A inflação é a subida generalizada dos
preços ao consumidor. Os bens e serviços consumidos pelas familías ao longo do
ano são representados por um “cabaz” de artigos, como por exemplo: Peixe, carne,
farinha, computadores, etc... Cada um dos produtos incluídos no cabaz tem um
preço que pode variar ao longo do tempo.
Ao fazer recentemente a compra mensal da
cesta básica para sustento familiar, andei pelos supermercados de Bissau e constei
uma subida de todos os produtos ali vendidos o que deixava os consumidores
perplexos! Alguém retorquiu: Aliu, vamos a Ziguinchor (região do Senegal) fazer
as nossas compras porque aqui na Guiné é insuportável ser-se consumidor!
Os preços subiram mais de um terço no
último ano. Isto quer dizer que a economia guineense está com um problema
grave: inflação galopante.
O que significa a inflação galopante? É
o termo utilizado para classificar uma inflação que é simultaneamente elevada e
que não para de crescer, sempre acima dos 10 pontos percentuais. A economia entra
em situação de hiperinflação quando o aumento anual dos preços é superior a 50
por cento.
Uma situação de inflação galopante
desestrutura uma economia e um país. Ja defendi no meu último artigo de opinião
que a nossa economia guineense está perante uma crise. Se juntarmos à
estagnação a inflação, então vamos ter certamente uma impressionante
desacelaração do crescimento económico.
Este é um dos piores cenários em que uma
economia poderá cair pois exige medidas contraditórias para ser ultrapassado.
Chegámos a este ponto na economia
guineense por causa da crise política que assola o país desde 2015. Não há um controlo
eficaz nem eficiente das nossas finanças públicas que permita tomar boas decisões.
Qualquer decisão do futuro governo vai
trazer, numa primeira fase, sofrimento à população guineense. Se o futuro
governo optar por combater a inflação primeiro, o que deverá ser feito é
subir as taxas de juro, levando a uma restrição de liquidez na economia. Esta
diminuição de massa monetária em circulação provoca uma diminuição do consumo,
implicando um aumento dos impostos e uma diminuição das importações.
Se a inflação se mantiver descontroladamente
persistente, haverá efeitos muito negativos em
várias áreas como:
ü A redistribuição
de rendimentos: um primeiro risco da inflação mais elevada é o seu efeito
regressivo sobre as famílias de baixo rendimento. Isto acontece quando os
preços dos serviços alimentares aumentam a um ritmo acelerado;
ü Custos dos empréstimos:
Já se vende dinheiro muito caro na Guiné-Bissau. O nosso sistema bancário tem
uma taxa de juro de todo exorbitante, entre 12% e 14%. Esta inflação pode
condicionar as empresas e as famílias que necessitem de recorrer a crédito para
as suas necessidades de consumo e de investimento;
ü Incerteza do
negócio: A inflação alta não é favoravél à confiança dos empresários, porque
eles não têm a certeza de que os seus preços são suscetiveis de serem pagos.
Portanto, em resumo, menos dinheiro,
menos negócios, empréstimos mais caros. Estes são os perigos da inflação e já
estão a verificar-se na Guiné-Bissau.
A inflação não é combatida apenas com
medidas monetárias. O setor real da economia deve reagir (com aumento de
produção) para desacelarar as importações, sobretudo de produtos alimentares.
Ou seja, o setor real da economia continua improdutivo. Temos que inverter este
cenário.
Partilho convosco alguns dados da nossa
economia no período de 2016 a 2019
2016
|
2017
|
2018
|
2019
|
|
Inflação (média
anual)
|
6,3
|
5,9
|
3,8
|
4,6
|
Crescimento PIB real
|
1,5
|
1,1
|
1,4
|
2,0
|
Saldo Orçamental PIB real (%)
|
-4,3
|
-1,5
|
-3,6
|
-3,0
|
Saldo corrente/PIB(%)
|
-2,2
|
0,1
|
-0,9
|
-0,5
|
Dívida Pública/PIB(%)
|
57,9
|
53,9
|
55,3
|
60,0
|
Estes dados demonstram que a nossa
economia vai de mal a pior e que medidas
urgentes e inteligentes devem ser tomadas para estancar a hemorragia económica
guineense.
Apenas uma Contribuição!
Mestre
Aliu Soares Cassamá
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