segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Crônica da Luta: Quer queiramos quer não, Cabral é ideólogo eterno


"Nós somos povos africanos, ou um povo africano, lutando contra o colonialismo, mas não deixamos de ver a ligação que existe ente a luta antifascista e a luta anticolonialista”, Amilcar Cabral.
O ideólogo das independências da Guiné-Bissau e Cabo Verde, considerado “segundo maior líder mundial de todos os tempos “, homem “imortal” que inspirou o mundo em idades distintas, grande pensador “crítico” e progressista.
O lendário que abandonou vida luxuoso para se juntar aos irmãos que ainda que havia sofrido séculos sem luz verde, perante tratamentos desumanos metropolitano [trabalho forçado e imposto de capitação], ainda com “pior exploração “ de todo tempo “comercio negreiro “. Amilcar Cabral não lutou apenas para a independência da Guiné e Cabo Verde, mas pela liberdade não só de africanos, como também de próprio metrópole cujo povo na altura “padeciam da mesma liberdade “. Portugal por exemplo, que só começou a sentir a liberdade em 25 de Abril de 1974. Afinal, sem Independência das colónias, Portugal nunca conheceria “a liberdade “.
Amilcar Cabral é atual!
Na prática, Cabral promoveu o desenvolvimento da vida cultural do povo. Cabral encorajou não apenas um esforço militar mais intensificado contra os portugueses, mas um esforço educacional mais intensificado nas áreas libertadas da Guiné-Bissau. Mais uma vez, embora o movimento anticolonial e o processo educacional de descolonização do conhecimento sejam muitas vezes falsamente apresentados como distintos ou mesmo antagônicos, Cabral os conceituou como dialeticamente inter-relacionados:
“Criar escolas e difundir a educação em todas as áreas libertadas. Selecionar jovens entre 14 e 20 anos, aqueles que tenham completado pelo menos o quarto ano, para continuar sua formação. Opor sem violência todos os costumes preconceituosos, os aspetos negativos das crenças e tradições de nosso povo. Obrigue cada membro responsável e educado de nosso partido a trabalhar diariamente para o aprimoramento de sua formação cultural”, Amilcar Cabral.
Uma parte central do desenvolvimento dessa consciência revolucionária foi o processo de re-africanização. Não se tratava de um apelo ao passado, mas sim, de uma forma de recuperar a autodeterminação e construir um novo futuro no país.
“Opor-se entre os jovens, principalmente os maiores de 20 anos, a mania de deixar o país para estudar em outro lugar, a ambição cega de se formar, o complexo de inferioridade e a ideia equivocada que leva a crer que quem estuda ou faz os cursos se tornarão, assim, privilegiados em nosso país amanhã”, facto atual relatado a décadas pelo ideólogo e lenda mundial, Amilcar Cabral.
Cabral incentivou uma pedagogia de paciência e compreensão como a abordagem correta para conquistar e fortalecer o movimento.
Por isso Paulo Freire descreve Cabral como um daqueles “líderes que está sempre com o povo, ensinando e aprendendo mutuamente na luta de libertação”. Como pedagogo da revolução, para Freire, a “preocupação constante” de Cabral era a “paciente impaciência com que invariavelmente se entregava à formação política e ideológica dos militantes”.
Este compromisso com o desenvolvimento cultural do povo como parte de uma luta mais ampla pela libertação influenciou seu trabalho educacional nas zonas libertadas. Paulo Freire escreve que também informava “a ternura que demonstrava quando, antes de ir para a batalha, visitava as crianças nas escolinhas, compartilhando suas brincadeiras e sempre tendo a palavra certa para lhes dizer. Ele as chamava de ‘flores da nossa revolução’”.
Como pedagogo da revolução, Davidson se refere a Cabral como “um educador supremo no sentido mais amplo da palavra”.
A importância da educação foi elevada a novos patamares por Cabral a cada oportunidade. Portanto, fazia sentido para a Comissão de Educação da Guiné-Bissau recém-libertada convidar o maior especialista do mundo em abordagens descoloniais da educação, como Paulo Freire, para participar do desenvolvimento de seu sistema de educação.
Paulo Freire fazia parte de uma equipe do Instituto de Ação Cultural do Departamento de Educação do Conselho Mundial de Igrejas. Sua tarefa era ajudar a erradicar o resíduo colonial que restou como consequência de gerações de educação colonial destinadas a desafricanizar o povo. Assim como o modelo capitalista de educação terá que ser substituído ou severamente refeito, o modelo colonial de educação teve que ser desmontado e reconstruído novamente.
