sexta-feira, 20 de março de 2015

«NAFULÓ» BANCOS COMERCIAIS DA GUINÉ-BISSAU TÊM 43 MILHÕES EM CRÉDITO MAL PARADO



A banca comercial da Guiné-Bissau tem 28 mil milhões de francos CFA (43 milhões de euros) em crédito mal parado, o que irá dificultar a concessão de empréstimos aos operadores económicos nos próximos tempos, disse hoje uma fonte oficial.

Rómulo Pires, diretor-geral do Banco da África Ocidental (BAO), fez este anúncio aos jornalistas num encontro promovido pela direção do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) com os diretores dos bancos comerciais.

O encontro serviu para o BCEAO (banco central de 15 países da Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental, CEDEAO) apresentar aos bancos comerciais novas diretrizes para levar a população guineense a utilizar os serviços bancários e levar os bancos a baixarem os custos dos seus serviços.

O diretor-geral do BAO, detido maioritariamente pelo grupo português Geocapital, manifestou disponibilidade para cumprir com as orientações do BCEAO, contudo, destacou a dificuldade que se vai sentir este ano para o financiamento da principal atividade empresarial do país, a campanha da castanha de caju.

"Neste momento, estima-se em 28 mil milhões de francos CFA [43 milhões de euros] o crédito mal parado em todo sistema bancário", disse Rómulo Pires, falando em nome dos quatro bancos comerciais que operam na Guiné-Bissau.

A campanha de comercialização da castanha de caju, principal produto de exportação do país, decorre entre abril e setembro a partir do financiamento que os operadores económicos recebem dos bancos.

O diretor do BAO prevê dificuldades para este ano.

"Os bancos querem financiar, mas não é segredo para ninguém que uma boa parte de operadores económicos teve dificuldades em 2012, o que originou incumprimento junto dos bancos e também a impossibilidade de acederem a novos créditos", observou Rómulo Pires.

Quanto às críticas aos bancos comerciais por causa de alegados critérios rígidos para acesso ao crédito e por praticam altas taxas do juro, Rómulo Pires refutou as acusações e explicou o que disse ser a realidade dos factos.

Referiu que os bancos comerciais "têm custos elevados" com a aquisição e manutenção de equipamentos - quase tudo comprado fora do país -, formação e treino do pessoal, segurança e seguros e ainda suporta riscos devido à instabilidade.

"Como nós vimos em 2012, começamos a financiar a campanha da castanha do caju e em plena campanha dá-se o golpe de Estado, o que criou atrasos no processo e as consequências que todos nós conhecemos", disse, referindo-se ao golpe militar.

Rómulo Pires explicou que a taxa do juro em todos os países da CEDEAO baixou dos 18 para 15 por cento, por orientações do banco central, há mais de um ano.

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