quarta-feira, 3 de junho de 2015

MARADONA, BLATTER E A GEOPOLÍTICA DA FIFA



Maradona sempre acusou e continua acusando os chefes da FIFA: 'A FIFA odeia o futebol e a transparência temos que recuperar o futebol de verdade.'

Para Diego Armando Maradona, é pouco provável que Joseph Blatter consiga concluir seu quinto mandato na FIFA, para o qual foi eleito recentemente. A opinião vem de alguém que prometeu enfrentar apaixonadamente a Cosa Nostra do futebol mundial, e que o vem fazendo há 25 anos.

Em 1990, após a derrota Argentina para a Alemanha na final da Copa do Mundo, o baixinho Diego, com seus 1,67 m de estatura, desafiou os 1,90 m de João Havelange, negando-lhe um aperto de mão diante de 800 milhões de telespectadores.

Um gesto inédito nesse mundo do futebol que recentemente entrava, em 1990, em sua fase de globalização. Mais que isso, foi uma atitude quase heróica.

Até então, nenhum jogador havia desafiado dessa maneira o poder da FIFA, que se agigantava cada vez mais, graças às transmissões televisivas, seus acordos comerciais com a Coca-Cola, com a Nike, seus negócios obscuros e sua convivência com os mais importantes chefes de Estado.

Neste fim de semana, Maradona voltou a atacar Havelange, como nos velhos tempos. Mas desta vez foi mais enfático ao falar de Joseph Blatter, o atual presidente e herdeiro político de Havelange.

Reeleito na sexta-feira passada (29/5), em meio a esse escândalo de corrupção sem precedentes, Blatter inicia seu novo mandato político fisicamente debilitado, segundo o ex-jogador.

Blatter está “muito velho”, e se aferra ao poder com uma teimosia própria de alguém que aparenta “não estar bem” psicologicamente, disparou Maradona, com seu estilo direto e um pouco indigesto para a etiqueta do futebol global.

Nas entrevistas divulgadas pela mídia argentina, Diego considerou que a Blatter terá dias difíceis, e que seu destino é incerto, pois o FBI provavelmente não o deixará em paz.

“Esse sujeito (Blatter) utilizou o futebol para fazer negócios, mas isso agora acabou, porque chegou o FBI, e o FBI não se dedica a investigar roubos de bicicletas, eles se metem quando há bilhões de dólares em jogo”, disse o ex-camisa 10 da Seleção Argentina, em debate com o jornalista uruguaio Víctor Hugo Morales, no qual concordaram que o mais provável é que as investigações continuem, e novas denúncias sejam reveladas.

“Joseph Blatter não vai aguentar (o mandato inteiro como presidente da FIFA), é impossível que se mantenha no poder tendo toda a Europa contra ele” sentenciou Morales.

Irreverente, o maior jogador argentino de todos os tempos declarou estar “pronto para entrar em campo”, em referência à sua batalha constante contra “os ladrões do futebol, como Blatter”, que controlam o esporte a nível planetário.

“É um absurdo que esse homem, esse ditador, possa permanecer” no comando da entidade até 2019, lamentou Diego, lembrando que as denúncias contra a entidade que ele comanda “são inaceitáveis em qualquer país democrático, e na ONU”.

“A FIFA odeia o futebol e a transparência… temos que recuperar o futebol de verdade” sintetizou o argentino, nascido na favela de Villa Fiorito, que fez campanha a favor do príncipe jordaniano Alí Bin Al-Hussein, derrotado por Blatter na semana passada. O “Pibe”, como é conhecido, prometeu que se algum dia fosse chamado para trabalhar na FIFA, seu trabalho consistiria em construir campos de futebol para crianças pobres, dando como exemplo o Haiti e regiões mais remotas do interior da Argentina.

Devido à sua guerra contra máfia que tomou conta da FIFA, Maradona tem sido excluído sistematicamente das grandes cerimônias, geralmente montadas com um típico mal gosto hollywoodiano. “Estou há quase 30 anos fazendo isso (denunciar a FIFA)… todos sabem, e no começo muitos não queriam acreditar” nas acusações.

cartamaior

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