Duas travagens bruscas fizeram parar o País nas últimas semanas.
Acontecimentos registados em dois momentos distintos e na mesma estrada que leva aos quatro caminhos, nada fácil, para quem tem dúvidas do percurso a seguir.
Situação nova que impôs dificuldade de decisão entre militantes, tudo por causa das escolhas para liderar o Partido e sobretudo, logo a seguir, para Candidato Presidencial do PAIGC.
Neste entroncamento de quatro caminhos há dúvidas a esclarecer, é preciso transpor obstáculos, fazer uma escolha capaz de fintar os atrasos constantes verificados no desenvolvimento do País.
Temos que lidar com uma dificuldade crónica, a corrupção de sempre, é um dos obstáculos que persiste em gerir o Estado da Guiné-Bissau como uma empresa privada ou uma sociedade anónima, em que os resultados nunca são transparentes para o Povo.
Esta mentalidade corrupta não desiste, procura embarcar de novo nesta vaga de mudança para um novo rumo, custe o que custar, eles andam aí, tentam de novo e, infelizmente.
Numa primeira travagem brusca, fez o País parar expectante à espera do VIII Congresso do PAIGC que tardou, viciado em sucessivos adiamentos.
Quando terminou vimos que só lavaram apenas a cara da Sede do Partido, mas sem pintura nova no seu interior que ficou quase tudo na mesma.
Embora saibamos que a crise sendo profunda, não se pode mudar/resolver tudo ao mesmo tempo, porque nem tudo que é novo, é melhor.
Lembramos, no entanto, ao seu líder que quem promete, cumpre ou morre pela boca como um peixe de águas rasas!
Dá a sensação que o Presidente do PAIGC ainda não está apto a pisar o chão e a andar pelas próprias pernas, talvez por falta de maturidade motora e experiência emocional para lidar com a “neurose” do Partido. Na verdade, temos sentido uma timidez ou acanhamento desde a sua tomada de posse, pois, em casa velha não faltam baratas, tem de se habituar a “elas”.
Serão sintomas de cobranças difíceis, como reflexos das “negociações” para ganhar o congresso, que agora quase não se houve o Eng.º. Domingos Simões Pereira, na voz própria?
Bem, vamos dar tempo ao tempo, seguindo de perto este casamento com o poder político, mas não esqueça, quem casa quer casa arrumada a gosto, faça por isso, que começa bem.
Com este quadro político-partidário saído do VIII Congresso, percebemos porém, porque nunca mais vimos o líder na voz própria e afinada, cantando e rindo como um Chefe feliz, contente!
Perguntamos se ainda está sendo transportado às costas da “mãezinha” (hanta’Engº. Domingos Simões Pereira, bambudu hymda, n’ka fya-dê!?), não acredito, mas se assim for, alertamos para o seguinte, que a partir de uma certa idade na vida, aprendemos muito rapidamente por conta e risco (ba nhú fymkamdall na tchôm, pá sy pé kúztuma).
Há que usar a voz própria e andar com os pés bem firmes no chão, fazer a pega frontal do touro, segurar fortemente os cornos do animal, uma vez conseguindo, sentirá braços firmes a apoiar suas forças, até dominar e vencer todo este processo progressivamente, até a vitória final.
De outro modo, perderá o contacto com a realidade política em que está comprometida a sua promessa como novo Líder (a consciência colectiva que representa para os militantes do partido), e isso é o mesmo que atirar a toalha ao chão, pense nisso.
Na segunda travagem brusca que está a acontecer neste momento, o País parou novamente expectante e, à espera, desta vez do Candidato Presidencial do PAIGC, que por motivos de carácter judicial aguarda nova decisão do supremo Tribunal de Justiça, por suspeitas de comportamento ilícito, enquanto Ministro das Finanças do Governo deposto a 12 de Abril de 2012.
Será uma coincidência, penso que não! Pelos piores motivos ainda, as dúvidas em relação à transparência numa escolha do Partido, é muito mau e para qualquer força política. Para além de fragilizar uma escolha partidária, induz a ideia de culto de desonestidade e corrupção continuada.
