De acordo com a Constituição da República da Guiné-Bissau, no artigo 1° do título 1 de princípios fundamentais da natureza e do fundamento do Estado, Guiné-Bissau é uma Republica soberana, laica e unitária, e no artigo 6° do mesmo título, na República Guiné-Bissau existe a separação entre o Estado e as instituições religiosas.
Antes de adentrar no assunto, faço uma contextualização num período mais recente da história, em 2017, segundo Botche Candé numa conferência de imprensa publicada no jornal o democrata, afirmou que “ temos 510 peregrinos, 370 conseguiram bolsas graças ao pedido do presidente José Mário Vaz. 140 candidatos pagaram dois milhões e quinhentos mil francos CFA em cada um deste montante o governo adicionou uma soma de 350 mil francos CFA a cada peregrino”.
Para o mesmo efeito agora em 2019, o governo da Guiné-Bissau disponibilizou 300 milhões de francos CFA para apoiar ida dos peregrinos islâmicos à Meca, perante esta situação cabe-nos indagar se o governo entende princípio da laicidade garantida na constituição? Porque as outras religiões dificilmente recebem os devidos apoios? Financiar os peregrinos é mais relevante do que investir na educação, saúde e infraestrutura? Qual é o retorno para o governo? Ida a meda garante a paz e estabilidade?
É preciso lembrar que, esse tipo de comportamento reforça o divisionismo religioso. Portanto é inadmissível o uso de dinheiro público par fins religiosos.
Através de uma análise crítica percebe-se que, atuação do governo na ajuda de custo dos peregrinos islâmicos a cidade de Meca enuncia o compromisso moral perante as eleições que se avizinham, uma herança do então presidente Nino Vieira. Repudiar esse retrogrado pensamento não significa posicionar contra a existência da religião muçulmana, mas apenas exigir da igualdade, assim como equidade caso for necessário. Pois não se pode vangloriar com o seguinte discurso, anos no leba muçulmanos pa Meca na no mandato. Isso não é o papel do governo.
A Guiné-Bissau desde o período pós independência viveu incertezas e ainda continua navegando no mesmo flagelo. Quando se fala do desenvolvimento a partir de uma perspectiva endógeno africano, entende-se que o país necessita de investimento em todas áreas, no entanto, há uma necessidade do planejamento em que se faz necessário evidenciar as prioridades e consequentemente o investimento nos programas sociais que tendem a melhorar a vida do seu povo.
Pelo contrário, não se pode pensar no desenvolvimento da Guiné-Bissau onde uma determina religião sobrepõe em detrimento da educação, de salientar que o país deve acompanhar os processos de mudanças a nível mundial, com isso pretendo dizer que, o tempo que se vive é contemporaneidade e “não idade média”. Portanto, assegurar o avanço do país passa necessariamente pelo investimento no setor educacional.
Em suma, apenas sou cidadão comprometido com a pátria, não professo cristianismo, islamismo, budismo, etc, mas sim as manifestações religiosas dos nossos ancestrais. Se for para conceder ajuda de custo, todos/as necessitam não apenas os muçulmanos.
Tedse Silva Soares da Gama, licenciando em História na Unilab-Brasil- Ceará.
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