sábado, 4 de janeiro de 2020

"TRANSPARÊNCIA E JUSTIÇA NÃO ESTÃO COMPROVADAS NO REGISTO DE VOTOS", DIZ DOMINGOS SIMÕES PEREIRA

O candidato derrotado nas presidenciais da Guiné-Bissau Domingos Simões Pereira, que impugnou no Supremo Tribunal de Justiça os resultados eleitorais, disse hoje que a transparência e a justiça não estão comprovadas no registo de votos expressos nas atas.

"A democracia anda em paralelo com a transparência e a justiça, que não estão comprovadas em relação ao registo dos votos expressos nas atas das assembleias de voto e muito menos na transposição das atas síntese para os quadros informáticos em tratamento", afirmou Domingos Simões.

"Por isso [foi interposto] o recurso judiciário esperando que as instâncias competentes deem a conhecer ao povo e à nação guineense a garantia de quem de facto mereceu a preferência dos guineenses para decidir o seu destino nos próximos cinco anos", disse o candidato apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), do qual também é presidente.

Domingos Simões Pereira falava aos jornalistas e apoiantes numa unidade hoteleira em Bissau com o objetivo de esclarecer a submissão de um requerimento de impugnação dos resultados da segunda volta das presidenciais, realizada no domingo, pela Comissão Nacional de Eleições.

"Queria aqui enaltecer o comportamento globalmente irrepreensível das forças de defesa e segurança que se mantiveram à margem do processo enquanto instituição, mas que devem proceder a um apuramento e responsabilização dos incidentes ocorridos e registados para contínua moralização e disciplina do serviço nobre que prestam à nação", disse Domingos Simões Pereira.

O presidente do PAIGC denunciou também que um apoiante de um candidato fez campanha eleitoral no dia da votação junto às assembleias de voto, com a distribuição de dinheiro, acompanhado de homens armados.

"Também uma palavra à comunidade internacional pelo acompanhamento que tem assegurado a situação política do nosso país, nomeadamente às missões de observação eleitoral que obviamente contribuem para um ambiente mais apaziguado e seguro do escrutínio, mas que certamente não têm como certificar a correção detalhada dos dados que são apurados e tratados", afirmou.

Domingos Simões Pereira destacou também o "excelente" trabalho da sua candidatura e diretoria de campanha, salientando que o que fizeram vai resultar na sua vitória "caso os esclarecimentos sejam de facto aportados e as correções feitas".

"A todos asseguramos o nosso firme compromisso com os valores democráticos e a nossa determinação em conhecer a verdade e respeitar a vontade do povo expresso das urnas", afirmou.

Domingos Simões Pereira entregou na sexta-feira no Supremo Tribunal de Justiça o pedido de impugnação das eleições com base em alegadas provas de fraude na votação de domingo passado, segundo fontes da candidatura.

As alegadas provas "visam demonstrar que os resultados finais foram adulterados".

Entre os argumentos para fundamentar as alegadas irregularidades, os advogados da candidatura de Simões Pereira juntaram elementos de indiciam "discrepância entre o número de inscritos para votar e o número de votantes".

Fonte do Supremo Tribunal de Justiça, que na Guiné-Bissau tem também competência de tribunal eleitoral, disse à Lusa que o dossiê de impugnação das eleições por parte da candidatura de Domingos Simões Pereira deu entrada no cartório do tribunal e que agora será apreciado, na próxima semana, "para avaliar a sua justeza ou não" de acordo com a lei eleitoral guineense.

Segundo os resultados provisórios apresentados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), o general Umaro Sissoco Embaló venceu o escrutínio com 53,55% dos votos, enquanto o candidato Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC, conseguiu 46,45%.
Conosaba/Lusa

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