O Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Popular da China na Guiné-Bissau, Yang Renhuo, anunciou que o seu país está disposto a continuar a apoiar o desenvolvimento da Guiné-Bissau da melhor forma possível, revelando que, de acordo com o consenso alcançado pelos dois Chefes de Estado, Xi Jinping e Umaro Sissoco Embaló, o governo chinês ajudará a Guiné-Bissau a reabilitar as estradas urbanas, incluindo as de Bissau, e a melhorar ainda mais no futuro, as condições de transporte da Guiné-Bissau.
O diplomata chinês fez este anúncio na entrevista ao nosso semanário para falar do estado da relação de cooperação bilateral entre os dois países, sobretudo destacando os acordos firmados entre o Presidente Embaló e o Presidente Xi Jinping, aquando da visita do chefe de Estado guineense à Beijing, bem como a implementação do mesmos.
O embaixador realçou a construção da autoestrada Safim-Bissau construída pelo seu país, afirmando, neste particular, que a construção da autoestrada Bissau-Safim é um projeto importante na cooperação bilateral entre a China e a Guiné-Bissau, “sendo a melhor autoestrada de alta qualidade em construção no país, e também mais um testemunho da amizade sino-guineense. O Presidente Embaló atribui grande importância e elogios ao projeto”.
Sobre a cooperação comercial entre a Guiné-Bissau e a China, Yang Renhuo disse que nos últimos anos, a cooperação económica e comercial entre os dois países tem alcançado resultados frutíferos, tendo lembrado que nos primeiros trimestres deste ano, o valor do comércio bilateral entre os nossos países ultrapassou 60 milhões de dólares (corresponde a mais de 37 mil milhões de francos cfa), com um aumento homólogo de 35,4 por cento.
O Democrata (OD): Este ano, o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, efetuou uma visita de Estado à China e participou na Cimeira de Beijing de FOCAC sucessivamente e os dois Chefes de Estado, o da Guiné-Bissau e o da China, realizaram encontros históricos duas vezes, no qual assinou-se vários acordos de cooperação entre os dois países. Senhor Embaixador pode falar dos resultados que podem ser extraídos destes acordos e da sua concretização?
Yang Renhuo (YR): Este ano é um ano marcante na história das relações China-Guiné-Bissau. Em julho, o Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, efetuou com sucesso uma visita de Estado histórica à China e o Presidente da China, Xi Jinping realizou conversas importantes com ele.
Os dois líderes anunciaram estabelecer a parceria estratégica entre a China e a Guiné-Bissau, publicaram a primeira Declaração Conjunta desde o estabelecimento das relações diplomáticas, alcançaram importantes consensos sobre o aprofundamento da confiança política mútua e a promoção da cooperação prática em vários domínios entre os dois países, e testemunharam conjuntamente a assinatura de 12 acordos de cooperação, incluindo a exportação de castanha de cajú da Guiné-Bissau para a China, economia digital, mineração, cooperação entre os meios de comunicação e outras áreas.
Em setembro, o Presidente Embaló foi mais uma vez à China para participar na Cimeira de Beijing do Fórum de Cooperação China-África. Os Chefes de Estado dos nossos dois países reuniram-se duas vezes em menos de dois meses, o que elevou as nossas relações bilaterais para um nível sem precedentes.
Neste ano, sob a orientação estratégica dos Chefes de Estado da China e da Guiné-Bissau, a nossa cooperação bilateral testemunhou numerosos destaques e a cooperação prática alcançou novos avanços: por indicação do Presidente Xi Jinping, o Governador da Província de Jiangsu da China visitou a Guiné-Bissau e assistiu à cerimónia de comemoração do centenário do nascimento de Amílcar Cabral; a parte chinesa implementou com rapidez o projeto de assistência em viaturas para comemoração do centenário do nascimento de Amílcar Cabral; o Ministro da Economia da Guiné-Bissau chefiou uma delegação para participar na Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa; cerca de 150 oficiais e técnicos da Guiné-Bissau deslocaram-se à China para visitas e formação, umnúmero que, em termos comparativos, aumentou significativamente em relação aos anos anteriores; as cooperações nas áreas da exportação de castanha de cajú da Guiné-Bissau à China, da exploração do bauxite alcançaram progressos substanciais.
Apesar dos milhares de quilómetros de distância entre a China e a Guiné-Bissau, os dois países são bons irmãos e parceiros que se ajudam mutuamente. Estamos dispostos a trabalhar com a Guiné-Bissau para implementar bem os importantes consensos alcançados pelos dois Chefes de Estado e enriquecer continuamente a conotação da parceria estratégica China-Guiné-Bissau.
OD: Em julho, o Partido Comunista da China realizou a Terceira Sessão Plenária do 20º Comité Central do Partido Comunista da China. Quais são as influências positivas que esta reunião importante tem sobre o desenvolvimento da relação amistosa de cooperação entre a Guiné-Bissau e a China?
