terça-feira, 2 de julho de 2019

INFLAÇÃO GALOPANTE NO MERCADO GUINEENSE!

A inflação é a subida generalizada dos preços ao consumidor. Os bens e serviços consumidos pelas familías ao longo do ano são representados por um “cabaz” de artigos, como por exemplo: Peixe, carne, farinha, computadores, etc... Cada um dos produtos incluídos no cabaz tem um preço que pode variar ao longo do tempo.

Ao fazer recentemente a compra mensal da cesta básica para sustento familiar, andei pelos supermercados de Bissau e constei uma subida de todos os produtos ali vendidos o que deixava os consumidores perplexos! Alguém retorquiu: Aliu, vamos a Ziguinchor (região do Senegal) fazer as nossas compras porque aqui na Guiné é insuportável ser-se consumidor!
Os preços subiram mais de um terço no último ano. Isto quer dizer que a economia guineense está com um problema grave: inflação galopante.

O que significa a inflação galopante? É o termo utilizado para classificar uma inflação que é simultaneamente elevada e que não para de crescer, sempre acima dos 10 pontos percentuais. A economia entra em situação de hiperinflação quando o aumento anual dos preços é superior a 50 por cento.

Uma situação de inflação galopante desestrutura uma economia e um país. Ja defendi no meu último artigo de opinião que a nossa economia guineense está perante uma crise. Se juntarmos à estagnação a inflação, então vamos ter certamente uma impressionante desacelaração do crescimento económico.

Este é um dos piores cenários em que uma economia poderá cair pois exige medidas contraditórias para ser ultrapassado.

Chegámos a este ponto na economia guineense por causa da crise política que assola o país desde 2015. Não há um controlo eficaz nem eficiente das nossas finanças públicas que permita tomar boas decisões.

Qualquer decisão do futuro governo vai trazer, numa primeira fase, sofrimento à população guineense. Se o futuro governo optar por combater a inflação primeiro, o que deverá ser feito é subir as taxas de juro, levando a uma restrição de liquidez na economia. Esta diminuição de massa monetária em circulação provoca uma diminuição do consumo, implicando um aumento dos impostos e uma diminuição das importações.

Se a inflação se mantiver descontroladamente persistente, haverá efeitos muito negativos em  várias áreas como:

ü  A redistribuição de rendimentos: um primeiro risco da inflação mais elevada é o seu efeito regressivo sobre as famílias de baixo rendimento. Isto acontece quando os preços dos serviços alimentares aumentam a um ritmo acelerado;

ü  Custos dos empréstimos: Já se vende dinheiro muito caro na Guiné-Bissau. O nosso sistema bancário tem uma taxa de juro de todo exorbitante, entre 12% e 14%. Esta inflação pode condicionar as empresas e as famílias que necessitem de recorrer a crédito para as suas necessidades de consumo e de investimento;

ü  Incerteza do negócio: A inflação alta não é favoravél à confiança dos empresários, porque eles não têm a certeza de que os seus preços são suscetiveis de serem pagos.

Portanto, em resumo, menos dinheiro, menos negócios, empréstimos mais caros. Estes são os perigos da inflação e já estão a verificar-se na Guiné-Bissau.

A inflação não é combatida apenas com medidas monetárias. O setor real da economia deve reagir (com aumento de produção) para desacelarar as importações, sobretudo de produtos alimentares. Ou seja, o setor real da economia continua improdutivo. Temos que inverter este cenário.

Partilho convosco alguns dados da nossa economia no período de 2016 a 2019

2016
2017
2018
2019
Inflação (média anual)
6,3
5,9
3,8
4,6
Crescimento PIB real
1,5
1,1
1,4
2,0
Saldo Orçamental PIB real (%)
-4,3
-1,5
-3,6
-3,0
Saldo corrente/PIB(%)
-2,2
0,1
-0,9
-0,5
Dívida Pública/PIB(%)
57,9
53,9
55,3
60,0

Estes dados demonstram que a nossa economia vai de mal  a pior e que medidas urgentes e inteligentes devem ser tomadas para estancar a hemorragia económica guineense.
Apenas uma Contribuição!

Mestre Aliu Soares Cassamá

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