sábado, 6 de dezembro de 2025

Analista guineense defende "presença efectiva" da CPLP e diz que CEDEAO "não faz nada"

Patrulha militar nas imediações do palácio presidencial em Bissau, uma das zonas onde se deram os disparos ouvidos no dia 26 de Novembro de 2025, dia em que o alto Comando Militar anunciou tomar o controlo da Guiné-Bissau. © AFP - PATRICK MEINHARDT

O analista guineense Lassana Cassama defendeu uma “presença efectiva” e “uma postura mais firme” da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na crise vigente da Guiné-Bissau desde que os militares assumiram o poder no passado dia 26 de Novembro.

Em entrevista telefónica concedida à agência Lusa, o analista considerou que “a CPLP deve ser mais presencial e firme”, ao sublinhar que "neste momento, quem está a dirigir a organização lusófona é o Presidente da República de Transição da Guiné-Bissau, o general Horta Inta-A", empossado na semana passada pelo Alto Comando Militar que anunciou ter derrubado o Presidente Umaro Sissoco Embaló e ter tomado o controlo do país a 26 de Novembro.

Este foi também um dos aspectos salientados hoje pelo chefe do governo português que ao confirmar a realização esta tarde de uma reunião extraordinária da CPLP em Lisboa, qualificou de "muito delicada" a situação da Guiné-Bissau e preconizou que o bloco lusófono salvaguarde o “funcionamento regular” dos seus Estados-membros.

Até ao momento, apesar de a União Africana e da própria CEDEAO terem suspenso a Guiné-Bissau, a CPLP não fez qualquer comentário, nem tomou posição sobre a situação vigente no país.

Algo que o analista Lasssana Cassama lamentou referindo que “a CPLP devia assumir uma postura o quanto antes possível”.

O analista guineense refere contudo que “a CPLP não assume esta responsabilidade, não só histórica, mas também cultural, deixa tudo com a CEDEAO que não faz nada em relação à Guiné-Bissau”.

Referindo-se precisamente ao desempenho da CEDEAO, Lassana Cassama considera que esta organização “não resolve nada", que os seus países-membros "têm interesse em relação à Guiné-Bissau" e que "quando acontece uma situação, cada um começa a jogar em função do seu interesse próprio dentro do país".

O analista mostra-se também muito céptico quanto às eventuais medidas a serem adoptadas na cimeira de chefes de Estado e do Governo da CEDEAO agendada para o dia 14 de Dezembro.

Para Lassana Cassama , a CEDEAO não “terá uma abordagem musculada” dado que o Presidente guineense deposto, Umaro Sissoco Embaló, “teve sempre o respaldo da CEDEAO e de muitos dos Presidentes dos Estados com peso determinante na organização”.

Por: RFI com Lusa

Sem comentários:

Enviar um comentário