Em Cabo Verde, o governo está atento e preparado, caso venha a acontecer um eventual repatriamento de cabo-verdianos residentes ilegalmente nos Estados Unidos da América.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva disse que em Cabo Verde existe um programa nacional de acolhimento e integração de emigrantes retornados e em declarações à rádio pública cabo-verdiana garantiu que o país está preparado para lidar com possíveis deportações em massa dos Estados Unidos da América.
“Cabo Verde está e estará sempre preparado para receber os nossos compatriotas se eventualmente o repatriamento vier a verificar-se. Nós temos um programa nacional de acolhimento e integração de migrantes retornados que está em implementação. Cabo Verde recebe retornados não só dos Estados Unidos, mas também de alguns países europeus. A melhor solução é de facto estar organizado, preparado e ter um programa. O programa existe, está preparado para as contingências e o Governo estará a alocar recursos adicionais que forem necessários se eventualmente a situação se verificar em termos de quantidade”, garantiu o primeiro-ministro cabo-verdiano.
Ulisses Correia e Silva disse ainda que a diáspora cabo-verdiana nos EUA tem sido sempre valorizada e reconhecida pelos sucessivos governos norte-americanos e durante a primeira presidência de Donald Trump não houve grandes convulsões em relação aos cabo-verdianos, que segundo o os chefe do governo estão bem integrados nos Estados Unidos da América.
No seu primeiro mandato, Donald Trump relegou África para segundo plano, classificando os países africanos como "países de merda". Com Joe Biden, o continente reforçou os laços com os Estados Unidos, mas nada faz prever que a relação continue entre as prioridades de Washington, até porque a dialética de Trump transforma África num problema e não numa solução.
"Está claro que para a América, sobretudo. Donald Trump. África não é prioridade. A menos que aconteça alguma coisa extraordinária de África neste momento, a América de Trump pode voltar a fazer as cimeiras África, América ou América África, dependendo de quem quer falar. Se for para a América, há de ser sempre América, África, sobretudo se fôr o Donald Trump. Mas se for os africanos a serem a Cimeira África América. Isto é um aparte só para mostrar o nacionalismo americano de Donald Trump e este nacionalismo até bom para os americanos, porque mostra que América está em primeiro lugar e o bolso do cidadão que conta em primeiro lugar neste momento. Mas se não for isso, as cimeiras África América, se não trouxerem dinheiro para a América, Donald Trump não está disposto a gastar esse dinheiro", disse Calton Cadeado, em entrevista à RFI.
Também nos Açores, a região autónoma portuguesa, um possível cenário de deportação está a ser preparado. Muitos dos imigrantes portugueses nos Estados Unidos vêm deste arquipélago e o governo regional já tem também um plano em marcha:
"Não é o cenário previsível, mas estamos a preparar-nos para o pior", disse Paulo Estêvão, secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, em conferência de imprensa, na cidade da Horta, admitindo que possam vir a ser deportados "centenas" de imigrantes oriundos dos Açores, que estarão sem situação ilegal nos EUA.
Por: Odair Santos
Conosaba/rfi.fr/pt
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