YR: Obrigado pelo seu interesse nesta reunião. Em julho, realizou-se com sucesso a Terceira Sessão Plenária do 20º Comité Central do Partido Comunista da China, foram tomadas medidas sistemáticas para aprofundar ainda mais as reformas e promover a modernização chinesa, abrindo amplas perspetivaspara a modernização chinesa, que marcou uma época.
A Sessão Plenária propôs mais de 300 medidas importantes de reforma em vários aspetos, como a economia, a política, a cultura, a sociedade, a civilização ecológica, a segurança nacional, a defesa nacional e militar, e deixou claro que todas as medidas estarão concluídas até 2029, libertando forte determinação da China em continuar a reforma e a abertura.
No processo de aprofundamento abrangente das reformas, a China vai aderir à política nacional básica de abertura ao exterior, insistir na promoção de reforma através da abertura, integrar-se de forma mais proactiva na economia internacional.
A China vai ampliar ainda mais o acesso ao mercado chinês, expandir a abertura independente e a abertura unilateral aos países menos desenvolvidos e partilhar os frutos do seu desenvolvimento com países de todo o mundo, incluindo a Guiné-Bissau. Acreditamos que a China e a Guiné-Bissau possam aproveitar esta oportunidade para expandir a cooperação prática em todas as áreas, promover o desenvolvimento da Parceria Estratégica entre os dois países e avançar de mãos dadas no caminho da modernização.
OD: A obra da Construção de Autoestrada Bissau-Safim terminará em breve e o seu funcionamento vai melhorar significativamente as condições de circulação rodoviária. A China tem plano de implementar outras obras para melhorar a infraestrutura da Guiné-Bissau?
YR: A infraestrutura é a base do desenvolvimento económico e social de um país. A construção da autoestrada Bissau-Safim é um projeto importante na cooperação bilateral entre a China e a Guiné-Bissau, sendo a melhor autoestrada de alta qualidade em construção no país, e também mais um testemunho da amizade sino-guineense. O Presidente Embaló atribui grande importância e elogios ao projeto.
O projeto iniciou-se em janeiro de 2021 e será concluído e entregue num futuro próximo. Estamos muito satisfeitos por verificar que este projeto está prestes a ser concluído com sucesso e esperamos que o projeto desempenhe um papel positivo no desenvolvimento económico e social da Guiné-Bissau e na melhoria do bem-estar da população local.
No futuro, a China está disposta a continuar a apoiar o desenvolvimento da Guiné-Bissau da melhor forma possível. De acordo com o consenso alcançado pelos dois Chefes de Estado, o governo chinês continuará a ajudar a Guiné-Bissau a reparar as estradas urbanas, incluindo as de Bissau, e a melhorar ainda mais no futuro, as condições de transporte da Guiné-Bissau.
OD: Qual é a visão da China sobre o futuro da cooperação comercial com a Guiné-Bissau e que mecanismo pretendeacionar para envolver o setor privado na cooperação comercial entre os dois países?
YR: Nos últimos anos, a cooperação económica e comercial entre a China e a Guiné-Bissau tem alcançado resultados frutíferos. Nos primeiros três trimestres deste ano, o valor do comércio bilateral entre os nossos países ultrapassou 60 milhões de dólares, com um aumento homólogo de 35,4%.
No ano passado, a Guiné-Bissau participou pela primeira vez na Exposição Internacional de Importação da China e foi convidada a participar mais uma vez este ano. Mais empresas chinesas estão gradualmente a conhecer a excelente qualidade dos produtos da Guiné-Bissau. A China está satisfeita por ver que os dois países reforcem ainda mais a ligação dos mercados e promovam a cooperação económica e comercial bilateral a um nível mais profundo e elevado.
OD: Em relação a exportação de castanha de cajú da Guiné-Bissau à China e na qual já foi estabelecido acordo oficial. As empresas chinesas têm um mecanismo definido na compra de castanha de cajú?
YR: Sei que muita gente está interessada na exportação da castanha de cajú da Guiné-Bissau para a China. O processo progrediu com sucesso este ano. Durante a visita do Presidente Embaló à China em julho, sob o testemunho dos dois chefes de Estado, a China e a Guiné-Bissau assinaram o Protocolo sobre os requisitos de inspeção e quarentena para a exportação da castanha de cajú da Guiné-Bissau para a China.
Em agosto, a Companhia de Grãos e Óleos da Província Hunan da China e a Câmara de Comércio da Guiné-Bissau assinaram o Memorando de Entendimento sobre a Cooperação para a Promoção da Exportação de Castanha de Cajú da Guiné-Bissau para a China e a Transformação Local e alcançaram intenções de cooperação na exportação da castanha de cajú da Guiné-Bissau para a China e na construção de fábrica de processamento de castanha de cajú na Guiné-Bissau.
Sei que muitas empresas chinesas manifestaram interesse na castanha de cajú da Guiné-Bissau e algumas empresas já vieram à Guiné-Bissau para conhecer. Desde 1 de dezembro, a China concede benefícios especiais de tarifa ZERO aos produtos agrícolas da Guiné-Bissau quando entrem no mercado chinês.
