PAIGC antecipou-se à CNE e anunciou que resultados já apurados são "encorajadores" para o partido e para o seu candidato presidencial
Logo após o fecho das urnas no domingo, as eleições gerais na Guiné-Bissau foram saudadas como um passo importante dado com toda a confiança pelos 775 mil eleitores para que o país realize de uma vez o arranque democrático, dois anos depois do golpe militar que desfez as ilusões de autodeterminação da população guineense.
Os mais de 400 observadores internacionais registaram eleições livres, justas, transparentes e participadas - a taxa de participação pode ultrapassar os 70%, a maior de sempre na história do país, segundo informou o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Augusto Mendes. Já José Ramos-Horta, representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau, falou mesmo de um valor de 80%. Joaquim Chissano, o chefe da União Africana, a maior delegação entre os parceiros internacionais, disse ontem à Renascença que deixava o país "aliviado e encorajado, com um sentido de responsabilidade para o futuro. Os guineenses já mostraram a sua vontade de mudar. Não só uma mudança de liderança, mas de maneira de viver".
Os resultados devem começar a ser divulgados hoje, mas entretanto a principal formação política do país, o PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) - cujo governo foi derrubado no golpe de Estado de Abril de 2012, entre a primeira e a segunda volta das presidenciais - veio já congratular- -se, anunciando que os dados apurados são "bastante encorajadores" para o partido e para o seu candidato, José Mário Vaz.
A conferência de imprensa em que o porta-voz do partido, João Bernardo Vieira, fez o anúncio causou alguma perplexidade junto da comunicação social local, uma vez que a lei guineense obriga a que seja a CNE a divulgar resultados e Augusto Mendes disse no domingo que os resultados definitivos só seriam conhecidos no prazo de uma semana.
Desde a independência, em 1974, o mais instável dos países de língua portuguesa nunca teve um presidente que conseguisse completar o seu mandato. Golpes, contragolpes e até homicídios levaram o país a uma grande instabilidade política, com impacto também na sua economia.
O plebiscito deste domingo marca um esforço renovado de impor a democracia, graças ainda a uma forte pressão internacional, ao isolamento das autoridades pós--golpe e às dificuldades financeiras num país em que as Forças Armadas são o principal foco de desestabilização.
http://www.ionline.pt/artigos/mundo/guin-bissau-aguarda-resultados-das-eleies-teme-reac-exrcito
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