segunda-feira, 21 de setembro de 2015

PRESIDENTE CABO-VERDIANO RENOVA APELO À "NORMALIDADE CONSTITUCIONAL" NA GUINÉ-BISSAU


O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, voltou hoje a manifestar preocupação com a "situação de instabilidade política" na Guiné-Bissau, renovando os apelos à ponderação dos "atores políticos" para que a "normalidade constitucional" regresse ao país.

"Preocupa-nos a situação de instabilidade política reinante na República da Guiné- Bissau e, a este respeito, apelamos à ponderação de todos os atores políticos envolvidos, por forma a assegurar que a tranquilidade social e a normalidade constitucional regressem ao país, para o bem do povo guineense", disse o chefe de Estado cabo-verdiano.

A Guiné-Bissau está sem Governo desde o dia 12 de agosto, quando o Presidente do país, José Mário Vaz, exonerou o executivo que era liderado por Domingos Simões Pereira. Pelo meio ainda nomeou Baciro Djá primeiro-ministro e este formou o seu Governo, mas o Supremo Tribunal de Justiça considerou esta nomeação inconstitucional por não respeitar os resultados das eleições.

Carlos Correia, de 84 anos, foi o nome indicado pelo PAIGC, partido vencedor das eleições, para chefiar o Governo e foi nomeado primeiro-ministro no dia 17 deste mês e agora tenta formar o seu executivo.

Jorge Carlos Fonseca falava hoje durante a cerimónia de apresentação de cartas credenciais do novo embaixador da França em Cabo Verde, o lusodescendente Olivier da Silva.

Sublinhando que Cabo Verde partilha com a França "os princípios da democracia constitucional, da resolução pacífica dos, diferendos e os princípios da segurança internacional", o presidente cabo-verdiano manifestou também "imensa preocupação" com o "recrudescimento da pirataria" no Golfo da Guiné.

"Seguimos com imensa preocupação o recrudescimento de atos de pirataria marítima, de terrorismo, de tráficos e de outras formas de criminalidade transnacional no corredor do Atlântico Sul, com particular incidência no Golfo da Guiné, área que desejamos isenta de todos esses males, e contra os quais haverá de se dar combate, e com determinação, sob pena de se protelar os projetos de desenvolvimento" em curso na costa oeste africana.

Jorge Carlos Fonseca sublinhou os "sólidos laços de amizade e de profícua cooperação" que unem os dois países, mas mostrou-se apreensivo por verificar "que a dinâmica da cooperação técnica se tem retraído nos últimos tempos, e de forma considerável", dando como "exemplos paradigmáticos" o encerramento do Instituto de Língua Francesa e a saída de França do grupo de parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde.

"Essa tendência decrescente do potencial do nosso relacionamento pode ser revertida, seguramente, com a promoção de encontros de trabalho e visitas mais frequentes entre dirigentes e governantes dos dois países. O incentivo à cooperação empresarial será, também, uma opção a considerar e a dinamizar", apelou.

O novo embaixador de França em Cabo Verde, Olivier da Silva - que discursou em português e francês - sublinhou a força da cooperação entre os dois países e elogiou Cabo Verde, afirmando tratar-se de um país "estável e democrático" com o qual é possível "um diálogo político permanente e de confiança".

"As 10 estrelas de Cabo Verde constituem para nós um país importante em termos políticos, económico, ambiental e estratégico, uma vez que existe uma história de amor entre os dois países", disse, garantindo que será "um mensageiro" da França junto de Cabo Verde e também de Cabo Verde junto da França.

Cabo Verde será o primeiro posto de Olivier da Silva, 52 anos, como embaixador.

Diplomado pelas câmaras de comércio espanhola e franco-britânica e com um percurso profissional dentro da administração pública ligado à economia e às finanças, passou como conselheiro pelas embaixadas da França em Bogotá (Colômbia), Brasília (Brasil), Londres (Reino Unido) ou Madrid (Espanha).

Lusa/Conosaba

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