domingo, 7 de dezembro de 2025

Autoridades do Benim dizem ter impedido Golpe de Estado contra Patrice Talon

Os militares anunciaram na estação pública BTV que iriam "destituir do cargo" o Presidente Patrice Talon, do Benim, a 7 de Dezembro de 2025. © Capture d'écran/BTV

Benim – Uma tentativa de golpe abalou o Benim quando militares anunciaram na televisão pública a destituição do Presidente Patrice Talon. Tiros foram ouvidos em Cotonou e helicópteros sobrevoaram zonas sensíveis. A presidência afirma que Talon está em segurança e que o exército regular retomou o controlo. O episódio expõe tensões internas num contexto político e regional já frágil.

Uma brusca irrupção de militares na televisão pública beninense, na manhã de domingo, 7 de Dezembro, mergulhou o país na incerteza. Apresentando-se como um "Comité Militar para a Refundação", os golpistas declararam ter "destituído das suas funções" o Presidente Patrice Talon, no poder desde 2016 e cujo mandato deveria terminar em Abril 2026. No entanto, nas horas que se seguiram, o círculo próximo do Chefe de Estado afirmou que o exército regular estava a retomar progressivamente o controlo da situação.

A mensagem difundida em directo pela estação pública BTV surpreendeu até nos meios de segurança. Rodeados de soldados armados, os oficiais insurgentes leram um comunicado em nome do tenente-coronel Pascal Tigri, que dizem colocar à frente de um "Comité da Refundação Militar". Segundo a declaração, o comité pretendia "restaurar a ordem nacional" e pôr termo ao que qualificam de "derivas institucionais", sem explicitar as motivações nem a extensão do apoio no seio das forças armadas.

Em nenhum momento, os golpistas reivindicaram o controlo de locais estratégicos. Testemunhas relatam uma intervenção limitada à sede da televisão pública, acessível sem necessidade de uma operação militar de grande escala.

Em Cotonou, a capital económica, a manhã foi marcada por movimentações pouco habituais em diversas zonas sensíveis. Tiros esporádicos foram ouvidos nas imediações do porto e nas proximidades da presidência. Helicópteros sobrevoaram também o bairro administrativo, segundo fontes locais.

A embaixada de França confirmou ter recebido relatos de "tiros" ouvidos perto da residência do Presidente Talon, situada perto do campo Guezo. De imediato, apelou aos cidadãos franceses para permanecerem em casa até nova ordem, recordando as medidas de segurança a adoptar em caso de distúrbios políticos.
Círculo presidencial garante que a situação está "sob controlo"

De acordo com responsáveis militares próximos do poder, o movimento estaria limitado a "um grupúsculo de pessoas que apenas conseguiu tomar a televisão por alguns instantes". A presidência assegura que Patrice Talon e a família estão em segurança, que as tentativas de cercar a residência oficial falharam e que as operações de contra-ataque permitiram securizar os principais pontos nevrálgicos da cidade.

Esta tarde, fontes de segurança indicaram que foram presos doze militares, entre os quais os autores da tentativa de golpe desta manhã.

Igualmente durante a tarde, a União africana condenou "firmemente e sem equívoco" a tentativa de golpe deste domingo no Benim e apelou "os militares a regressarem às casernas". Reagindo igualmente aos acontecimentos, a CEDEAO condenou "veementemente este movimento inconstitucional" e apelou para "o pleno respeito da Constituição do Benim".

Embora o Benim tenha sido poupado às vagas de golpes de Estado que abalaram vários países da África Ocidental nos últimos anos, a região continua marcada por uma fragilidade na segurança crescente, agravada por tensões políticas e desafios socioeconómicos.

O mandato de Patrice Talon, apesar de elogiado por certas reformas económicas, tem sido criticado, nomeadamente depois das eleições legislativas de 2019.

A poucos meses da transição prevista para Abril de 2026, o episódio deste domingo levanta questões sobre eventuais fracturas dentro do exército e sobre o clima político na aproximação ao fim do mandato presidencial.

Por: Lígia ANJOS
.rfi.fr/pt

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