Mamadu Baldé, Lamine Sonco e Edson Incopté (Bissau)
A Academia Ubuntu é um projecto de capacitação de jovens com elevado potencial de liderança que está a ser implementado na Guiné-Bissau pelo INSTITUTO PADRE ANTÓNIO VIEIRA, num programa financiado pela União Europeia através da UE-PAANE-Programa de Apoio aos Actores Não Estatais.
O Instituto Padre António Vieira (IPAV) é uma associação sem fins lucrativos, constituída em 2005 com particular vocação para a reflexão e intervenção nos domínios das migrações e diálogo intercultural, inovação social e prospectiva, na senda da inspiração da vida e obra do Pe. António Vieira.
Entrevista: “Temos um grupo esforçado e dinâmico que aposta tudo em retirar o máximo de cada sessão”
Edson Incopté, Lamine Soncó e Mamadu Baldé são antigos participantes da 1ª e da 2ª edição da Academia Ubuntu em Portugal, que abraçaram o desafio de levar o projeto de capacitação de jovens líderes para a sua terra-natal, Guiné-Bissau. Cerca de 400 jovens candidataram-se à 1ª Edição da Academia Ubuntu em contexto africano.
Hoje Edson, Lamine e Mamadu acompanham o grupo de 70 participantes nesta caminhada de formação em liderança servidora e empreendedorismo social, e partilham connosco como tem sido este desafio.
IPAV: Como foi o acolhimento da sociedade guineense no arranque da Academia Ubuntu?
Edson: De uma forma geral foi o melhor acolhimento possível, esse fato sentiu-se na apresentação do projeto em que contámos com a presença de variados atores da sociedade civil e do mundo cultural aqui da Guiné-Bissau. Já havia um conhecimento prévio sobre o que era a Academia Ubuntu e esse fator ajudou a que o acolhimento também fosse o melhor.
IPAV: Esta adesão por parte da sociedade civil também se traduziu no número de candidatos, certo?
Lamine: Recebemos cerca de 400 candidaturas de jovens entre os 18 e os 35 anos, não estávamos mesmo à espera! Este número elevado dificultou o processo de seleção. Mas foi uma adesão que nos deixou muito contentes. Tivemos candidatos com muita qualidade, vindos de diversas organizações ativas na sociedade guineense. Inicialmente íamos selecionar apenas 50 jovens, mas após verificarmos esta forte adesão e depois de conversações com o nosso principal financiador, UE-PAANE resolvemos alargar o grupo para 70 participantes.
IPAV: Como descreveriam o grupo desta 1ª edição da Academia?
Mamadu: Temos um grupo esforçado e dinâmico que aposta tudo em retirar o máximo de cada sessão. O grupo é equilibrado a nível de género e heterogéneo em termos de diferentes níveis de escolaridade. A maioria dos participantes é ativa na sociedade, com participação em organizações e associações. Cada vez mais sinto que estamos a conseguir ter uma equipa de pessoas com espírito servidor.
IPAV: Em que fase da formação se encontra a Academia Ubuntu Guiné neste momento?
Mamadu: Para além do fim de semana residencial já fizemos quatro sessões bastante participadas e dinâmicas. Eu destaco o desafio que foi visitar a fortaleza de São José da Amura, que é o Quartel-General do Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, onde tivemos a oportunidade de estar com o próprio Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas. Foi uma oportunidade única para nos colocarmos na pele do outro e reconhecer que existe uma pessoa para além da farda, numa dinâmica de construção de pontes para a construção da paz. No caso da Guiné os militares têm importância na sociedade, contudo são uma população que de certa maneira está muito isolada, por exemplo não é permitida a visita ao forte sem uma autorização superior, e nós conseguimos ultrapassar esse desafio. Está a ser muito interessante e mais desafios estão para acontecer.
IPAV: Como tem sido o desafio de planear as sessões e gerir a 1ª edição da Academia?
Lamine: O trabalho que temos feito até agora está a correr bem e tem sido sempre feito em equipa, com o apoio do nosso coordenador em Portugal, Filipe Pinto. Fazemos os planos de cada sessão em equipa, em colaboração muitas vezes com o Filipe. É um trabalho dinâmico do qual vamos retirando várias lições para aplicar no futuro.
IPAV: Quais são as expetativas para o futuro da Academia Ubuntu na Guiné-Bissau?
Edson: Para o futuro nós temos três objetivos: os projetos que possam nascer na academia - que possam ser projetos interessantes para as comunidades. O segundo objetivo passa pela apropriação da filosofia Ubuntu pela sociedade da Guiné (como ferramenta para a estabilização do país pela paz). O terceiro e último objetivo é focado na continuação da Academia. Estivemos a estudar hipóteses para a realização de outra edições, não queremos que esta seja a primeira e única edição da Academia Ubuntu na Guiné-Bissau.
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