sexta-feira, 26 de junho de 2020

JOVEM ATIVISTA GUINEENSE ABDUL KADRE LY JÁ SAIU EM LIBERDADE, DIZ O ADVOGADO LUÍS VAZ MARTINS

O advogado Luís Vaz Martins
O jovem ativista guineense Abdul Kadre Ly saiu hoje em liberdade após mais de 72 horas detido pela polícia, disse à Lusa o advogado Luís Vaz Martins, da equipa de juristas que o acompanharam numa audição no Ministério Público.

Segundo Vaz Martins, antigo presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos e um dos advogados que têm assistido nos últimos dias a vários cidadãos detidos pela polícia, o jovem Kadre Ly foi posto em liberdade "sem que lhe tenha sido aplicada qualquer medida de coação".

O magistrado do Ministério Público que o ouviu considerou que o ativista não praticou nenhum crime que tenha motivado a sua detenção pela polícia quando estava a fotografar um ato público que decorria nas instalações da Procuradoria, acrescentou o advogado.

Luís Vaz Martins disse, no entanto, que além de Abdul Kadre Ly, a equipa de advogados de que faz parte também assistiu e possibilitou a saída em liberdade de um outro jovem ativista político, Almeida Cá, alegadamente "apanhado pela polícia" com informações no seu telefone celular que "punham em causa a honra de outra pessoa".

O advogado considera que tanto no caso de Kadre Ly como no de Almeida Cá, o Ministério Público "fez cumprir a lei" ao ordenar a restituição de liberdade aos dois jovens "que não fizeram nada de ilícito".

"Abdul Kadre Ly nem sequer foi ouvido pelo magistrado", acrescentou o advogado.

Luís Vaz Martins assinalou que "a mesma sorte não teve" um outro grupo composto por oito jovens da localidade de Safim, que são acusados pela polícia de "atos que colocam em causa a ordem pública, formação de motim e retirada de armas de fogo do exército num quartel da Guarda Nacional".

Os oito jovens terão agora que se apresentar periodicamente na Procuradoria e ficam ainda sujeitos a comunicação prévia de qualquer mudança de residência.

Luís Vaz Martins considera estranha a medida e lembra que os implicados, com idades compreendidas entre os 21 e os 47 anos, estiveram detidos pela polícia seis dias, foram postos em liberdade e só hoje foram chamados perante a justiça, que os mandou para casa mas mediante Termo de Identidade e Residência.

Os oito homens são acusados pela Polícia de Ordem Pública (POP) de serem os líderes da insurreição popular que se seguiu ao anúncio do rapto, por desconhecidos, no passado dia 22 de maio, do deputado Marciano Indi, líder da bancada parlamentar da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau.

Indi, atualmente em tratamento médico em Portugal, na sequência de espancamentos de que foi alvo, foi posto em liberdade horas depois, numa altura em que centenas de populares de Safim já protestavam nas ruas da vila.

Conosaba/Lusa

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