O treinador português, Guilherme Farinha, confirmou ao Jornal O Democrata através de uma carta, a sua desvinculação, da Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB). Farinha deixa assim cargo de diretor técnico nacional do organismo (DTN), embora afirme que não esperasse essa decisão.
“Recebi uma carta do presidente da FFGB, Carlos Mendes Teixeira “Caíto”. Naturalmente correu tudo bem por mútuo acordo. Mas quando ouvi-o convidar-me para tomar a decisão de deixar o cargo e o meu vínculo como DTN, fiquei triste, porque não estava à espera”, disse.
“Eu sabia perfeitamente os caminhos a percorrer. Conheço perfeitamente o futebol da Guiné-Bissau e sei exatamente o que era preciso. Estava há 30 anos a fazer um excelente trabalho e provavelmente por isso voltei a ser convidado para vir à Guiné-Bissau em 2021, tendo apresentado vários projetos, porém nenhum foi acolhido pelo órgão”, afirmou Guilherme Farinha.
Numa entrevista telefónica concedida ao Jornal O Democrata na quarta-feira, 13 de abril, a partir de Portugal, para abordar a sua saída do cargo, o treinador português revelou que recebeu a missiva da sua desvinculação da FFGB no mês de janeiro, o processo foi concluído entre as partes de forma cordial e respeito mútuo.
Segundo explicações de Farinha, a sua saída como DTN está ligada a elogios que recebeu da entidade que dirige o futebol mundial, FIFA, pelo o trabalho que estava a desenvolver no país e uma entrevista que deu na Rádio Jovem Bissau no mês de novembro de 2021, na qual denunciou a desorganização dentro da estrutura da FFGB, que não lhe permitiu que implementasse o seu projeto dentro dos quatro anos do seu contrato.
“Depois de saberem que a FIFA elogiou a Direção Técnica Nacional pelos trabalhos que estava a realizar, com duas situações: primeira, eu ia ocupar o cargo do Diretor e Coordenador de Futebol de Elite e a segunda, iria ser o selecionador da seleção olímpica nacional para levar a Guiné-Bissau aos Jogos Olímpicos de 2014, em França”, disse, para de seguida realçar que embora o país tenha sido notificado que não poderia participar devido à dívida em atraso.
“Foi isso que me disseram oficialmente. A outra foi uma entrevista que dei à Rádio Jovem Bissau, na qual critiquei que encontrei uma federação desorganizada”, explicou o técnico.
Embora triste com a sua saída pela paixão e ligação com a Guiné-Bissau, Guilherme Farinha repisou a questão da desorganização dentro da FFGB. Contudo, admitiu, que o atual presidente do organismo que gere o futebol nacional está a trabalhar para acabar com essa desorganização.
Farinha denunciou que há dentro da estrutura federativa , alguns dirigentes que não lhe permitiram desenvolver os projetos apresentados, ideias e pontos de partida para desenvolver a sua atividade como diretor técnico.
O treinador português, que desfez o seu vínculo oficialmente no mês de março último, revelou que no final de abril vai regressar à Costa Rica e trabalhar no futebol da América Central. Farinha não especificou a função que desempenhará no seu regresso à Costa Rica.
Questionado sobre um possível regresso ao futebol da Guiné-Bissau no futuro, Farinha mostrou-se aberto pela paixão que tem pelo país, uma vez que se sente acarinhado pelo povo guineense.
Farinha foi contratado em Janeiro 2021 pelo presidente da FFGB para assumir a pasta do diretor técnico do órgão, em substituição de Jerónimo Mendes, por causa da “sua vasta experiência e o conhecimento do futebol nacional”, uma alusão ao fato de ter sido, nos anos 90, o técnico principal da seleção sub-17.
Na altura, Carlos Mendes Teixeira defendeu que a escolha de Guilherme Farinha iria ao encontro daquilo que era a sua visão, reformular e desenvolver o futebol local, para desta forma cimentar as bases da seleção nacional.
Mesmo com esta garantia de Mendes Teixeira, o treinador português acabou por permanecer somente um ano na Guiné-Bissau.
Farinha deixou numa mensagem ao povo guineense e agradeceu o apoio incondicional que tem recebido das pessoas ligadas ao futebol nacional.
Por: Alison Cabral
Conosaba/odemocratagb
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