A imagem dos oficiais militares da Guiné-Bissau foi sempre associada à má imagem que o país projeta desde a independência do jugo colonial em 1974.
Os militares sempre foram tidos como principais responsáveis pelos assassinatos recorrentes, instalando uma instabilidade crónica no país.
Essa postura dos militares guineenses criou um mal-estar entre as Forças Armadas do país e a população guineense em geral, gerando um clima de medo, intimidação e de muita desconfiança.
Quase não falam a mesma língua. A imagem dos militares piorou ainda mais no plano internacional quando vários oficiais foram acusados de tráfico de droga que passa no país para a Europa.
Um deles é o atual Chefe de Estado Maior da Força Aérea da Guiné-Bissau, o general Ibraima Camará, mais conhecido como Papa Camará, que recentemente lançou músicas em Bissau. Temas que já que são um sucesso radiofónico.
Apelos à união e reflexão
O general afirma que através da música consegue fazer passar a mensagem da união entre os povos contra calúnias.
Papa Camará refere-se ao facto de ser acusado pelos Estados Unidos de América de ser um dos barões da droga na Guiné-Bissau. "Fiz esta interligação para justamente contar a verdadeira história do país. Na música não fiz só apelos a paz e a reconciliação nacional, como também tentei mostrar que poderíamos ser úteis se nos unísssemos", conta.
As duas músicas de apresentação divulgadas em Bissau falam do amor que deve prevalecer na sociedade guineense. O general Papa Camara faz apelos à paz e à reconciliação nacional.
O chefe de Estado Maior da Força Aérea, que se formou na antiga União Soviética em aviação militar, pretende dedicar-se à música quando se reformar.
Músico na lista negra dos EUA
O general pretende mudar a imagem dos militares guineenses através da música. "Apesar das pessoas afirmarem que as minhas músicas têm boa melodia, para ser um bom cantor não me interessa essa melodia, mas sim o conteúdo que lanço nessa música, não só para o meu país, mas para África em geral, para procurar a raiz dos problemas", explica.
Papa Camará é, desde 2010, uma das duas altas figuras militares da Guiné-Bissau apontadas como estando envolvidas no narcotráfico num documento do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos da América.
A ação judicial emitida pelo Tesouro norte-americano proíbe também quaisquer ligações comerciais ou financeiras de cidadãos norte-americanos com Papa Camará e Bubo Natchuto, ex-chefe da Marinha da Guiné-Bissau, já detido nos Estados Unidos, e congela activos que estes possam deter em território americano.
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