Bolom Conté, militante em litígio com o seu partido, Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), acusou o presidente dessa formação política de tentar subordiná-lo através da sua esposa, numa reunião que seria a sós, mas que acabaria por envolver a sua mulher como mediadora.
Em conferência de imprensa realizada esta sexta-feira, 26 de agosto de 2022, para reagir às acusações do partido de que foi vítima, Bolom Conté disse estar disposto a reconciliar-se com o PAIGC, desde que o partido aceite deixar cair o Guião e respeitar os estatutos, nomeadamente a realização das conferências de base, estruturas intermédias (seção, setor e região), caso contrário continuará a defender os princípios e valores do partido.
“Se a comissão for ativada agora, vou abdicar de tudo para negociar. Porque não estou interessado em criar caos no partido, mas sim, estou pelo bem-estar do partido. Para que isso aconteça, as regras internas têm de ser respeitadas de forma integral. Nunca fui, nem serei radical em nenhuma negociação que vise reconciliar os militantes do partido”, assegurou, justificando que fê-lo pelo interesse coletivo de todos os militantes e simpatizantes vítimas do mesmo processo de escolha de delegados ao congresso.
O Militante do PAIGC, desde 2004 no círculo eleitoral 25, afirmou ter entregue a sua carta de protesto ao Conselho Nacional de Jurisdição do PAIGC no dia 13 de janeiro de 2022, para reivindicar contra as irregularidades no processo, mas até ao momento não foi chamado nem ouvido por este órgão.
“O guião foi anulado, mas o partido continuou a violar os mesmos procedimentos, admitindo os mesmos delegados contestados nas eleições de base”, salientou, para de seguida defender que “o PAIGC não pode ser tratado como um património privado de alguém, mas sim património nacional”.
Bolom Conté frisou que as previdências cautelares interpostas nos tribunais Regional de Bissau e de relação visam pôr “fim à ditadura no seio do partido” e disse estar disposto a entregar-se à morte, se for necessário, mas nunca vai desistir da sua luta pelo respeito dos princípios internos até que os valores que todos defendem sejam respeitados.
“As assembleias de base e as conferências das estruturas intermédias (seção, setor e região) são órgãos essenciais do PAIGC para o seu funcionamento adequado e equilibrado, assegurando a articulação necessária e coerente do corpo do partido, da base ao topo, não do topo à base”, sustentou .
Bolom Conté denunciou que ele, a sua família e os seus próximos têm sido, desde que entrou com o processo judicial no tribunal, vítimas de ameaças à morte, de insultos, perseguição e intimidação, tanto dos dirigentes quanto dos militantes leais a Domingos Simões Pereira.
O militante do PAIGC denunciou ainda que o seu partido fez tentativa de inscrevê-lo na Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), para sustentar a sua teoria de que já não era militante dos libertadores.
“O meu partido fez a mesma tentativa no Partido da Renovação Social (PRS), mas não conseguiu”, denunciou e disse que nunca saiu do país nem recebeu proteção de alguém, porque já viu algo pior que as ameaças dos atuais dirigentes e militantes do PAIGC.
Por: Filomeno Sambú
Foto: FS
Conosaba/odemocratagb
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