoiantes e focarem mais as suas intervenções na apresentação de ideias e projetos para o desenvolvimento do país.

Às instituições gestoras do processo eleitoral, nomeadamente a Comissão Nacional de Eleições, o representante do Fórum da Sociedade Civil para a África Ocidental pediu para primarem pela "isenção".

Aos guineenses eleitores, Gueri Gomes apelou para participarem nas eleições, ouvirem as propostas e votarem num candidato "capaz de cumprir com os anseios do povo".

Duas coligações e 20 partidos políticos iniciaram sábado a campanha eleitoral para as sétimas eleições legislativas de 04 de junho da Guiné-Bissau, depois de o parlamento guineense ter sido dissolvido em 18 de maio de 2022.

A campanha eleitoral na Guiné-Bissau vai decorrer até 02 de junho.

Conosaba/Lusa

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