Os Presidentes do Uganda, Yoweri Museveni, e do Ruanda, Paul Kagamé, assinaram hoje, na capital angolana, o Memorando de Entendimento de Luanda, que coloca fim a acusações mútuas entre os dois países.
O ato de assinatura do documento ocorreu durante uma cimeira quadripartida, em que participaram além dos dois Presidentes, os chefes de Estado de Angola, João Lourenço, da República Democrática do Congo (RDCongo), Félix Tshissekedi, e da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, também convidado para o encontro.
O Presidente anfitrião e facilitador do acordo, João Lourenço, disse que situações de desentendimentos são comuns entre países, como o caso do Uganda e do Ruanda, "vizinhos e com laços ancestrais de verdadeira e profunda irmandade".
As relações entre os dois países deterioraram-se nos últimos meses, ao ponto de fazer com que ex-aliados se acusassem de espionagem, assassinato político e interferência nos assuntos internos.
Segundo o chefe de Estado angolano, os dois países "atravessam um momento particularmente difícil de relacionamento entre si, situação que contraria a vontade dos respetivos povos e afeta seriamente a economia de ambos os países".
João Lourenço lembrou que na cimeira quadripartida de Luanda, realizada em 12 de julho, que juntou os chefes de Estado do Uganda, Ruanda, RDCongo e Angola, ficou incumbido, coadjuvado pelo Presidente da RDCongo, de acompanhar de perto o desenrolar do diferendo, ouvir as partes e propor soluções que satisfaçam os interesses de ambos e da região.
O Presidente angolano acrescentou que, num curto espaço de tempo, foram desenvolvidos contactos entre Kampala e Kigali, a nível de equipas técnicas e a nível ministerial, através de mensagens verbais para os Presidentes Yoweri Museveni e Paul Kagamé, "que viram na iniciativa uma boa e grande oportunidade a abraçar e a seguir".
"Ao terem tido a coragem e pragmatismo com o texto proposto e negociado, dão um grande exemplo de como no nosso continente todas as nossas diferenças, receios, disputas e conflitos devem ser resolvidos pela via do diálogo", salientou João Lourenço.
Um entendimento que deve também passar pelo "compromisso de cada um de se abster de atividades que possam ser interpretadas pela outra parte como atos lesivos dos seus interesses económicos, socioculturais ou mesmo de segurança nacional", frisou.
Para o Presidente angolano, o mérito desta conquista é dos seus dois homólogos "por terem compreendido, sido movidos pelo sentimento de que os benefícios deste pequeno grande passo são para os povos e as economias dos países que dirigem".
"Como grandes estadistas que sois tiveram esta visão, África e o mundo acompanham com interesse e ansiedade o desfecho deste momento histórico", vincou.
Em conferência de imprensa, o chefe de Estado angolano considerou ainda que com a assinatura do acordo colocou-se "uma pedra sobre algo que a todos preocupava, que era o relacionamento entre dois países irmãos".
"Este acordo para nós representa o início do processo de consolidação da paz da região dos Grandes Lagos", sublinhou.
Conosaba/Lusa
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