A Procuradoria-Geral da República da Guiné-Bissau clarificou hoje que o caso do avião retido pelo Governo guineense e a operação de combate ao tráfico de droga em curso no país, denominada "Red", não têm ligação.
"Este gabinete não confirma a sua ligação à operação denominada Red, sob alçada do Ministério Público, ou seja, os dois casos não têm nenhuma ligação", refere a Procuradoria-Geral da República, em comunicado divulgado à imprensa.
A Polícia Judiciária tem em curso uma investigação de combate ao tráfico de droga, no âmbito da qual já foram detidas várias pessoas, que visa desmantelar uma rede com ligações à Bolívia e que poderá ter feito entrar no país milhares de quilogramas de cocaína.
Paralelamente, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Nuno Gomes Nabiam, anunciou na segunda-feira que decidiu instaurar uma investigação externa ao avião retido no aeroporto de Bissau desde 29 de outubro, por sua ordem, e pediu apoio da comunidade internacional.
"Estancar o fluxo de passagem e transbordo de bens ilícitos especialmente armamento ilegal e drogas para a região da África Ocidental é um objetivo de altíssima prioridade para o Governo da Guiné-Bissau. Como parte dos esforços em curso, o gabinete do primeiro-ministro solicitou à comunidade internacional apoio na persecução desse objetivo, através da disponibilização de assistência e suporte", conclui-se no comunicado.
As Nações Unidas impuseram em 2012 um embargo para venda de armas à Guiné-Bissau.
O primeiro-ministro tinha criado a semana passada uma comissão interministerial que tinha até sexta-feira, dia 12, para lhe entregar um relatório relativamente às circunstâncias de aterragem do avião e esclarecimentos sobre a carga que se traz a bordo.
Na mesma semana, o presidente da comissão de defesa e segurança da Assembleia Nacional Popular, o deputado José Carlos Monteiro, também se deslocou ao aeroporto para perceber a história do avião retido pelo Governo e informou o parlamento que o pedido de aterragem foi feito pela Presidência da República.
O deputado, do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), que se encontra atualmente em Lisboa, denunciou também ter sido vítima de ameaças de morte, tal como o presidente da Autoridade Nacional de Avião Civil.
Em declarações aos jornalistas no sábado, após uma viagem a França, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, afirmou que o caso do avião retido no aeroporto de Bissau, por ordens do Governo, é uma distração para desviar a atenção do problema da droga que está a combater no país.
Umaro Sissoco Embaló afirmou não existir nada de anormal com o aparelho que, disse, pertence a uma empresa estrangeira que pretende abrir um hangar de manutenção de aeronaves em Bissau.
O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto da Silva, já tinha sugerido ao parlamento ajuda internacional para o esclarecimento dos contornos do caso do avião, que continua estacionado na zona militar do aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau.
Conosaba/Lusa
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