O presidente da Célula Nacional de Tratamento Financeiro (CENTIF) da Guiné-Bissau, Justino Sá, disse à Lusa que mais de 80 milhões de euros escaparam ao Estado entre 2013 e 2018 devido às ações de criminosos
Justino Sá afirmou que esse dinheiro é derivado de crimes de corrupção, fuga ao fisco, tráfico de droga, peculato e administração danosa.
“Se os envolvidos tivessem sido condenados e obrigados a pagar, esses valores poderiam ter sido investidos na melhoria das condições de vida de muitos guineenses”, observou o jurista.
O presidente da CENTIF falava à Lusa à margem de um seminário que a sua instituição organizou em Bissau, durante três dias e que hoje termina, para proceder à avaliação de riscos de branqueamento de capitais e de financiamento de terrorismo no país.
O seminário junta representantes de bancos comerciais, seguradoras, Ordem de Advogados, entidades financeiras estatais e privadas e auditores.
Justino Sá assinalou que as informações sobre os processos relativos aos 53 mil milhões de francos CFA (mais de 80 milhões de euros) que o Estado poderia ter arrecadado, constam de relatórios que a CENTIF remeteu ao Ministério Público.
“São processos de crimes que deveriam merecer a investigação do Ministério Público, mas são processos que não andam, porque nunca mais soubemos nada sobre essas denúncias”, frisou.
O jurista enaltece a atuação dos bancos comerciais, com base nas diretrizes da comunidade da África Ocidental em que a Guiné-Bissau está inserida, mas exorta-os a reforçar a vigilância “com os branqueadores”.
“Há necessidade de os bancos terem cada vez mais total domínio do perfil de todos os clientes que têm, ter a capacidade de identificar, ‘a priori’, um potencial branqueador de capital e fazer o alerta precoce”, notou Justino Sá.
Ao Estado, o presidente da CENTIF pede que seja forte e presente, bem como faça funcionar uma “justiça isenta e atuante”.
“Não se combate o branqueamento de capital com um Estado frágil”, disse Justino Sá.
Conosaba/Lusa
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