quarta-feira, 2 de julho de 2025

BOICOTE NA ASSEMBLEIA: DEPUTADOS TOGOLESES PROTESTAM CONTRA SILÊNCIO FRENTE À REPRESSÃO MORTAL



Um clima de tensão política e social voltou a abalar o Togo esta semana, após três deputados da oposição boicotarem a sessão plenária de encerramento da primeira sessão ordinária do ano, realizada na segunda-feira, 30 de junho. O protesto é uma resposta direta ao silêncio da Assembleia Nacional diante das violentas manifestações reprimidas pelo regime de Faure Gnassingbé, que, segundo organizações da sociedade civil, resultaram em pelo menos sete mortos.
As formações políticas Dinâmica para a Maioria do Povo (DMP) e Aliança dos Democratas para o Desenvolvimento Integral (ADDI) justificaram a ausência dos seus deputados com um duro comunicado:
“A Assembleia Nacional, que deveria ser a voz do povo, escolheu a fuga para frente.”
Esses grupos exigem uma sessão extraordinária para tratar da crise instaurada desde as manifestações iniciadas em 6 de junho. Entre as reivindicações estão:
A libertação imediata dos detidos arbitrariamente,
A realização de uma investigação independente sobre os acontecimentos, e
A garantia do direito constitucional à manifestação.
No entanto, nenhuma dessas medidas foi adotada até o momento, o que levou ao boicote parlamentar como forma de pressão.
Governo fala em “tentativa de desestabilização”
Em resposta, o governo togolês classificou as manifestações como ilegais e acusou os organizadores de promoverem uma “campanha de incitação à violência e desobediência civil”, com o objetivo de desestabilizar as instituições do Estado.
O executivo ainda afirmou que vários indivíduos, incluindo estrangeiros, foram detidos em flagrante, sem, no entanto, fornecer detalhes. O comunicado oficial elogiou as forças de segurança pelo “profissionalismo” na contenção dos protestos.
Sobre os corpos encontrados em rios da capital, o governo afirma que os exames indicaram afogamento como causa da morte, e aproveitou para fazer um apelo à “prudência em áreas próximas a corpos d’água”.
Aumento da tensão
As manifestações dos dias 26, 27 e 28 de junho foram marcadas por confrontos intensos entre civis e forças de segurança. Diversos partidos políticos e organizações da sociedade civil denunciaram uso excessivo da força, que resultou em pelo menos sete mortos e dezenas de feridos.
O episódio reacende o debate sobre o espaço democrático no Togo, onde Faure Gnassingbé está no poder desde 2005, após suceder o pai, Gnassingbé Eyadéma, que governou por 38 anos.
Bissau, 02 de julho de 2025
Reportagem: AFP/DMG TV Digital Mídia Global TV

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