“A educação colonial herdada tinha como um dos seus principais objetivos a desafricanização dos nacionais. Foi discriminatório, medíocre e baseado no verbalismo. Não poderia contribuir em nada para a reconstrução nacional porque não foi constituída para este fim”, Paulo Freire citando Amilcar Cabral.
O modelo colonial de educação foi projetado para fomentar um sentimento de inferioridade na juventude. A educação colonial com resultados predeterminados busca dominar os alunos tratando-os como se fossem objetos passivos. Parte desse processo foi negar a história, cultura e línguas do povo. Da forma mais cínica e perversa, a escola colonial transmitia a mensagem de que a história dos colonizados realmente só começava “com a presença civilizadora dos colonizadores”.
Na preparação para a visita, Freire e sua equipe estudaram as obras de Cabral e aprenderam o máximo possível sobre o contexto. Refletindo sobre um pouco do que aprendeu com Cabral, apesar de nunca o ter conhecido, Freire diz o seguinte:
“Com Cabral, aprendi muitas coisas… Mas aprendi uma coisa que é necessária para o educador progressista e para o educador revolucionário. Eu faço uma distinção entre os dois: para mim, um educador progressista é aquele que trabalha na sociedade de classes burguesas como a nossa, cujo sonho vai além de apenas melhorar as escolas e o que precisa ser feito. E vai além porque o que [eles] sonham é a transformação radical de uma sociedade burguesa de classes em uma sociedade socialista. Para mim, este é um educador progressista. Considerando que um educador revolucionário, a meu ver, é aquele que já se encontra situado em um nível muito mais avançado, tanto social quanto historicamente, dentro de uma sociedade em processo ”.
Para Freire, Cabral foi certamente um educador revolucionário avançado. Rejeitando a predeterminação e o dogmatismo, a equipe de Freire não construiu planos de aula ou programas antes de ir para a Guiné-Bissau para serem impostos ao povo.
Ao chegar no país, Freire e seus colegas continuaram a ouvir e discutir o que aprenderam com as pessoas. Somente aprendendo sobre o trabalho educacional do governo revolucionário eles poderiam avaliá-lo e fazer recomendações. A orientação, isto é, não pode ser oferecida fora da realidade concreta do povo e de sua luta. Esse conhecimento não pode ser conhecido ou construído sem a participação ativa dos alunos como um coletivo.
Freire tinha consciência de que a educação que estava sendo criada não poderia ser feita “mecanicamente” e deveria ser formulada pelo “projeto da sociedade a ser criada”. Embora Cabral tenha sido assassinado, seus escritos e sua liderança ajudaram na criação de uma força com a clareza política necessária para conter a resistência emergente daqueles que ainda carregavam a velha ideologia.
Por meio deste processo, os líderes revolucionários encontrariam professores “capturados” pela velha ideologia que trabalhavam conscientemente para minar a nova prática descolonial. Outros, no entanto, também conscientes de que são capturados pela velha ideologia, ainda assim se esforçavam para se libertar dela. O trabalho de Cabral sobre a necessidade da classe média, incluindo os professores, cometer suicídio de classe, foi instrutivo. A classe média tinha duas opções: trair a revolução ou cometer suicídio de classe.
O trabalho para construir um sistema de educação reconstituído já estava em andamento durante a guerra nas zonas libertadas. O desafio pós-independência era melhorar tudo o que havia sido realizado em áreas que foram liberadas antes do fim da guerra. Nessas áreas libertadas, concluiu Freire, os trabalhadores, organizados através do partido, “tomaram nas mãos a questão da educação” e criaram “uma escola de trabalho, intimamente ligada à produção e dedicada à formação política dos educandos”.
Ao descrever a educação nas zonas libertadas, Freire afirma que ela “não só expressou o clima de solidariedade induzido pela própria luta, mas também o aprofundou. Encarnando a presença dramática da guerra, buscou o passado autêntico do povo e se ofereceu para o seu presente”.
