Estudante: Abudu Fati, graduando em agronomia (UNILAB)
A agricultura não deve ser vista na Guiné-Bissau como uma atividade efêmera, sem a grande rentabilidade para aqueles que a praticam e dedicam a sua vida inteira nela. Se for pensada e planejada gerariam mais ganhos monetários e sócias. Portanto, se compararmos essa atividade com outras fontes económicas, acharemos que ela é uma das mais pertinentes e rentáveis à economia para o país.
As condições climatéricas do país nos permitem explorar agricultura de forma mais eficiente e eficaz, criando novas oportunidades às pessoas que escolhem a terra como um lugar de manifestação cultural (os conhecimentos passados de geração a geração) e de sobrevivência familiar. No entanto, agricultura não pode ser tida como um recurso fútil, pois apresenta a grande importância a uma vida plena e significativa.
Assim, a agricultura deve ser
diversificada, desenvolvida na Guiné-Bissau de acordo com as especificidades de
cada região do país, permitindo que haja uma circulação dos produtos agrícolas
de uma ponta a outra. Isso fará com que os mercados internos não faltem os alimentos
da primeira necessidade, o que motivará a criação de condições para exportação
dos excedentes aos mercados internacionais.
Para isso, o Estado terá que criar
as condições necessárias aos pequenos agricultores, e fomentar as políticas
públicas que colmatam a fuga de jovens do campo para cidade. Essa política
passa necessariamente a descentralização do poder administrativo e a nova
estratégia de expansão da educação para as tabancas. Isso contribuirá para que
os jovens tenham o campo como um lugar que poderia atribuir uma vida estável e
sustentável, isto é, trabalhar de modo mais responsável e profissionalizado.
Assim, sentirão mais dignos e poderão ganhar mais qualidade de vida. Essas,
medidas não só diminuirão a subnutrição, o déficit alimentar, todavia, as medidas
propiciam o maior número das pessoas nas zonas rurais, ajudarão abolir muitos
problemas sociais que surgiram através da superlotação da cidade de Bissau.
Os estereótipos dos guineenses
construídos ao longo do tempo devem ser varridos, pois acreditam que os agricultores
“andam de pés descalços, eles são analfabetos, a sua forma de vida é inferior a
de pessoas que vivem nas cidades”. Ou seja, deve ser mudado os olhares aos
pequenos agricultores, pois o campo é a fonte de sobrevivência. Sendo assim, um
investimento na matéria de agricultura e pecuária poderá reduzir muitas das
nossas dívidas externas as quais não conseguimos liquidar até agora. Diante
disso, a exploração da terra de forma viável, no sector agrícola, propiciará milhares
de postos de trabalhos aos cidadãos nacionais, desde que não fuja do princípio
da boa organização. Assim, vale ressaltar que a boa organização passa
necessariamente pela formação devida dos agentes que irão dirigir as políticas
agrícolas e também os técnicos devem ser bem preparados na sua função.
É de capital importância que o
governo crie todos os mecanismos necessários que incentivem as pessoas a
trabalhar no campo, como no Brasil, o Estado constrói os assentamentos (casas)
nas zonas rurais para acomodar as pessoas que não tem terrenos, em outras
palavras, as que não têm terras para produzir os alimentos, através dos quais
tiram o sustento da família e vendem os excedes aos mercados nacionais criando
um fluxo de capital.
Entretanto, existe pressão por parte
das empresas estrangeiras que investem e atuam na área de agricultura, muitas
das vezes acabam restringindo o paradigma agrícola nacional do país, causando
desmoronamentos dos pequenos agricultores. Segundo o senegalês Jacques Diouf, o
ex-diretor da Organização de Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
(FAO), a forma pela qual os países estrangeiros estão a arrendar as terras
Africanas, mostra claramente que novo colonialismo está em África. Por isso, é
necessário criar políticas públicas que protegem e incentivam os camponeses
para que fixem nas suas atividades culturais.
Então, se as empresas multinacionais
quiserem investir no país deverão respeitar as regras estabelecidas pelo
ministério de agricultura, isto é, podem trabalhar em parceria com Estado
guineense para que não venha surgir à degradação do meio ambiente,
desertificação do solo, a contaminação do lençol freático e extinção de
espécies nativas.
Portanto,
fico extremamente incomodado quando percebi que só um mês da chuva na
Guiné-Bissau quase equivale à chuva de um ano no Estado do Ceará (Brasil), no
qual está inserido a nossa universidade - NILAB, ou seja, Ceará apresenta uma
precipitação anual um pouco mais de 620 mm e enquanto só mês de agosto na
Guiné-Bissau, que é o mês de maior precipitação, apresenta uma média de 585 mm.
Essa comparação vale um questionamento. Por que o país não soube aproveitar
essa imensidão de riqueza? Por que o país se encontra na lista dos países com o
índice de subnutrição elevado? Essas duas indagações valem reflexão de todos os
guineenses. Desse modo, pontuo que a boa produção dos alimentos que provêm da
exploração agropecuária e criação de riqueza, ajuda a aumentar renda familiar
para que todos guineenses sintam que fazem parte de um país independente das
migalhas externas.
Em
jeito de desfecho, considero agropecuária uma área economicamente forte para o desenvolvimento
e o crescimento da economia da Guiné-Bissau, uma vez que o sol, a chuva
abundante, solos férteis são razões concretas de não ficarmos emaranhados na
pobreza e sem expectativas de mudança. No entanto, o rigor, boa organização, a
redefinição das metas para agricultura, através do planejamento do
desenvolvimento endógena, é um caminho para o futuro.
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