domingo, 14 de junho de 2020

"A DEGRADAÇÃO DO PODER - ADAPTADA À MODA GUINEENSE"

Por: Santos Fernandes 

Santos Fernandes (2020) apud MOISÉS NAÍM (2013)

Há livros ou estudos que nos marcam pela sua narrativa em relação ao nosso presente, há outros ainda que nos marcam pela sua homília histórica, mas a obra do MOISÉS NAÍM (2013) – “O FIM DO PODER” que destaco, no presente artigo, retrata o futuro do poder que nos dirigirá, feliz ou infelizmente, nas próximas décadas . 

Por que será?

Concretamente, é sobre o fato de que o poder – a capacidade de conseguir que os outros façam ou deixem de fazer algo – está a passar por uma transformação histórica e de extrema importância.
O poder está se dispersando cada vez mais e os grandes atores tradicionais (governos, exércitos, empresas, sindicatos etc.) estão cada vez mais a ser confrontados com novos e surpreendentes rivais – alguns muito menores em tamanho e recursos. Além disso, aqueles que controlam o poder deparam-se cada vez com mais restrições ao que podem fazer com ele. Costumamos interpretar mal ou até ignorar completamente a magnitude, a natureza e as consequências da profunda transformação que o poder está a sofrer nos tempos atuais. É tentador ficar focado apenas no impacto da internet e das novas tecnologias da comunicação em geral, nos movimentos do poder em uma ou outra direção, ou na questão de se o poder “soft” da cultura está tomando o lugar do poder “hard” dos exércitos. Mas essas visões são incompletas. Na verdade, elas podem até obscurecer nosso entendimento das forças fundamentais que estão mudando a forma de adquirir, usar, conservar e perder o poder.
Sabemos que o poder está a passar daqueles que têm mais força bruta para os que têm mais conhecimentos, dos países do norte para os do sul e do Ocidente para o Oriente, dos velhos gigantes corporativos para as empresas mais jovens e ágeis, dos ditadores aferrados ao poder para o povo que protesta nas praças e nas ruas, e em alguns países começamos a ver até como o poder passa dos homens para as mulheres e dos mais velhos para os mais jovens. Mas dizer que o poder está indo de um continente ou país para outro, ou que está se dispersando entre vários atores novos, não é suficiente. O poder está a sofrer uma mutação muito mais fundamental, que ainda não foi suficientemente reconhecida e compreendida.
Enquanto Estados, empresas, partidos políticos, movimentos sociais e instituições ou líderes individuais rivais brigam pelo poder – no caso guineense muitos são disfarçados em ativistas, em conluio com os partidos politicos, como têm feito sempre e, sobretudo, agora como nunca, o poder em si – aquilo pelo qual lutam tão desesperadamente os nossos atores, que tanto desejam alcançar e conservar – está a perder eficácia.

O poder está em “degradação”

Em poucas palavras, o poder não é mais o que era. Quer na Guiné-Bissau, quer no Brasil ou qualquer canto do planeta. Quem não identificou ainda esta metamorfose do poder, este novo paradigma do poder é porque precisa rever o seu “modus operandi” e o seu conceito do poder, porquanto no século XXI, o poder é mais fácil de obter, mais difícil de utilizar e mais fácil de perder. Das salas de diretoria e zonas de combate ao ciberespaço, as lutas pelo poder são tão intensas quanto antes, mas estão a produzir cada vez menos resultados. A ferocidade dessas batalhas mascara o caráter cada vez mais evanescente do poder. Por isso, entender de que modo o poder está a perder seu valor – e enfrentar os difíceis desafios que isso supõe – é a chave para assimilar uma das tendências mais importantes que vêm reformulando o mundo no século XXI. Isso não quer dizer que o poder tenha desaparecido ou que não há mais quem o possua, e em abundância. 
Mas bem menos do que tinham seus antecessores – i.e “Nino” Vieira, Mobuto, Moubarak, José Eduardo dos Santos, etc. As pessoas que ocuparam tais cargos antes não só precisaram enfrentar menos rivais e adversários, mas também sofriam menos restrições – quer na forma de ativismo social, de mercados financeiros mundiais, do exame minucioso por parte da mídia ou da proliferação de rivais – na hora de utilizar esse poder. Como resultado, os poderosos de hoje costumam pagar um preço mais alto e mais imediato por seus erros do que seus antecessores. Por sua vez, sua reação diante dessa nova realidade está a alterar o comportamento das pessoas sobre as quais exercem poder, pondo em movimento uma reação em cadeia que afeta todos os aspectos da interação humana. 
A degradação do poder, por conseguinte, está a mudar o nosso mundo. Portanto, o objetivo deste artigo, parafraseando o pensador venezuelano MOISÉS NAÍM (2013), é tentar demonstrar essa afirmação – “O FIM DO PODER”...

12 de Junho de 2020.

Apenas uma opinião!

Sem comentários:

Enviar um comentário