Depois da guerra, o governo revolucionário decidiu não fechar as escolas coloniais restantes enquanto um novo sistema estava sendo criado. Em vez disso, eles “introduziram algumas reformas fundamentais capazes de acelerar as transformações radicais”. Por exemplo, os currículos que estavam saturados de ideologia colonialista foram substituídos. Os alunos, portanto, não aprenderiam mais a história da perspectiva dos colonizadores. A história da luta de libertação contada pelos ex-colonizados foi um acréscimo fundamental.
No entanto, uma educação revolucionária não se contenta em simplesmente substituir o conteúdo a ser consumido passivamente. Em vez disso, os alunos devem ter a oportunidade de refletir criticamente sobre seu próprio processo de pensamento em relação às novas ideias. Para Freire, esse é o caminho pelo qual os sujeitos passivos da doutrinação colonial começam a se tornar sujeitos mais ativos.
Freire e sua equipe procuraram “ver o que realmente estava acontecendo nas limitadas condições materiais que sabíamos que existiam”. O objetivo claro era, portanto, “descobrir o que poderia ser feito de melhor nessas condições e, se isso não fosse possível, pensar em formas de melhorar as próprias condições”.
O que Freire e sua equipe concluíram foi que “os alunos e trabalhadores estavam engajados em um esforço preponderantemente criativo”, apesar dos muitos desafios e poucos recursos materiais. Ao mesmo tempo, caracterizaram “os erros mais evidentes” que observaram como resultado da “impaciência de alguns dos professores que os levou a criar as palavras em vez de desafiar os alunos a fazê-lo por si próprios”.
O trabalho e a prática de Freire inspiraram o que se tornou um movimento pedagógico crítico mundial. Cabral é uma influência centralmente importante, embora em grande parte não reconhecida, desse movimento. No último livro escrito antes de sua morte, intitulado Cartas a quem ousa ensinar, a influência de Cabral sobre Freire parece ter permanecido central, pois ele insistiu que o livro era “importante para lutar contra as tradições coloniais que trazemos conosco”.
Amilcar Cabral sobre o Centralismo Democrático, Crítica e Autocrítica – estar atenta a forma que ideólogo abordou o sistema, compreende-se melhor o exercício do poder político em relação ao povo soberano.
De ponto de vista de Amilcar Cabral “Centralismo democrático quer dizer que o poder de decisão, de dar palavras de ordem, de estabelecer tantas – de dirigir – esta concentrado em órgãos ou entidades centrais, com funções bem definidas, mas que essas decisões, palavras de ordem, etc., devem ser tomadas democraticamente, com base nos interesses e na opinião dos representam das massas, com base no respeito pela opinião e pelos Interesses da maioria”.
Quer dizer que cada decisão relativa a um problema novo deve ser tomada depois de uma ampla e livre discussão por parte dos órgãos nela interessados ou da base ao topo, se se trata de assunto que interessa a toda a vida do país. Depois dessa discussão e de acordo com os dados dela resultantes, os órgãos centrais tomam uma decisão, a qual deve passar imediatamente a ser cumprida em os níveis a que interesse, sem mais discussões.
Centralismo, de acordo com Amilcar Cabral “o poder está concentrado em órgãos especiais e nenhum outro órgão ou indivíduo pode usar desse poder. Democrático porque a uso do poder por esses órgãos não depende apenas da vontade dos que mandam, mas baseia-se nos interesses e na opinião expressa pela maioria”.
Para praticar cada ver melhor o centralismo democrático devemos estar atentos às aspirações e à opinião das massas populares no que respeita a cada problema importante da nossa vida e a nossa luta, devemos fazer funcionar todos os organismos de base do Partido e todos órgãos dirigentes, devemos desenvolver a crítica e a autocrítica e prestigiar cada dia as responsáveis e dirigentes que cumprem o seu dever. O centralismo democrático é uma escola de disciplina, de respeito pela opinião dos outros, de democracia e de capacidade de levar à prática as decisões tomadas.
Comparativamente, podemos tomar o partido como estado na atualidade, desde há que em 1991, houve um conquista importante no âmbito da revisão Constitucional, de qual caiu-se o Artigo 4⁰ - de partido-estado para iniciação da democracia.
[…]
Fazer tudo para que os órgãos dirigentes do Partido passem a funcionar realmente, não na base de uma, duas ou três pessoas, mas de todos os seus membros, homens e mulheres. Direção coletiva quer dizer direção, mando ou comando feito por um grupo de pessoas e não uma só pessoa ou por algumas pessoas do grupo.
