Abidjã – A base militar francesa de Port-Bouët, em Abidjã, passou esta quinta-feira, 20 de Fevereiro, para as mãos dos marfinenses, marcando um novo capítulo nas relações militares entre a França e a Costa do Marfim. Esta devolução marca o fim de um processo que se iniciou em Abril de 2023 e que culminou na entrega desta base militar, que abrigava o 43º Batalhão de Infantaria e Marinha, sob controlo francês desde 1978.
O ministro da Defesa da Costa do Marfim, Téné Birahima Ouattara, e o ministro francês das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, confirmaram a devolução da base, sem qualquer ruptura na relação entre os dois países. O coronel Damien Mireval, oficial francês em Abidjã, garantiu a continuidade da cooperação militar, destacando que "não há ruptura". Embora a presença militar permanente da França na Costa do Marfim esteja a diminuir, o país vai manter uma colaboração com as autoridades marfinesas, particularmente no combate ao terrorismo e na formação de forças militares.
Esta decisão acontece num momento de reconfiguramento da presença militar francesa em África, que começou em 2022. Países como o Senegal e o Chade estão a negociar a saída das forças francesas, enquanto as juntas no poder no Mali, Burkina Faso e Níger já exigiram a retirada das forças francesas. No caso da Costa do Marfim, a transição acontece de forma gradual, após negociações entre Paris e Abidjã.
Em 2023, a França iniciou a retirada das suas tropas da base de Port-Bouët, um processo que se concluiu com a chegada de 90 paraquedistas marfinenses. A restituição da base militar representou a concretização deste processo, a base passou a estar totalmente sob controlo da Costa do Marfim.
A presença militar francesa na Costa do Marfim está a diminuir, a França vai continuar a desempenhar um papel fundamental no apoio à formação das forças armadas, bem como na manutenção de centros regionais como a academia internacional de luta contra o terrorismo em Jacqueville. O fortalecimento da parceria entre os dois países é visto como uma forma de garantir a segurança regional e reforçar os laços entre a antiga potência colonial e a Costa do Marfim.
Por: Lígia ANJOS
Conosaba/rfi.fr/pt
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