quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Presidente do parlamento diz que Guiné-Bissau vive “momento conturbado” de intolerância

O presidente do parlamento da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, afirmou hoje que o país está a viver um "momento conturbado" com "manifestações de intolerância político-social e étnico e tribal e de recusa do império da lei".

"O que prova que como comunidade estamos a perder o equilíbrio entre o ser individual e o ser coletivo, o meu bem e o bem coletivo, de um lado, e o domínio do Estado e das suas instituições, por outro", disse Cassamá.

O presidente da Assembleia Nacional Popular falava na cerimónia de início do novo ano legislativo, que decorreu hoje, em Bissau.

"O nosso futuro como sociedade depende da nossa capacidade de enfrentar e decidir as questões que denotam diferenças ideológicas, nunca a ponto de elegermos inimigos ou alvos a abater com subterfúgios encapotados e mesquinhices políticas que têm contribuído para criar alarmismos sociais e desestabilizar as instituições políticas e sociais", salientou.

Condenando a "onda de intimidações e detenções à margem da lei" e "outras cenas pouco abonatórias das instituições políticas do Estado", Cipriano Cassamá disse que aquelas "fórmulas" não se "adequam aos valores da paz, segurança, estabilidade e convivências pacíficas" que há séculos caracterizam o mosaico social da Guiné-Bissau.

"A multiculturalidade e a multirracialidade são aspetos que nos diferenciam dos outros povos e que fazem da Nação guineense um exemplo de convivência secular não comum em outras realidades sociais, culturais e políticas em África e no resto do mundo", frisou.

"A persistência em não cultivar e valorizar a dádiva da natureza que faz de nós guineenses um povo unido na diversidade multicultural e multirracial é demonstrativa da ingenuidade política que vem dominando o espírito de alguns guineenses, cada vez mais absorvidos e ávidos dos seus egoísmos e do jogo do poder como lhes convém", acrescentou.

A primeira sessão ordinária do novo ano legislativo vai decorrer até 15 de dezembro, e os deputados deverão, entre vários assuntos, debater a revisão da Constituição.

Hoje foi anunciado a inclusão no período da ordem do dia do debate do Orçamento Geral de Estado para 2022.

A sessão de hoje acabou por ser suspensa devido a desentendimentos sobre o debate da situação política do país e da situação dos antigos combatentes e o presidente do parlamento marcou para sexta-feira uma conferência de líderes.

Conosaba/Lusa

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