Para Cabral “dirigir coletivamente, em grupo, é estudar os problemas em conjunto, para encontrar a sua melhor solução, é tomar decisões em conjunto, é aproveitar a experiência a inteligência de cada um, de todos para melhor dirigir, mandar, comandar. Na direção coletiva, cada pessoa do grupo dirigente deve ter funções próprias, bem definidas e é responsável pela execução das decisões tomadas pelo grupo em relação às suas funções”.
“[…] Dirigir coletivamente é dar a cada dirigente a oportunidade de pensar e de agir, exigir que tome as responsabilidades da sua competência, que tenha iniciativa, que manifeste com determinação e liberdade a sua capacidade criadora, que sirva bem o trabalho da equipa, que é o produto de esforços e das contribuições de todos”.
[…]
Dirigir coletivamente é coordenar o pensamento e a ação dos que formam o grupo, para tirar deles o melhor rendimento no cumprimento das tarefas do grupo, dentro dos limites da sua competência e no quadro das atividades e dos interesses da organização.
Mas dirigir coletivamente não é nem pode ser, como alguns supõem, dar a todos e a cada um o direito de opinião e de iniciativas não controladas, criar a anarquia (falta de governo), a desordem, a contradição entre dirigentes, a discussão vazia, mania das reuniões sem resultados; nem tão pouco é dar largas à incompetência, à ignorância, ao atrevimento Intelectual, só para se fingir que todos mandam.
Quer queiramos quer não, Cabral é eterno!
“(…) Se é verdade que duas cabeças valem mais do que uma, temos de saber distinguir as cabeças e cada cabeça deve saber exatamente o que tem de lazer. No quadro da direção coletiva, devemos respeitar a opinião dos camaradas que têm mais experiência, aprender com a experiência desses camaradas que, por seu lado. devem ajudar os outros, os menos experientes, a aprender e a melhorar o seu trabalho”, assim Amilcar Cabral abordou a finalidade de servidor público que deve estar disponível às demandas da sociedade ou coletividade.
No quadro da direção coletiva para Amilcar Cabral há sempre um ou outro camarada que tem mais categoria como responsável do Partido e que, por isso, tem mais responsabilidade individual, mesmo se a responsabilidade das tarefas do grupo coubera todos os membros do grupo. Temos de prestigiar esses camaradas, ajudá-los a terem cada dia mais categoria, mas não permitir que açambarquem (tomem conta) o trabalho e a responsabilidade do grupo.
“[…] Devemos, por outro lado, lutar contra o espirito de comodismo, e desinteresse, o medo das responsabilidades, a tendência para concordar com tudo, para obedecer cegamente, sem pensar”.
No ponto de vista crítico de homem que viria morrer a 20 de janeiro de 1973, “(…) combater a espirito de régulo, de chefe tradicional, patrão ou de capataz entre os responsáveis. Mas combater também o espirito de vassalo, de súbdito ao serviço do chefe, de empregado zeloso, de criado ou de “boy”, entre os responsáveis e militantes. No quadro da direção coletiva, os órgãos superiores do Partido devem exigir aos que estão abaixo deles o cumprimento rigoroso do seu dever na base da colaboração consciente e construtiva”.
Cabral queria indicar que os órgãos menos elevados devem exigir aos mais elevados que deem tarefas concretas a cumprir, palavras de ordem claras e tomem decisões sobre os problemas da sua competência. Combater o espirito de grupo e de grupinhos, os círculos fechados, a mania do segredo entre algumas pessoas, as questões pessoais e a ambição do mando. A direção coletiva deve reforçar a capacidade de direção do Partido e criar condições concretas para valorizar os membros do Partido [Quadros Políticos].
[…]
Desenvolver o espírito da crítica entre os militantes e responsáveis. Dar a todos, em cada nível, a oportunidade de criticar, de dar a sua opinião sobre o trabalho e o comportamento ou a ação dos outros. Aceitar a crítica, donde quer que ela venha, como uma contribuição para melhorar o trabalho do Partido, como uma manifestação de interesse ativo pela vida interna da nossa organização.
Lembrar-se sempre que de análise crítica de Amilcar Cabral “criticar não é dizer mal nem fazer intrigas. Criticar é e deve ser o ato de exprimir uma opinião franca, aberta, diante dos interessados, com base nos factos e com espírito de justiça, para apreciar o pensamento e a ação dos outros, com o objetivo de melhorar esse pensamento e essa ação. Criticar é construir, ajudar a construir, fazer prova de interesse sincero pelo trabalho dos outros, pela melhoria desse trabalho”.
