quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Países africanos decidem romper parcial ou definitivamente relações militares com a França


Mahamat Idriss Déby, Presidente do Chade. © Ludovic Marin / AFP

Os chefes de Estados africanos durante as mensagens de fim de ano às respectivas nações decidiram pôr, parcial ou definitivamente, um termo à colaboração militar com a França.

O ano de 2025 começou sob a tonalidade do fim de certas colaborações militares entre países africanos e a França.

No Chade, o Presidente Mahamat Idriss Déby falou à nação na televisão estatal. Uma alocução após o país ter saído de três anos e meio de transição após a morte do pai, o então Presidente Idriss Déby.

O Chade tem uma nova Constituição e vai ter, em breve, uma nova Assembleia Nacional quando os resultados das eleições do passado domingo forem anunciados.

Foi o momento escolhido para o actual Presidente eleito Mahamat Idriss Déby abordar o futuro que passa pelo fim da colaboração militar com a França:

«No domínio da diplomacia, colocamos em primeiro lugar os interesses do Chade, mantendo-nos apegados à soberania do nosso país. Foi nesta perspectiva que decidi, após uma análise atenta da situação, romper definitivamente os acordos militares com a França. Esta decisão soberana vai trazer grandes desafios que teremos de enfrentar. Sei que seremos combatidos. Tenho plena consciência das consequências securitárias, económicas, diplomáticas e mediáticas que podem resultar desta decisão histórica», frisou o Presidente do Chade.

Recorde-se que após a transição, Mahamat Idriss Déby acabou por ser eleito Presidente do país a 23 de Maio de 2024.

Na Costa do Marfim, o Presidente Alassane Ouattara anunciou, no seu discurso à nação, que a base militar francesa de Abidjan ia ser devolvida aos marfinenses.

Num plano mais geral, o Presidente da Costa do Marfim admitiu que vai haver uma saída das forças francesas do território marfinense.

A base militar de Port-Bouët será agora renomeada de base Général Ouattara Thomas d'Aquin, o nome do primeiro Chefe do Estado-Maior das forças marfinenses.

De referir que, no entanto, a Costa do Marfim não vai romper as ligações que tem com a França, contrariamente aos três países do Sahel, Mali, Burkina Faso e Níger.

Cerca de 1 000 soldados chegaram a estar presentes na base militar de Abidjan, na capital da Costa do Marfim, para ajudar na luta contra o jihadismo na Região do Sahel.

Alassane Ouattara, Presidente da Costa do Marfim. © Présidence de la Côte d'Ivoire

No Senegal, o Presidente Bassirou Diomaye Faye afirmou que em 2025 será o “fim de todas as presenças militares estrangeiras” no território senegalês.

A 28 de Novembro, o Presidente do Senegal tinha anunciado que todas as bases militares francesas tinham de fechar em território nacional.

Desta vez, a 31 de Dezembro de 2024, Bassirou Diomaye Faye assegurou que essa transição será efectuada já em 2025.

O Presidente senegalês admitiu, no entanto, que “todos os amigos do Senegal serão tratados como parceiros estratégicos, enquadrados numa cooperação aberta, diversificada e descomplexada”, acrescentou o chefe de Estado.

Recorde-se que Bassirou Diomaye Faye foi eleito em Abril de 2024 com a promessa de dar novamente ao Senegal a sua soberania e acabar com a dependência aos países estrangeiros.

Bassirou Diomaye Faye, Presidente do Senegal. © REUTERS - Abdou Karim Ndoye


Por: Marco Martins
Conosaba/rfi.fr/pt

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