ME DESFAÇO
Primeiro um AVC me encharcou de incapacidade
Depois uma luxação cervical me arrumou as pernas
Agora me levaram o tesão, a alegria, entrei em andropausa
E de mim António vendedor técnico tenho saudade
Saudade de meu carro onde diariamente voava
Para ver clientes e sentar.me com ele, almoçar,
Fui ao Minho Trás Montes Estremadura Alentejo e Algarve
Amava a minha profissão, excitava-me com bons projectos a executar
Criar bibliotecas, mediatecas, dando flores da cultura que tanto amava
Voei Madrid, Barcelona, Paris, Milão, e bebi cerveja de litro em copo
Num cidade bela onde aprendi a comer Ossebuk, Colónia terra de alfazema e odores a violinos nas ruas em concertos de deliciar
Me desfaço
Poeta já em decomposição, solitário colibri de porta fechada
Me desfaço sinto dia a dia que me esgoto em cada minuto
Sombras, ânsias, ouvindo música bem alto para os zumbidos não escutar
(ANTÓNIO LEITE DE MAGALHÃES-20/03/2014-SINTRA)
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