terça-feira, 16 de junho de 2020

«NÔ PINTCHA» DÍVIDA DA EAGB BLOQUEIA REFORMA A 113 FUNCIONÁRIOS E GOVERNO GUINEENSE RESGATA A EMPRESA DO "FUNDO DO POÇO"


A Empresa de Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB) contrai uma dívida financeira no valor total de 23.679 milhões e 300 mil francos CFA contra a disponibilidade de 527 milhões.

Esta informação foi avançada pelo novo director-geral da EAGB, Mamadu Baldé, durante uma conferência de imprensa conjunta que contou com as presenças dos ministros dos recursos Recursos Naturais e Energia, Jorge Malu e das Finanças, João Aladje Mamadu Fadia.

O novo responsável da empresa de electricidade e águas da Guiné-Bissau disse aos jornalistas que a situação financeira da sua instituição é catastrófica, caraterizando as dívidas contraídas pela anterior direcção como de “todo o tipo”. Conforme Mamadu Baldé, tratam-se de dívidas à banca, ao tesouro público, à segurança social e aos diversos fornecedores de bens e serviços, facto que impediu 113 funcionários de irem a reforma.

“A contabilidade da EAGB é inoperacional porque não são auditadas regularmente os balancetes contabilísticos entre outras operações fundamentais para a estabilidade financeira da empresa”, sublinhou.

O responsável disse que para a cobrança das dívidas que as pessoas ou empresas contraíram com a EAGB, foi criada uma comissão composta por um magistrado do Ministério Público e mais outros elementos, que neste momento tem vindo a dar resultado.

Perante esse desafio, o diretor-geral traçou como meta aumentar as receitas, reduzir as despesas, alargar os prazos dos reembolsos da dívida com a banca e racionalizar os recursos. 

Na mesma ocasião, o ministro das Finanças considerou de incompreensível a situação da EAGB. “No espaço de 12 meses só conseguiu pagar seis faturas à empresa KARPOWER que fornece energia limpa para EAGB vender aos consumidores.

João Aladje Mamadu Fadia informou, com efeito, que o atual Governo já pagou essa dívida, calculada em cerca de 9 milhões de dólares americanos.

Segundo o titular da pasta das Finanças anualmente o executivo paga a Empresa de Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau cerca de 6 bilhões de francos CFA para o consumo de energia e água.

Em relação ao serviço de água, o governante esclareceu que o contrato com o consórcio Águas de Portugal está suspenso, temporariamente, e com conhecimento do Banco Mundial, devido ao regresso dos técnicos portugueses á Lisboa, por causa da pandemia da Covid-19.

Por sua vez, o ministro dos Recursos Naturais e Energia, Jorge Malu, disse que a questão da energia e água no país não deve ser politizada porque é de interesse de todos, independentemente das cores partidárias.

O governante asseverou que a EAGB nos últimos 20 anos, passou por uma administração desastrosa e danosa, o que justifica o ponto em que a empresa chegou, que diz ser grave, pelo que, na sua opinião, é preciso ter muita coragem para resolver os problemas da empresa.

De acordo com Jorge Malú a EAGB corre o risco de desaparecer em caso de não forem tomadas medidas correctivas, pois neste momento todas as receitas recolhidas nas cobranças só servem para pagar salários aos funcionários.

“Há uma situação bastante difícil. A EAGB não produz agora a energia, mas sim, é dada pela empresa KARPOWER através do barco estacionado no mar para vender e depois pagar a essa empresa o valor acordado, mas acontece que a EAGB acaba por consumir todo o valor cobrado no pagamento dos seus funcionários”, esclareceu.

Jorge Malu informou que a empresa conta com 595 funcionários dos quais 506 são efetivos e 89 contratados.

Malú disse que há clientes que têm dívida com a EAGB que ronda quatro bilhões de francos cfa, facto que levou o Governo a criar uma comissão para a cobrança das dívidas, integrada por representantes do Ministério Público, tendo sido já recuperadas cerca de 400 milhões de francos CFA. 

O ministro dos Recursos Naturais e Energia considerou de grave a isenção de pagamento de luz e água aos funcionários do Ministério da Energia e da EAGB e prometeu lutar para dar maior rentabilidade à empresa.

Por: Alfredo Saminanco


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