Com isto, o líder imortal e fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana (…) desenvolver o espirito da crítica entre os militantes e responsáveis. Dar a todos, em cada nível, a oportunidade de crítica, de dar a sua opinião sobre o trabalho e o comportamento ou a ação dos outros.
[…]
Combater severamente a má língua, a mania das intrigas, o “diz-que-diz”, as críticas injustas e sem fundamento, apontou Cabral que incentivara (…) Apreciar o pensamento e a ação de um camarada não é necessariamente dizer mal. Dizer bem, elogiar, encorajar, estimular – também é criticar. Sempre vigilantes contra as vaidades e orgulhos pessoais, devemos, no entanto, não poupar elogios a quem os merece.
Cabral queria que o homem e dirigente político guineense pudesse Elogiar com alegria, com franqueza, diante dos outros, todo aquele cujo pensamento e ação servem bem o progresso do País. “
(…) Devemos igualmente aplicar uma crítica justa, denunciar francamente, censurar, condenar e exigir a condenação de todos aqueles que praticam atos contrários ao progresso e aos interesses do Partido; combater cara a cara os erros e faltas, ajudar os outros a melhorar o seu trabalho”.
De seu modesto ponto de vista tirar lição de cada erro que cometemos ou que os outros cometem, para evitar cometer novos erros, para não cairmos nas asneiras em que os outros já caíram.
[…]
Criticar um camarada não quer dizer pôr-se contra o camarada, fazer um sacrifício em que o camarada é a vítima: é mostrar-lhe que estamos todos interessados no seu trabalho, que somos um e um só corpo, que os erros dele prejudicam a nós todos, e que estamos vigilantes, como amigos e camaradas, para ajudá-lo a vencer as suas deficiências e a contribuir cada vez mais para que o Partido seja cada vez melhor.
Desenvolver o princípio da crítica em todas as reuniões do Partido, em todos os Comitês e no seio das forças armadas. Na guerrilha ou no exército, depois de cada operação contra o inimigo, devemos apreciar os resultados dessa ação e o comportamento de cada combatente. Tirar todas as lições dessa ação para fazer novas e melhores ações. No ensino, na produção, na atividade comercial, na assistência —em todos os ramos da nossa vida e da nossa luta — devemos ser capazes de criticar e de aceitar as críticas.
Mas a crítica (prova de vontade dos outros de nos ajudar ou da nossa vontade de ajudar os outros) deve ser completada pela autocritica (prova da nossa própria vontade de nos ajudarmos a nós mesmos a melhorar o nosso pensamento e a nossa ação).
Desenvolver em todos os militantes, responsáveis e combatentes, o espírito de autocrítica: a capacidade de cada um fazer uma análise concreta do seu próprio trabalho, de distinguir nele o que está bem do que está mal, de reconhecer os seus próprios erros e de descobrir as causas e as consequências desses erros. Fazer uma autocrítica não é apenas dizer “sim, reconheço a minha falta, o meu erro e peço perdão”, ficando logo pronto para cometer novas faltas, novos erros.
Não é fingir-se arrependido do mal que fez, e ficar, no fundo, convencido de que os outros é que não o compreendem. Nem tampouco fazer autocrítica é fazer uma cerimônia para depois poder ficar com a consciência tranquila e continuar a cometer erros. Autocriticar-se não é pagar um responso ou uma bula, nem é fazer penitência.
[…] autocrítica cabalista cinge na fraqueza e camadaragem.
“A autocrítica é um ato de franqueza, de coragem, de camaradagem e de consciência das nossas responsabilidades, uma prova da nossa vontade de cumprir e de cumprir bem, uma manifestação da nossa determinação de ser cada dia melhor e dar uma melhor contribuição para o progresso do nosso Partido”, fica contemporânea de Amilcar Cabral
Para Amilcar Cabral “uma autocrítica sincera, não exige necessariamente uma absolvição: é um compromisso que fazemos com a nossa consciência para não cometermos mais erros; é aceitar as nossas responsabilidades diante dos outros e mobilizar todas as nossas capacidades para fazer mais e melhor”.
Cabral é eterno!
Mamandin Indjai

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