O primeiro-ministro guineense, Nuno Nabiam, afirmou hoje que quer ver reativado o princípio do passado que preconiza "Guiné e Cabo Verde, dois corpos um coração", ao referir-se à intenção dos dois países de avançarem com projetos de cooperação.
Em declarações a jornalistas, ladeado do primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Coreia e Silva, que se encontra em visita de trabalho à Guiné-Bissau, Nuno Nabiam defendeu que os dois países estão a dar sinais de pretenderem retomar "os velhos tempos" e ainda relançar a cooperação.
Nabiam destacou que os primeiros-ministros rubricaram hoje "três importantes acordos", nomeadamente nos domínios da diplomacia, ensino superior e novas tecnologias.
O primeiro-ministro guineense destacou também que o seu país tem potencial nos domínios da agricultura e pesca, daí que tem capacidade para produzir e exportar aqueles produtos para Cabo Verde, país que disse estar "num outro nível de desenvolvimento" nas áreas do ensino superior, pesca e energias renováveis.
O chefe do Governo de Cabo Verde enfatizou o facto de os dois países terem "laços de história, de sangue e de cultura forjados ao longo de séculos" para sublinhar que existem oportunidades para avançar com projetos de cooperação.
Ulisses Correia e Silva destacou a possibilidade de os países cooperarem na área do ensino superior, nomeadamente através de intercambio académico, científico e de investigação entre docentes e estudantes, no domínio da economia digital e energias renováveis.
O governante cabo-verdiano adiantou que brevemente a companhia aérea BestFly poderá começar a voar para a Guiné-Bissau, a partir da Praia, podendo também efetuar ligações para Portugal.
Ulisses Correia e Silva admitiu igualmente a possibilidade de haver uma ligação marítima entre Cabo Verde e a Guiné-Bissau para o transporte de produtos guineenses do mar, frutas e horticultura para abastecer o setor do turismo cabo-verdiano.
"A Guiné-Bissau tem um bom camarão, tem bom peixe. Portanto, é preciso fazer esses produtos chegarem ao mercado de Cabo Verde", observou o primeiro-ministro daquele país.
Questionado pela Lusa sobre o facto de os dois países terem rubricado acordos semelhantes no passado, mas que ainda não foram efetivados, Ulisses Correia e Silva disse ser sua intenção "passar das palavras aos atos" a partir da sua visita de trabalho à Guiné-Bissau.
O primeiro-ministro cabo-verdiano lembrou que só é primeiro-ministro a partir de 2016, que não poderá responder pelo passado, mas afirmou que agora pretende ver operacionalizada a comissão mista já no próximo ano.
Ulisses Correia e Silva chegou domingo a Bissau para uma visita de trabalho de 48 horas.
O chefe do Governo cabo-verdiano começou a visita com um encontro de cortesia com o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, seguindo depois para o Palácio do Governo.
Da sede do executivo guineense, o primeiro-ministro cabo-verdiano deslocou-se à Assembleia Nacional Popular para um encontro com o presidente do parlamento, Cipriano Cassamá.
Na agenda de hoje consta também uma visita à empresa que importa e distribui medicamentos na Guiné-Bissau, Saluspharma, e um jantar oficial oferecido por Nuno Gomes Nabiam.
Na terça-feira, último dia da deslocação, o primeiro-ministro cabo-verdiano começa o dia com uma visita a Escola Nacional da Administração, onde dará uma palestra sobre dedicada ao tema "Estabilidade e Desenvolvimento" e à Faculdade de Medicina, estando também previsto um encontro com a comunidade cabo-verdiana.
Ulisses Correia e Silva regressa na quarta-feira a Cabo Verde.
Conosaba/Lusa
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