quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Justiça guineense quer ouvir ex-PM Aristides Gomes sobre dois processos que advogados desconhecem – defesa


A justiça guineense quer ouvir o ex-primeiro-ministro Aristides Gomes em dois processos-crime que os advogados dizem desconhecer e repudiaram o facto de o político ser alvo de um mandado de detenção, disse hoje à Lusa fonte de defesa.

Segundo a fonte, o Ministério Público emitiu, no passado dia 18, um mandado de "detenção imediata" para que Aristides Gomes fosse conduzido à justiça para responder sobre um processo-crime por corrupção.

Em causa, disse a fonte de defesa do político, está um processo ligado ao alegado desvio do Fundo Florestal, taxa paga pelos madeireiros, em que o Ministério Público alega que Aristides Gomes se apoderou de uma verba não especificada e um outro concernente ao envio de 50 mil euros para a sua família em França.

"Este alegado processo de envio de dinheiro para a família dele até conhecíamos e pensávamos que já tinha sido esclarecido de forma cabal, pois tratou-se de dinheiro pessoal que ele mandou para os filhos em França", declarou a fonte da defesa de Aristides Gomes.

Os advogados de Aristides Gomes contestaram na justiça a acusação do Ministério Público em como teria sido utilizado dinheiro público na transferência que fez para a sua família em França.

A fonte da defesa do ex-primeiro-ministro explicou à Lusa que desconhecem "de todo" a acusação sobre alegado desvio de fundos ligados à floresta.

"Isto do Fundo Florestal é que é mesmo novo para nós. Desconhecemos de todo este suposto processo", observou a fonte, que disse estranhar ainda todo o procedimento do Ministério Público e do Ministério do Interior na tentativa de detenção de Aristides Gomes na passada sexta-feira.

As forças de ordem invadiram na sexta-feira a sala onde decorria o congresso do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) para deter Aristides Gomes, que foi retirado do espaço. O antigo primeiro-ministro, segundo fontes partidárias, foi colocado "em segurança".

A defesa estranha o facto de o mesmo mandado sobre dois processos distintos ter sido assinado por três magistrados de instâncias diferentes, um do Tribunal de Relação e dois da Vara Crime do Tribunal Regional de Bissau.

Os advogados questionam ainda o facto de a polícia ter aceitado tentar deter Aristides Gomes "para lá da hora normal de expediente, sem ser em flagrante delito e encapuzados".

"Não há outra terminologia para esta diligência que não seja tentativa de sequestro", observou a fonte da defesa de Aristides Gomes, que promete atacar na justiça a pretensão do Ministério Publico, que considera de ilegal.

Aristides Gomes esteve cerca de um ano refugiado nas Nações Unidas, em Bissau, depois de ter sido demitido de funções pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, em fevereiro de 2020, acabando por sair do país em fevereiro de 2021, num avião daquela organização internacional.

Conosaba/Lusa

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