Este símbolo parasita (corrupção) teima em não largar o País, porque continua colado às escolhas de liderança que se vão fazendo, mantém o mesmo padrão de comportamento como se o País fosse de meia dúzia de sócios gerentes e mais nenhum Guineense pudesse assumir o controlo do território nacional.
Porque é que preferimos fazer as escolhas, sempre pelo lado mais difícil?
Porque é que preferimos fingir não ver, em vez de encararmos com frontalidade a luta pelo progresso e desenvolvimento sustentado do País?
Porque é que não optamos pela escolha dum “treinador-inteligente”, preferindo a escolha afectiva dentro do partido. Pondo em risco a vitória nas eleições ou então o andamento rápido do Pais, rumo a bom porto?
Porquê os mesmos erros de sempre, alguém sabe?
Há que despachar esta nova etapa de luta política que se apresenta hoje ao País, eleições.
Preparar e executar da melhor maneira possível, deve ser a prioridade máxima neste momento.
Faz-me lembrar uma noiva indecisa diante de meia dúzia de pares de cuecas espalhadas em cima da cama, a ter de escolher umas para o casamento. Nisto, pergunta com cara de caso, “ó mãe, qual delas devo levar?”
A mãe irritada com a demora para a Igreja, responde prontamente: “que importa isso filha a uma hora destas, que ele vai-te “comer”, vai, portanto já vês…”, como quem diz, a escolha do individuo é mais importante do que a roupagem.
Aqui, sabendo que há grande probabilidade de ganhar as presidenciais (eleitorado do PAIGC), mas, como nunca é de menosprezar um rival a caminho da Presidência, i. é, falando de um Presidente para todos os Guineenses, temos todos os motivos nesta conjuntura para acertar na melhor escolha, na mais bem posicionada, um Presidente com visão, para o futuro próximo da Guiné-Bissau.
Então! Porque não optamos por uma escolha-inteligente, para o País andar mais depressa, a partir de Abril de 2014?
Temos uma oportunidade de ouro para sairmos desta crise da melhor maneira possível, usando o sentido de patriotismo, de transparência e da meritocracia. Uma vez conseguida iremos registar avanços a curto e médio prazo, para o arranque total deste comboio gigante rumo a bom porto, acredite!
Temos memória do passado e do presente duma política com pouca qualidade no País, e queremos, contudo, fazer despedida racional dos seus aspectos menos bons, travar o seu efeito contagiante na governação, eliminando os seus “tentáculos” e seguir em frente, só.
Os maus políticos devem ser afastados, queremos uma roupagem limpa e transparente, evitar a mediocridade no poder, só.
Basta de políticos corruptos, gente que é capaz de tomar banho com água choca dos porcos por exemplo e, a seguir vestir roupa limpa, para enganar ou disfarçar a sujidade do corpo e da alma (nô tené “pulytykus” ky kam’porta laba kurpu ku hyágu-dy-purku, hy-kumssa bysty rôpa lympu-púz, pa say hyamda mutrumdady-som!), mas basta!
Hoje sabemos que nem tudo que é novo significa ser o melhor, e nem tudo que é “velho” significa ser o pior, há que selecionar nos dois extremos e escolher, de facto, o melhor (temos por onde escolher, graças a Deus).
Disse um poeta anónimo: “os velhos sabem e não podem, os novos podem, mas não sabem”, que fazer? Deixando a ideia da necessidade dum intercâmbio de experiências
entre os dois extremos, cruzando sabedorias e aprendizagens, para retirarmos o melhor fruto do conhecimento existente.
Pois somos obrigados a saber fazer isto bem, e ainda, mais do que “obrigados a ganhar as eleições” por ser maioria possível, visto que logo a seguir, convém lembrar aos líderes que o País precisará de todos!
Guineenses, Unamo-nos, evitando mais uma vez o falhanço, evitando ver o nosso País adoptado por economias mais fortes e organizadas (suma fydjus dy kyryasom).
Viva o Povo da Guiné-Bissau.
Djarama. Filomeno Pina.
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