A Secretária-executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para a África (CEA) afirma que o continente africano precisará de até 10,6 bilhões de dólares em aumentos inesperados nos gastos com saúde para impedir a propagação do vírus, enquanto, por outro lado, a perda de renda provavelmente levará à dívida insustentável.
Numa conferência de imprensa este final de semana em Addis AbebaVera Songwé diz ainda que a pandemia “será um duro golpe para as economias africanas”, adiantando que os países africanos exportadores de petróleo perderam até sexta-feira, 13, cerca de 65 bilhões dólares em receita, com os preços do petróleo a continuar a cair.
“A África pode perder metade do seu PIB, com um crescimento de 3,2% para cerca de 2% por várias razões, incluindo a ruptura das cadeias de suprimento globais”, disse a economista, acrescentando que a interconexão do continente para as economias afectadas da União Europeia, China e Estados Unidos têm repercussões.
“ A crise actual do novo coronavírus pode comprometer seriamente o crescimento da África”, alertou.
Por outro lado, sublinhou que o Covid-19 pode reduzir as exportações totais de petróleo da Nigéria em 2020 para entre 14 bilhões e 19 bilhões de dólares.
A CEA estima ainda que o Covid-19 possa causar uma queda nos ganhos de exportação da África em 101 bilhões de dólares em 2020.
“As remessas e o turismo também são afectados à medida que o vírus continua a se espalhar pelo mundo, resultando em menores fluxos de fuga de capital, um aperto nos mercados financeiros nacionais e uma desaceleração do investimento resultando em perda de empregos”, disse aquela responsável.
Dado que quase dois terços dos países africanos são importadores líquidos de alimentos básicos, existe ainda a preocupação de que a escassez afecte seriamente a disponibilidade e a segurança dos alimentos.
“Além disso, as consequências negativas piorarão se o Covid-19 se tornar uma epidemia na África. Além disso, a queda dos preços das ‘commodities’ pode resultar em pressões fiscais para as potências económicas africanas, como Nigéria, Argélia, Argélia, Egipto e Angola”, alertou.
A CEA sugere por isso que, os governos africanos revisem seus orçamentos para redefinir as prioridades de gastos, a fim de mitigar os impactos negativos esperados do Covid-19 em suas economias.
Guiné-Bissau
As autoridades da Guiné-Bissau anunciaram, no princípio desta tarde (17), o fecho parcial das fronteiras, a partir da próxima quarta-feira (18), como forma de prevenir a pandemia do coronavírus. A medida engloba igualmente o fecho parcial dos mercados do país
O número de países africanos afectados pela pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus, subiu para 29, ontem, com o surgimento de casos na Tanzânia, Somália e Benim
Os dois países Senegal e Guiné Conacri, que têm as linhas fronteiriças com a Guiné-Bissau, já relataram casos confirmados do Covid-19.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem agora quase 174 mil casos confirmados e mais de 6.500 mortes. Neste momento, a quantidade de contaminações e mortes é maior no resto do mundo do que na China, onde apareceu o surto em Dezembro.
Por: Nautaran Marcos Có/radiosolmansi com Conosaba do Porto
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