segunda-feira, 5 de agosto de 2019

CIPRIANO CASSAMA PROMETE RESPEITAR QUAISQUER RESULTADOS DAS PRIMARIAS DO PARTIDO PAIGC

O presidente do parlamente da Guiné-Bissau, Cipriano Cassama esclareceu que ainda não é candidato para as eleições presidenciais, mas, sim, candidato às primárias do partido PAIGC. Apezar de estar convicto na vitoria, promete respeitar quaisquer resultados das primárias.

"Prometo respeitar quaisquer decisões que tenham saídos no quadro dos órgãos competentes, que é o Comité Central do partido. Sou militante, tenho que respeitar as regras. Estou convicto de que vamos ganhar as primárias, porque trabalhamos e continuarmos a trabalhar para que venhamos a ter esse resultado que almejamos", esclareceu.

O primeiro vice-presidente do PAIGC, Cipriano Cassama, afirmou ainda que tem boas relações com Domingos Simões Pereira, o atual presidente do Partido Africano Para Indepência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

"Domingos é meu irmão mais novo, temos muitas boas relações. Não há nada que possa conduzir-nos a especulações das pessoas; isso não passa duma especulação... Estamos num país onde as pessoas falam muito, criam problemas e intrigas", explicou Cipriano Cassama.
Contudo, na sua passada declaração feita em Angola e outra durante um encontro com os veteranos do partido libertador (PAIGC), o próprio Cipriano Cassama tinha declarado que a sua candidatura às presidenciais de 24 novembro “é irreversível”, alertando ao mesmo tempo que jamais desistirá da sua intenção.
Afirmou igualmente que tinha um acordo com Domingos Simões Pereira no passado congresso do partido realizado em Cacheu, onde decidiu apoiar Domingos Pereira para ser presidente do partido e em contrapartida este último prometeu apoiá-lo nas eleições presidenciais.
No encontro tido com os antigos combatentes da liberdade da pátria, Cassamá expressou o seu sentimento e o respeito aos veteranos da guerra e afirma ser um homem de princípios que há mais de quarenta anos no partido nunca traiu ninguém, por isso ameaça responder com a mesma moeda a quem o trair e humilhar.
“Sou militante do partido desde 1971. Nunca fui militante doutro partido e nem saí doutro para o PAIGC, que fique claro. Durante a convenção do PAIGC tive a oportunidade de falar pessoalmente com o presidente Domingos Simões Pereira e disse-me que a sua ambição política era ficar apenas na liderança do partido e Primeiro-ministro, não concorrer às presidenciais. Em resposta garanti-lhe que continuaria a ter a minha fidelidade total tanto a que teve em Cacheu como em qualquer momento”, explicou.
Sem entrar em grandes detalhes, Cipriano Cassamá afirmou que, quando manifestou a DSP a sua intenção de se candidatar às presidenciais, foi orientado pelo mesmo Simões Pereira para seguir certas orientações que não especificou, como também foi orientado por Domingos Simões Pereira a fazer contatos no exterior, no Comité Central e a Comissão Permanente do partido.
“Portanto, apenas estou a fazer o meu trabalho e em todas as comissões deixei claro que sou candidato. No Bureau Político, na presença do presidente do partido e perante todas as pessoas que estavam na reunião, deixei também claro que sou candidato às presidenciais. Fui pedido para assegurar o parlamento apenas por algum período, mas na altura deixei claro que a minha pretensão não era ser presidente do parlamento, mas obedecendo a princípios aceitei a proposta e quando a aceitei fiz questão de entregar uma carta à Comissão Permanente com uma mensagem muito clara de que sou candidato às presidenciais”, contou.
O dirigente do partido dos libertadores disse ainda ter reafirmado a sua intenção a Domingos Simões Pereira durante uma audiência que ele próprio solicitou no dia em que ia à Angola para participar na Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), mas em reação DSP mostrou-lhe que tinha também o interesse em concorrer ao posto.
Face a esta situação, Cipriano Cassamá apela a maior responsabilidade dentro do partido e nega ter bloqueado em nenhum momento o funcionamento do parlamento, mas apenas cumpriu o que está na lei e na Constituição da República. Contudo, afirmou que não é único o dirigente ou guineense que pode assumir a Assembleia Nacional Popular. Mas fê-lo porque tem a honra e a dignidade e porque também tem bastante respeito aos combatentes da liberdade da pátria.
Cipriano Cassamá defende, no entanto, que a justiça seja feita dentro do partido e acusa Domingos Simões Pereira de o colocar fora de circuito do partido e que, enquanto primeiro-vice presidente do PAIGC, nunca sabe das agendas de Domingos Simões Pereira, dos seus contatos ligados ao partido nem das suas siadas. E o mais grave faz carta e nomeia um substituto.
“Estão a dar bolsas a Cidade Santa de Meca sem conhecimento do primeiro vice-presidente e pedi informações, ninguém foi capaz de me contar o que exatamente está a acontecer. É justo funcionar assim?”, questiona Cipriano Cassamá. Referiu, contudo, se os veteranos da guerra quiserem estragar o partido, ele não está interessado em fazê-lo. Lembrou igualmente que no último congresso, o IX, abdicou mais uma vez de se candidatar à liderança do partido, deixando DSP ser único candidato numa única lista “a solidária” e ter ainda deixado operar algumas mudanças nos estatutos do partido.
“Bom se foi essa intenção de deixar alterar os estatutos do partido para depois me tratar mal, está a ser bem conseguida”, notou, assegurando que apesar da ambição de cada homem, nunca colocará em causa o interesse da nação, o de salvar o país. Sem apontar nomes, Cipriano Cassamá revelou que os deputados foram corrompidos para votar contra o programa de governação de Carlos Correia. Afirmou nesse sentido que é candidato tanto para respeitar a Constituição da República a espírito e a letra e deixar o governo legitimado nas urnas governar como também o de ganhar eleições e nomear Domingos Simões Pereira Primeiro-ministro como um ato de justiça e de reconhecimento, não de traição.
Em reação ao pedido dos antigos combatentes para se abdicar da corrida à Presidência da República, o primeiro vice-presidente do PAIGC tinha declarado que nunca desistirá da sua luta, porque há figuras no partido que podem substituí-lo e conseguir exercer o cargo na ANP com sucesso, pois assim funciona o partido.
“Quando o seu nome foi rejeitado pelo Presidente José Mário Vaz, por que razão não enviou o nome do primeiro vice-presidente ou segundo, assim sucessivamente… Assumo que estou metido na luta de JOMAV por causa de do meu partido”, observou.
Cipriano Cassamá garantiu que não fará nada fora das leis internas do partido e quando decidiu candidatar-se às presidenciais teve a consciência clara que deverá passar primeiro pelas primárias do partido.

Fonte:Bissau-Online

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