Damos boas-vindas à entrada de produtos agrícolas de alta qualidade da Guiné-Bissau no mercado chinês. Estamos dispostos a trabalhar com as entidades concernentes da Guiné-Bissau para encorajar e apoiar as empresas de ambos os países a participarem ativamente na cooperação da castanha de cajú. Acreditamos que os produtos agrícolas de alta qualidade da Guiné-Bissau, incluindo a castanha de cajú, entrarão no mercado chinês e estarão nas mesas do povo chinês em breve.
OD: Relativamente as cooperações agrícolas entre a Guiné-Bissau e a China, quais são as medidas concretas que a China tomou para melhorar a produção e a segurança alimentar na Guiné-Bissau, sobretudo ajudar a Guiné-Bissau a desenvolver sua infraestrutura agrícola, e promover a transferência de tecnologia e capacitação de agricultores locais na Guiné-Bissau.
YR: A agricultura é uma área tradicional de cooperação entre a China e a Guiné-Bissau. Desde 1998, o Governo chinês já tem enviado 12 missões técnicas agrícolas para a Guiné-Bissau. Os especialistas agrícolas chineses têm realizado cooperações de assistência técnica agrícola na região de Bafatá e outros locais a longo prazo, ajudando a cultivar sementes de alta qualidade que se adaptam às condições de plantação local, doando máquinas agrícolas e fertilizantes às zonas produtoras de arroz e ensinando tecnologia de plantação de arroz e conhecimentos de máquinas agrícolas, esforçando-se por cultivar talentos técnicos agrícolas para a Guiné-Bissau e aumentar a produção alimentar do pais.
Até agora, a missão técnica agrícola chinesa já doou quase 300 máquinas agrícolas e 2.000 toneladas de fertilizantes à Guiné-Bissau, forneceu várias formações de tecnologia agrícola a mais de 22.000 pessoas. Além disso, a China ofereceu ajuda alimentar à Guiné-Bissau três vezes nos últimos anos e doou recentemente 1.000 toneladas de arroz ao governo guineense. A parte chinesa espera que, através das medidas referidas, possamos ajudarefetivamente a Guiné-Bissau a melhorar a sua segurança alimentar e garantir o desenvolvimento do bem-estar da população.
OD: Que destaque a China dá a nível da cooperação nos setores de educação e saúde entre os dois países?
YR: O governo chinês tem enviado constantemente equipas médicas para a Guiné-Bissau desde 1976. Em maio, a 20ª equipa médica formada por 17 médicos chegou a Bissau. Abrange vários departamentos como cirurgia, dermatologia, obstetrícia e ginecologia. Seguindo as boas tradições, os médicos trabalham no Hospital de Amizade Sino-Guineense e no Hospital Regional de Canchungo para realizar trabalhos de diagnóstico e tratamento.
Ao mesmo tempo, realiza-se ativamente consultas médicas gratuitas e itinerantes, formação médica, palestras académicas e outras atividades médicas no país, a fim de procurar saúde e melhoria do bem-estar para o povo guineense e têm recebido altos elogios de sociedade guineense. Além disso, a China ajudou na construção das instalações médicas de obstetrícia e ginecologia no Hospital Regional de Canchungo, promovendo o desenvolvimento da causa de saúde pública da Guiné-Bissau.
Na área da educação, a China e a Guiné-Bissau assinaram em setembro o memorando de entendimento sobre a cooperação educativa bilateral, que forneceu orientações para a cooperação no domínio da educação entre os dois países.
A China ofereceu oportunidades de formação, na China, a cerca de 150 pessoas das áreas política, negócios, academia e comunicação social da Guiné-Bissau, doou materiais à Escola de Amizade China-Guiné-Bissau, Escola Privada Mao Tsé-Tung e outras escolas do país, e concedeu bolsas de estudo a cerca de 50 estudantes excecionais da Unidade Tchico Té e do Liceu Nacional Kwame N’Krumah, apoiando as escolas locais a melhorar as suas condições escolares, ajudando a Guiné-Bissau a melhorar o seu nível educacional e cultivar mais talentos excecionais.
Além disso, a China está a discutir ativamente com Guiné-Bissau sobre as cooperações como a abertura de Instituto Confúcio e a promoção do ensino da língua chinesa na Guiné-Bissau.
OD: Por fim, podia falar sobre as perspetivas da cooperação entre a Guiné-Bissau e a China no futuro.
YR: A China e a Guiné-Bissau são bons irmãos, parceiros e companheiros no caminho da modernização. A China está disposta a trabalhar com a Guiné-Bissau, aproveitando a implementação dos importantes consensos alcançados pelos Chefes de Estado dos dois países e dos resultados da Cimeira de Beijing do FOCAC para estreitar os intercâmbios de alto nível, aprofundar as cooperações práticas nas áreas tradicionais como agricultura, pescas e saúde, expandir as nossas cooperações económicas e comerciais, e reforçar as comunicações interpessoais e culturais, de modo a construir de mãos dadas, uma comunidade com futuro compartilhado China-África de todos os tempos na nova era e promover a modernização da China e da África, contribuindo mais para o desenvolvimento e prosperidade da China e do continente africano.
Por: Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb
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