O representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos Horta, rejeitou ontem em comunicado a ideia de que o tráfico de droga seja a principal preocupação na Guiné-Bissau, tal como referido na segunda-feira pela Interpol e por outro representante da ONU.
"Em mais de um ano de presença ativa no país, José Ramos Horta nunca observou que este seja o principal problema", escreve-se num comunicado do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS).
No documento, Ramos Horta considera que problemas mais graves "são a rapina das florestas e dos mares, a má gestão dos recursos nacionais, a extrema pobreza e a corrupção".
"O tráfico de droga na Guiné-Bissau é diminuto comparativamente a outros países da região que certos interlocutores internacionais não têm a coragem de identificar, arranjando no entanto coragem para apontar o dedo ao país mais fraco, que é a Guiné-Bissau", refere.
Ramos Horta lamenta que ao longo de mais de um ano nunca tenha havido resposta aos apelos que fez para uma "mobilização imediata de recursos visando a capacitação aérea e marítima para pôr cobro ao tráfico de droga e à pesca ilegal" no país.
"A comunidade internacional tem de passar a ser coerente com o que diz, realizando ações concretas na área do policiamento marítimo, formação e equipamento da Polícia Judiciária, Polícia Marítima e sistema judicial para pôr fim aos abusos e à impunidade", sublinha Para o representante da ONU, "África tem de deixar de ser o bode expiatório para os produtores e traficantes de droga da América Latina e os seus habituais cúmplices na Europa".
"Sem esta dupla cumplicidade - a sul-americana e a europeia -, a Guiné-Bissau e outros países da África Ocidental deixariam de ser pontos de trânsito e vítimas da droga".
Na segunda-feira, durante uma visita a Bissau, Ronald Noble, secretário-geral da Interpol - Organização Internacional de Polícia Criminal, referiu que o "tráfico de droga" continua a ser a ser a principal preocupação do ponto de vista do crime organizado no país.
Na mesma visita, Saidi Djinnit, representante das Nações Unidas para a África Ocidental, concordou com a ideia e realçou até que nos últimos anos a África Ocidental passou a ser também "uma zona de consumo e produção" de droga.
Ramos Horta chegou à Guiné-Bissau a 13 de Fevereiro do último ano como Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, função que vai desempenhar até final deste mês.
@Lusa
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