A delegação da Guiné-Bissau da Organização Internacional das Migrações (OIM) resgatou 17 jovens guineenses da Gâmbia, para onde viajaram com falsas promessas de trabalho, disse hoje à Lusa a representante daquela organização, Fátima Teixeira.
"Estes 17 jovens não foram coletivamente recrutados, mas encontravam-se na Gâmbia na mesma situação, ou seja, vários deles foram abordados na região de Cacheu, muitos deles eram da região de Cacheu, individualmente e às vezes por pessoas que conhecem, que também estão na Gâmbia, que lhes prometeram que tinham contrato e salário certo em várias atividades", disse Fátima Teixeira.
Segundo a representante da OIM em Bissau, algumas das promessas de contratado de trabalho estavam ligadas ao futebol e outras prometiam pagamento em dólares.
"Todos embarcaram nessa aventura e encontraram-se na Gâmbia completamente abandonados", disse, salientando que depois de perceberem que não tinham dinheiro, nem contrato, solicitaram o apoio da OIM para o regresso ao seu país.
Os jovens chegaram quarta-feira a Bissau acompanhados pela OIM da Gâmbia e em Bissau a organização apoiou-os a regressar às suas casas para "começar a vida de novo", disse Fátima Teixeira.
"O preocupante disto é que não tendo sido coletivamente recrutados são individualmente abordados com o mesmo esquema. Portanto, é um esquema de engano porque pagam por essa promessa de contrato e há de facto traficantes, angariadores, a ganharem à custa do desconhecimento por parte destes jovens que embarcam nestas aventuras acreditando que é verdade", disse.
Fátima Teixeira alertou também que a prática é nova na Guiné-Bissau e que está a chegar aos jovens guineenses.
"Esta é uma prática já nossa conhecida em vários países da região em que vários jovens são recrutados e pagam entre 500 (750 euros) e um milhão de francos cfa (cerca de 1.500 euros) por essa tal promessa de contrato, mas normalmente acontecia muito na zona Conacri e na Gâmbia. O recrutamento de jovens na Guiné-Bissau está agora de facto a preocupar e chegar perto da juventude guineense e está a acontecer agora na Guiné-Bissau", sublinhou.
Fátima Teixeira apelou também aos jovens guineenses para não "embarcarem nestas aventuras".
"Não acreditem. Pagar por um contrato de trabalho normalmente não corresponde à verdade. Quem de facto tem contratos de trabalho não o faz a troco de dinheiro", afirmou.
A responsável da OIM em Bissau disse também aos jovens que se tiverem dúvidas podem contactar a organização para os ajudar a esclarecer se estão ou não a ser vítimas de fraude.
Nos últimos três anos, a OIM ajudou 700 guineenses a regressar ao país, segundo dados disponibilizados em maio.
A OIM na Guiné-Bissau corre o risco de encerrar portas por falta de financiamento dos principais parceiros para projetos já propostos na área do apoio aos migrantes regressados.
Conosaba/Lusa
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