“A unidade de todos os guineenses é a principal base para o progresso nacional”, defendeu Satu Camará, primeira vice-presidente da Assembleia Nacional Popular e combatente da Liberdade da Pátria, desafiando os guineenses à uma reflexão franca e profunda sobre a situação atual do país.
Em entrevista ao "Nô Pintcha", Satu Camará disse que os guerrilheiros da independência cumpriram o programa mínimo, cabe agora a atual geração a responsabilidade de desenvolver o país e cumprir com o programa maior. “Hoje é o dia de celebração do Dia da Independências Nacional (24 de setembro) e do Dia das Forças Armadas que é o 16 de novembro. Foram 48 e 57 anos, respetivamente”.
Segundo aquela dirigente, a luta armada durou 11 anos e foi cumprido o programa minino, como todos desejávamos, sob o comando de Amílcar Cabral. Foi um momento difícil. As pessoas perderam parte do corpo e até a própria vida para dar liberdade aos guineenses, uma nacionalidade, uma identidade, um Hino Nacional e colocar a Guiné-Bissau nos horizontes internacionais. Outrossim, camarada Amílcar Cabral alertava-nos sempre que a luta mais difícil era de construir o país e, chamava-o de programa maior, mas, na verdade foi difícil compreendermos Cabral naquele tempo.
Satu Camará disse que Amílcar Cabral também chamou os combatentes atenção sobre a independência e o período de construir o país. Ele dizia-nos para que tenhamos cuidados hão-de vir vozes a revindicar boas casas, melhores condições e salários.
A combatente Satu Camará acredita que se olharmos para o país, podemos, honestamente, aceitar que falhamos. “Falhamos com a missão de cumprir o programa maior no capítulo da construção do país. No princípio, podíamos até alegar a falta de experiência na edificação do Estado, mas podemos olhar para os anos da independência”.
Camará entende que o momento é de reflexão à volta do interesse nacional, de unirmos sem olhar pela cor partidária, religião, afinidade ou pela etnia e trabalhar em prol do desenvolvimento do país.
A combatente Satu Camará reconhece que as Forças Armadas Revolucionárias do Povo cumpriram as suas missões. “Atualmente, a sociedade castrense está focada no processo da reforma, preparando os jovens militares que possivelmente vão assumir as suas responsabilidade, ocupando os seus lugares.
A nossa entrevistada disse que é difícil esconder o estado em que se encontra o país. A administração do país está a quem do desejado, com paralisações frequentes, principalmente nos setores sociais. No seu entender, os trabalhadores têm direito a greve, mas devem, acima de tudo, olhar para a situação do país. As autoridades por sua vez, também, têm por obrigação de atender e prestar atenção aos trabalhadores para evitar os conflitos laborais que desembocam em paralisações das instituições pondo em causa o desenvolvimento. Deverá prevalecer diálogo entre o patronato e os trabalhadores e sinergias que proporcionam a vontade e a disposição para uma administração saudável.
A Combatente da Liberdade da Pátria acredita que haverá mudanças positivas porque todos nós somos irmãos, enlaçados de diferentes maneiras e o mais importante de tudo é que existe o espirito de desenvolver esta nação apesar das divergências de ideias. “No dia em que aceitarmos uns aos outros a diferença e estarmos em sintonia, aí sim, haverá progresso. Por estas e outras valências, acredito no desenvolvimento da Guiné-Bissau porque o nosso problema não é tão grave”.
Texto e foto: Nelinho N´Tanhá
Conosaba/jornalnopintcha
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