quarta-feira, 13 de setembro de 2017

«OPINIÃO» 'QUEM PODE FALAR MELHOR DE NÓS DO QUE NÓS MESMOS?' - SAMUEL ADELINO IÉ


A minha reflexão, partiu de um debate realizado na aula de encerramento da disciplina Educação Ambiental, ministrado pelo professor Doutor Ivan Costa Lima, na universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), na qual convidou o professor João de Cumbe da Comunidade do Quilombo de Cumbe para debater os temas “Racismo Ambiental e Justiça Ambiental”, nesse debate o professor convidado, narrou de forma bem explicita e sintética aquilo que sabe e a experiência que teve em sua Comunidade. Portanto, a explicação do professor João foi interessante porque nos permitem fazer uma relação com aquilo que ao longo da disciplina abordamos em sala de aula. 
Após a fala do professor convidado foi aberto o debate, na minha fala cumprimentei o professor João, depois fiz alguns comentários e no final levantei algumas perguntas a ele. Uma das perguntas era sobre os trabalhos que eles estão a desenvolver para conscientização da comunidade local, sobretudo na área da educação e a resposta dele é que, suas ações estão viradas mais para conhecimento local, porque segundo ele essa educação atual fala mais da desvalorização dessas comunidades, apontando como exemplo os materiais didáticos que reproduzem aquele pensamento ocidental. Logo depois desse debate comecei a pensar e lembrei-me de uma frase do antigo presidente dos Estados Unidos de América Kennedy “um povo que não conhece a sua cultura é um povo nua, um povo vazio”, portanto, com essas falas inicio a minha reflexão.
 Caros, leitores e leitoras convido-vos a refletirem comigo sobre as injustiças que acontecem neste planeta terra, injustiças essas baseadas na cor da pele “BRANCA E NEGRA”, porém, gostaria de levantar algumas indagações, ou seja, algumas perguntas que nem é preciso respondê-las, mas para refletir:
De onde vem o conceito de RAÇA?
Quem o criou?
Para que foi criado?
Como é possível falar da igualdade, uma vez que o outro é marginalizado?
Como é possível falar, todo mudo tem os mesmos direitos e alguns são excluídos?
Como é possível falar na igualdade se a mídia é a principal promotor das desigualdades?
Como é possível acabar com a violência se o Estado é o principal patrocinador dela?
Que mundo é que queremos construir?
O conceito de RAÇA foi criado com um único objetivo, de dominar, para melhor reinar. É um conceito criado pelos maiores ladrões do planeta e de todo tempo, refiro-me dos invasores, colonizadores europeus, criaram para dominar a população negra em seus respetivos lugares. Foi uma história de séculos e séculos atrás, mas que até hoje em dia estamos a vivencia-los nas nossas sociedades, práticas, essas patrocinadas pelos próprios governos e governantes.
Caros leitores e leitoras, uma mão sozinha não é capaz de fazer nada, por isso, temos que assumir esses desafios, que nos foram colocados, por sermos da pele preta. Assumir esses desafios passa primeiramente orgulhar da cor da pele que Deus criador nos deu, segundo reconhecer que somos vistos como aqueles que não têm capacidades ou criatividades, mas que na verdade somos os melhores nas criatividades e nos pensamentos, trabalhar para inverter isso, terceiro apostar na Educação dos nossos filhos como uma ferramenta, segundo os autores Amílcar Cabral e Paulo Freire a melhor armada de derrubar o seu inimigo é através da Educação.
Enfim Continuar com a produção de conhecimento a partir do conhecimento local e adicionar com o exterior conforme dizia Amílcar Lopes Cabral “nunca é demais adquirir aquilo que é do outro, mas sempre valorizando o seu”, porque segundo ele adquirir do outro significa adicionar o seu.
Ninguém pode falar melhor de se do que você mesmo! O titulo nos convida a refletir de forma profunda em diferentes aspetos como:
Pensar de onde viemos? Onde queremos ir? Quem somos nós? Quem fala, onde fala e para que? Que tipos de pessoas querem ser? A realidade que estou a imitar corresponde com a minha?   
Para encerar este pequeno texto de reflexão, gastaria de dizer o seguinte: enquanto continuarmos com a reprodução do conhecimento ocidental como único e perfeito. Dar valor mais o de fora, não valorizar educação, ou seja, o conhecimento local, a baixa autoestima, admirar mulheres brancas e homens brancos, falar a língua estrangeira como o nativo, fazer amizade só com os brancos, lançar livros só nas universidades e  não escolas básicas. Vamos continuar nesta marginalização e sendo vistos como menos capacitados.
EU SOU PORQUE VOCÊ É!
NÓS SOMOS PORQUE VOCÊS SÃO!
NÃO IGNORE O OUTRO!

“GRITAR EM SILÊNCIO”

Samuel Adelino Ié, Bacharel em Humanidades pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), atualmente é estudante do curso de licenciatura em pedagogia na mesma Universidade

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