O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, afirmou esta quinta-feira, 21 de novembro de 2024, que apenas o diálogo poderá trazer soluções aos problemas do país e que não vai permitir “teatro” nem “desordem” na Guiné-Bissau, razão pela qual tem defendido o “diálogo” com todos os atores e políticos e forças vivas da nação, isso em reação a passeata que havia sido agendada por um grupo de partidos políticos e coligações eleitorais.
“Neste momento estou num processo de auscultação aos partidos políticos com representação parlamentar e outros partidos políticos e coligações já entregaram as listas de candidaturas no Supremo Tribunal de Justiça. O processo será extensivo às outras formações políticas extraparlamentares, mas legalmente constituídas e a todas as forças vivas da nação. O resultado que sair dessa auscultação…O país é de todos os guineenses, mas há regras”, disse.
Questionado à saída da reunião do conselho de ministros pela imprensa sobre a proibição das manifestações, Sissoco Embaló afirmou que as marchas são realizadas, se o ambiente justificar.
“Pedimos diálogo. As marchas e toda essa desordem não vão resolver nada. O teatro, a desordem e a posição de musculação. Não temos super homens na Guiné-Bissau, todos somos iguais perante a lei. Um republicano não desafia as leis de uma República. Não podemos copiar e transportar outras realidades para o nosso país. Se alguém quiser realizar uma passeata, é livre de o fazer, desde que o faça com a sua esposa, mas perturbar as pessoas nos bairros não vamos permitir”, vincou.
O Presidente da República nega que tenha sido o Partido dos Trabalhadores Guineenses entidade que convidou familiares dos novos soldados formados no Centro de Instrução Militar de Cumeré, a 30 quilómetros de Bissau, para cumprimentá-lo a ele e aos soldados e descreveu o gesto como “um ato de cidadania”.
“Recebi o mesmo gesto de cidadania e de solidariedade, quando os meus familiares que saíram do Senegal, Gabú e de outros cantos do país não puderam estar presentes no meu juramento da Bandeira como soldado. Foram visitar-me no aquartelamento onde estava, tiramos as fotos e comemos juntos. Todos que vieram do interior, vieram visitar os seus familiares e foram recebidos pelo Presidente da República”, esclareceu.
Confrontado com a situação de espancamento de dois jornalistas guineenses pelas forças de segurança, um da Rádio Sol Mansi, emissora Católica da Guiné-Bissau, e outro da Capital FM, emissora privada, Sissoco Embaló convidou as vítimas a recorrerem à justiça para fazer valer os seus direitos. Contudo, negou que tenha alguma responsabilidade neste incidente, apenas aconselhou os cidadãos a respeitarem as forças da ordem do país.
“Já instrui o ministro do Interior e da Ordem Pública a moderar a atuação dos seus homens e foi a mesma coisa que disse aos soldados que foram cumprimentar-me na Presidência, mas os cidadãos têm que cooperar também. A Guiné-Bissau é uma república, não devemos banalizá-la”, afirmou, lembrando que nunca foi tão sincero com Domingos Simões Pereira como na última auscultação aos partidos políticos de que pode ser o que é, mas ele [Umaro Sissoco Embaló] é o Presidente da República.
“Não precisava dizer ao Domingos Simões Pereira nem ao Braima Camará que o Presidente da República sou eu. Seria bom que todos os dirigentes políticos soubessem que Simões Pereira está onde está e que eles é que foram ter com ele”, alertou.
Relativamente às decisões que o Supremo Tribunal de Justiça tem tomado na Guiné-Bissau no decurso do processo das eleições legislativas que haviam sido agendadas para 24 de novembro, o chefe de Estado afirmou que “todas as decisões que o Supremo Tribunal de Justiça já tomou são inquestionáveis”, mesmo que se fossem contra a sua vontade, enquanto Presidente da República.
“É o que a comunidade internacional deveria ter feito, não ao contrário. Estou em permanentes contactos com os nossos interlocutores e parceiros internacionais, porque fazemos parte do concerto das nações. Vou informar-me melhor sobre os jornalistas espancados”, assegurou.
Segundo a Liga Guineense dos Direitos Humanos que cita fontes, Joana Cobdé Nhanca, Presidente do Movimento Social Democrático (MSD), Vicente Fernandes, líder do Partido da Convergência Democrática, José Carlos Cá, presidente da Comissão Política do PAIGC, num dos círculos eleitorais de Bissau, todos dirigentes políticos da Plataforma Inclusiva PAI-TERRA RANKA e dois seguranças afetados ao Baciro Djá, ex-Primeiro-ministro e Presidente em Exercício da Coligação Política Aliança Patriótica Inclusiva, API-Cabaz Garandi, terão sido detidos de forma “ilegal” e “abusivas” pelo atual regime.
Por: Filomeno Sambú
Conosaba/odemocratagb.
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